“Embora fosse uma atividade rentável, eu estava cansado do dia a dia e não via exatamente um propósito nesse tipo trabalho. Por outro lado, tinha vários amigos, todos bem formados, inteligentes e com ótimos empregos, mas péssimos investidores”, conta. O caminho natural foi unir o útil ao agradável. “Mas, antes de fazer qualquer coisa, eu, que tinha acabado me tornando um investidor institucional, precisei me voltar outra vez para o varejo. Foi aí que constatei que pouca coisa tinha mudado em uma década.”
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Ao olhar para o mercado externo, Catão deparou-se com a fintech norte-americana Robinhood. Batizada em referência ao personagem que roubava dos ricos para dar aos pobres, a empresa é dona do aplicativo mais popular entre os millennials que investem em ações nos Estados Unidos. Sem cobrar taxas, conta com 4 milhões de usuários e já captou, desde a sua fundação, em 2013, mais de US$ 500 milhões. Segundo matéria da Forbes de 16 de abril, apesar da pandemia, a empresa está em vias de uma nova captação de US$ 250 milhões. Se isso de fato se concretizar, pode levar sua avaliação a US$ 8 bilhões. “Além de abolir as taxas de corretagem, eles também oferecem alternativas freemium [modelo de negócio em que um produto ou serviço é oferecido gratuitamente, mas existem alternativas mais completas que são cobradas] e têm um design que aumenta muito a usabilidade e facilita a experiência”, diz.
Para a empreitada, Catão convidou o amigo de infância Marcelo Zuppardo, especialista em marketing, e Tom Bernardes, expert em tecnologia. Juntos, eles começaram a desbravar as complexas práticas regulatórias do setor, as necessidades tecnológicas e a construção da marca. No primeiro caso, contaram com a ajuda dos principais escritórios de advocacia do país. No segundo, para cortar caminho – em termos de tempo e dinheiro – optaram por usar a infraestrutura da corretora Ideal CTVM, que, por ter sido lançada recentemente, opera com tecnologia de ponta, na nuvem.
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Por enquanto, o aplicativo, que está na Apple Store e Google Play, oferece dados em tempo real dos indicadores financeiros para acompanhamento. Nas próximas semanas, entrará em operação a gestão de carteira. “A ideia é ir acrescentando funcionalidades aos poucos e acompanhando a reação dos usuários.”
Para viabilizar a Guru, os cofundadores contaram, no primeiro momento, com o financiamento de um grupo de 36 amigos e familiares. Os cofundadores não revelam o valor captado, mas dizem que, a partir de agora, nesse quesito, a referência é o modelo dos bancos digitais europeus, representado por players como os britânicos Revolut e Monzo e o alemão N26 (em vias de desembarcar no Brasil), que sempre se apoiaram em operações de crowdfunding para levantar capital. A operação está sendo estruturada em uma das plataformas de mercado e deve ser lançada em breve. “É aqui que entra o poder da comunidade. Acreditamos que a pessoa que vai investir com a gente tem perfil também para investir em nós”, diz Catão. “Esse nível de participação cria engajamento e acaba formando uma rede. O que queremos, no fundo, é ser um mecanismo mais prático, mais barato e que incentive as pessoas a investirem.”
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A meta dos cofundadores da Guru passa por um market share de 5% até 2024, numa projeção feita sobre a conjuntura atual que prevê R$ 190 milhões em receita por ano até lá. Mas tudo pode mudar, principalmente se houver uma alteração cultural no comportamento dos brasileiros em relação aos seus investimentos. Embora o número de investidores na bolsa tenha dobrado em 2019 na comparação com 2018, eles são apenas 0,5% da população total do país. O que significa que o potencial a ser explorado é até difícil de mensurar.
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