Com cinco centros em São Paulo e Curitiba, a empresa, que atende nomes como AstraZeneca, Santander e Bosch no desenvolvimento de projetos de inovação e conexão com startups, fechou seus espaços físicos temporariamente por conta da pandemia no início de março e, em duas semanas, retomou suas atividades de forma remota.
“Apesar de termos nascido e sermos baseados em hubs físicos, já vínhamos fazendo uma migração importante para o digital e criando uma comunidade em um ambiente virtual. Não prevíamos lançar [o ambiente digital] agora, mas entendemos que existia uma oportunidade e que era um bom momento para acelerar”, explica.
ESCALABILIDADE
Para ilustrar as mudanças em curso e a relevância de centros como a Distrito, Gierun comenta que hubs de inovação se diferenciam de coworkings pelos serviços ofertados e pelo tipo de relação que existe entre as empresas e pessoas que atuam no espaço. Ele define um coworking como um ambiente de trabalho compartilhado, em que as pessoas não necessariamente se ajudam ou fazem negócios entre si – e estes são pontos que os hubs buscam endereçar.
A operação remota dos hubs tem funcionado bem para as grandes empresas que estão aumentando a quantidade de desafios para continuar inovando na crise, quanto para as próprias startups, que agora podem se juntar ao ecossistema da Distrito através de um produto recém-lançado de residência virtual.
Aceitar novos residentes através da plataforma online também tem sido importante para mitigar os efeitos da crise: “A quantidade de startups que cancelou o vínculo conosco é muito inferior à quantidade de startups que começou a se relacionar conosco por meio deste novo ambiente digital”, ressalta.
O modelo virtual resolve as limitações dos hubs físicos e dá escalabilidade para a Distrito atender quantas startups conseguir, segundo Gierun. Além disso, permite que jovens empresas de fora das grandes capitais consigam participar das atividades coordenadas pela rede: “[A operação remota] trabalha muito mais a favor do ecossistema e é independente do local em que a startup nasceu ou está se desenvolvendo”, argumenta Gierun, acrescentando que o modelo também contribui para a reputação nacional do hub de inovação.
RESILIÊNCIA
Apesar de o trabalho presencial ser um ingrediente importante dos processos de inovação, Gierun observa mudanças significativas na maneira em como estes projetos acontecem, bem como na dinâmica das comunidades envolvidas nestes tipos de iniciativa.
“A proximidade física é muito importante para o ser humano para gerar confiança e fazer negócios, mas acho que a pandemia está transformando comportamentos: ainda não sabemos se isso será duradouro, mas certamente vários resquícios do impacto dessa nova cultura sobreviverão por um bom tempo, ou para sempre”, avalia.
Porém, o empreendedor acredita que o ecossistema se adaptou muito rápido a este novo modelo de relacionamentos, e que a tecnologia tem ajudado a superar as barreiras do distanciamento físico: “Nem todos estão atualmente focados em fazer negócios, mas boa parte das empresas já busca interagir novamente e criar valor em conjunto”, constata, citando exemplos como a HDI Seguros, que tem um desafio em andamento com a Distrito com o objetivo de encontrar formas inovadoras de melhorar a vida dos corretores.
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Apesar de ainda ser difícil ter uma percepção clara da extensão e profundidade dos efeitos da crise, Gierun acredita que entre os aprendizados da crise está um maior uso da internet para promover a inclusão, bem como um investimento continuado em tecnologia por parte de empresas.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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