Mulheres em cargo de gerência ganham igual aos homens pela primeira vez, aponta Mercer

13 de dezembro de 2023
Getty Images

A partir deste mês, empresas deverão prestar contas sobre igualdade salarial

Mulheres recém-admitidas em cargos de gerência estão, pela primeira vez, com o salário equiparado ao dos homens. É o que mostra a Pesquisa de Remuneração Total da consultoria global Mercer deste ano, que analisou dados de mais de 1 mil organizações, que envolvem mais de 1 milhão de pessoas e 6 mil cargos. Rafael Ricarte, líder de carreira na Mercer, sugere que isso pode estar relacionado “às estratégias de diversidade e inclusão em que as empresas no Brasil estão investindo nos últimos anos”.

No entanto, a pesquisa apontou ainda que 3 em cada 10 executivos no Brasil hoje são mulheres, as quais têm uma remuneração média 20% menor do que seus colegas homens. Nos demais níveis de hierarquia, como analistas, especialistas e técnicos, a diferença salarial é de 11%.

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Em relação à diversidade, levantamento recente também da Mercer mostra que 35% das empresas no Brasil ainda não têm nenhuma ação específica para abordar a equidade de gênero e o gap salarial entre homens e mulheres. E apenas 15% implementaram totalmente ações e políticas em relação ao tema.

Isso apesar de uma nova lei que determina que, a partir deste mês, empregadores prestem contas sobre a igualdade salarial. Anunciada no Dia Internacional da Mulher, estabelece uma multa de 10 vezes o valor do novo salário devido pelo empregador, e pode ser elevada ao dobro no caso de reincidência.

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A atualização da legislação – que já previa que o mesmo salário fosse dado para funcionários que exercem as mesmas funções – é um avanço importante para combater a disparidade salarial entre homens e mulheres, avalia Ricarte. “No entanto, a verdadeira promoção da igualdade salarial requer medidas adicionais, como transparência salarial, eliminação de vieses inconscientes, promoção da diversidade e inclusão, monitoramento de dados e engajamento da sociedade.”

Outras tendências de trabalho e remuneração

O levantamento sobre remuneração da Mercer traz outras análises sobre o mercado e tendências para o próximo ano. A previsão de aumento, segundo Ricarte, está em linha com a expectativa de inflação, 4,3%. “Setores em crescimento, como tecnologia e saúde, podem oferecer melhores oportunidades salariais, enquanto setores afetados pela pandemia e ainda em recuperação, como turismo e varejo, podem enfrentar dificuldades em oferecer aumentos significativos.”

De acordo com a pesquisa, 77% das empresas estão ajustando a remuneração para responder ao ambiente inflacionário, mas com abordagens diferentes. Algumas (29%) vão oferecer aumento baseado no custo de vida para todos os funcionários; 27% vão aumentar o bônus e não a remuneração fixa e 13% vão ampliar benefícios para evitar o aumento salarial.

Benefícios

Em relação aos benefícios, 68% das empresas fizeram alguma mudança no pacote no último ano.
55% disponibilizaram benefícios voltados à saúde e ao bem-estar;
50% redesenharam o plano de assistência médica;
16% implantaram telemedicina.

Retorno ao presencial

Quase 60% das empresas disseram que trabalhadores de outras localidades terão de voltar ao escritório. Isso sugere que devemos ver uma ampliação do trabalho presencial em 2024. “E os preços de moradia nas principais cidades já começaram a refletir essa nova realidade.”

Gerações

A pesquisa mostra que a geração X (profissionais que nasceram entre 1965 e 1980) teve queda de 7% no salário em relação a 2022. Já a geração Y (nascidos por volta de 1980 e 1995) teve um aumento de 3% e dobrou sua participação no nível executivo nesse mesmo período, o que significa que está galgando posições de liderança.

Contratações

Enquanto brasileiros são buscados para trabalhar para empresas estrangeiras, companhias locais também têm contratado profissionais de fora. “A contratação de talentos internacionais pode ajudar as empresas a expandir seus negócios globalmente”, diz Ricarte, mas também apresenta desafios, como questões de imigração e adaptação cultural.

O Brasil está no top cinco entre os países com mais profissionais contratados globalmente, segundo a plataforma de contratação Deel. O que pode “trazer competitividade e transferência de conhecimentos. Porém, também pode resultar na perda de talentos.”