O Will é a evolução da Pag!, fintech cofundada em 2017 por Felipe Félix, Giovanni Piana e Walter Piana como subsidiária da Avista, administradora de cartões de crédito com foco em redes de lojas e consumidores de menor poder aquisitivo. As empresas agora são separadas e a Avista está no processo de se tornar Will Financeira, processo que ainda requer a aprovação no Banco Central. Com R$ 2,7 bilhões transacionados em 2019 e 1,4 milhão de cartões emitidos, a base de clientes da Pag! está concentrada em estados nordestinos e em cidades pequenas da região.
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Os três empreendedores à frente do Will são de fora dos grandes centros do Sudeste: Félix é paraibano e os Piana são capixabas. A atuação geográfica fora do eixo Rio-São Paulo da empresa, bem como a ênfase em um perfil socioeconômico menos favorecido, estão entre os principais diferenciais da recém-rebatizada fintech, segundo Félix: “Estamos conseguindo entrar em um mercado que outros bancos digitais não conseguem acessar”, diz o fundador, em entrevista à Forbes.
Segundo o empreendedor, existem duas razões pelas quais empresas do setor “não chegam” neste público: para os bancos incumbentes, cujas estruturas são muito caras, clientes de menor poder aquisitivo não são tão interessantes. Quando o assunto são os maiores bancos digitais, trata-se de uma questão de foco.
A experiência da empresa-mãe do Will, a Avista, foi incorporada no motor de decisão de crédito da fintech. Segundo Félix, isso inclui boas práticas em termos de análise de dados, além do que o empreendedor define como “fontes de informação não-convencionais”, como bases de dados não-estruturadas de parceiros como a Transunion.
O combate a possíveis vieses nos algoritmos que a empresa utiliza para tomar suas decisões é uma discussão recente, mas que está no radar da liderança, diz o fundador. “Não utilizamos aprendizado de máquina [machine learning] e conseguimos rastrear nosso modelo de tomada de decisão: nosso motor de crédito não é uma caixa preta”, diz. “Não usamos nenhuma informação que resulte em um viés social ou racial dentro do nosso modelo e os clientes são aprovados com uma distribuição geográfica e demográfica.” Segundo Félix, a empresa também busca enfatizar a diversidade de seus times, à medida que o tamanho do banco digital aumenta: a expectativa é ter cerca de 800 colaboradores até o final de 2021.
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Comentando sobre as nuances da inclusão financeira no Brasil, Félix defende o ponto de que o processo precisa ir além da digitalização e endereçar certos problemas da noção tradicional dos atores deste setor de que consumidores precisam entender as complexidades de produtos como investimento.
“Nosso objetivo é traduzir serviços financeiros, que continuam complexos, em produtos mais acessíveis, transparentes e simples”, aponta, acrescentando que cerca de 40% da base que a Pag! construiu nos últimos três anos é de pessoas desbancarizadas, enquanto 25% tem contas básicas no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal.
E continua: “O que tem sido feito, principalmente do lado de investimentos, é pegar exatamente as ofertas e os produtos disponíveis no mercado financeiro e colocar numa plataforma digital. Isso atende quem sabe o que é o CDI, LCA, LCI, CDB etc, mas impede que muitas outras tomem uma decisão consciente. O mercado financeiro tem um papel importantíssimo de traduzir e entregar produtos mais simples para o cliente, e a gente não via ninguém fazendo isso quando pensamos o Will.”
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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