Pandemia faz 87,5% das empresas no Brasil acelerarem projetos de transformação digital

18 de novembro de 2020
Nensuria/Getty Images

A pesquisa analisou mais de 200 empresas com mais de 250 funcionários e baseou-se na seguinte pergunta: “As empresas nacionais estão preparadas para esse novo cenário do mercado de trabalho?”

O ano de 2020 mostrou que o desenvolvimento sólido da tecnologia, até então visto como um diferencial no mercado brasileiro, é condição básica para se manter competitivo. Segundo o Índice de Transformação Digital da Dell Technologies 2020 (DT Index 2020), cerca de 87,5% das empresas instaladas no Brasil realizaram alguma iniciativa voltada à transformação digital neste ano. O número ficou acima da média mundial, de 80%.

Diego Puerta, líder da Dell Technologies Brasil, apresentou os dados da pesquisa bienal em uma coletiva de imprensa na tarde de ontem (17). O levantamento contou com a análise de mais de 200 empresas com mais de 250 funcionários e baseou-se na seguinte pergunta: “As empresas nacionais estão preparadas para esse novo cenário do mercado de trabalho?”. De início, os dados assustam: cerca de uma em cada quatro empresas temem pela sobrevivência nos próximos dois anos. Enquanto isso, 67,5% das companhias acreditam que irão passar pela crise, mas terão que fazer cortes na equipe e levarão anos para retornar à lucratividade.

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Apesar do cenário instável e sem perspectiva sólida no longo prazo, Puerta analisa que tais índices negativos fazem parte de uma autoavaliação mais rigorosa das empresas. Segundo o executivo, a pandemia aumentou o grau de awareness das companhias sobre o atual nível e planejamento de digitalização. Para acompanhar a nova tendência de mercado, foi preciso organizar o modelo de negócio e, consequentemente, estabelecer novas prioridades internas. Dentre as companhias entrevistadas, 42% aceleraram todos ou a maioria dos projetos de transformação digital este ano.

Ao analisar o histórico do DT Index no Brasil, 2020 mostra-se como o ano que contempla mais concentração de empresas como avaliadoras e adotantes digitais – que têm planos graduais de transformação digital e que detêm planos mais maduros de inovação em andamento, respectivamente. Influenciado também pelo momento de autoavaliação, segundo a pesquisa, o cenário concentrado em tais classificações intermediárias vai solidificar a transformação digital.

A estudo apontou que os principais planos adotados visam aperfeiçoar o trabalho remoto, reinventar a experiência digital dos colaboradores e consumidores e melhorar a proteção contra os ataques cibernéticos. Só após completar esses passos é que as empresas terão como prioridade expandir seus negócios.

O líder da Dell analisa que, no geral, o movimento de aceleração digital é positivo, se não fosse o peso que a pandemia do coronavírus exerceu na vida das pessoas. O atual cenário de potencialização tecnológica, por um lado, fez com que 92% das empresas reinventassem seus modelos de negócios, e 95% das companhias se dizem orgulhosas pelas novas mudanças realizadas. Mas, por outro lado, 45% delas acreditam que a transição digital pode não ser tão rápida quanto o necessário, e 44% estão preocupadas com o risco de burnout entre os colaboradores durante o período.

Seja por questões internas ou sociopolíticas, a transformação não está sendo fácil: 95,5% das companhias brasileiras estão enfrentando barreiras que passam por tecnologia, pessoas e cenário de mercado, com destaque para a falta de crescimento econômico. No entanto, Puerta analisa que a fragilidade da economia nacional pode ser usada, muitas vezes, como uma desculpa dada pelas próprias companhias. Segundo ele, “a falta de crescimento no país não impede que as empresas reestruturem seus modelos de negócios, até porque é preciso inovar para trazer a retomada econômica”.

Para além da capacidade técnica, Puerta chama a atenção para um dos grandes problemas que não foi listado de forma expressiva pelas companhias: a capacitação dos profissionais. Segundo ele, acima da técnica, é necessário investir nos talentos, já que qualquer tipo de planejamento é impossível sem uma equipe que saiba desenvolvê-lo de maneira eficiente.

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O levantamento aponta que o grande consenso entre as empresas é a necessidade de inovação e, para isso, 95,5% dela acreditam que a área de tecnologia mais ágil e escalável é essencial para o momento. Dentre os objetivos dos investimentos em TI destacam-se a cibersegurança e a privacidade, seguidas pelo aumento da importância na gestão de dados, ambiente de trabalho digital e serviços digitais on demand. No entanto, apenas 44% das companhias afirmam ter as tecnologias exigidas e na velocidade necessária para serem bem-sucedidas ainda neste ano.

Para a maioria das empresas, o investimento fundamental no prazo de um a três anos está relacionado a um ambiente preparado para o 5G e multicloud. Apesar das tendências no curto prazo, Puerta analisa que, pela pesquisa, é possível observar que o investimento futuro das empresas tem como foco as tecnologias emergentes, dentre elas aplicações em tempo real na borda, robótica comercial e industrial, inteligência artificial e blockchain. Mas, em contraponto às altas expectativas das companhias, a pesquisa aponta que não está havendo um investimento adequado. Segundo o levantamento, apenas 20% das empresas estão planejando investimento em VR/AR, enquanto 31% têm planos de investir em IA.

O ambiente de aprimoramento das companhias tem o objetivo de proporcionar uma cultura ágil aos trabalhadores. Puerta analisa que, no Brasil, o home office sempre foi visto como algo a ser conquistado, mas não era colocado em prática pelas empresas. Antes da pandemia, cerca de um em quatro colaboradores trabalhava de maneira remota. Atualmente, esse dado cresceu: mais de um em cada dois trabalhadores realiza suas funções remotamente. “O trabalho não é mais o destino ou o local, mas o objetivo”, aponta.

O Brasil mostra-se mostra-se um país sólido na transformação digital, e com maturidade para implementar as novas exigências do mercado. Para além da resiliência por parte das empresas, promover a educação sobre a importância da jornada de digitalização, criar a cultura de feedback e analisar a produtividade serão atitudes essenciais no mercado de trabalho. Puerta comenta que uma TI moderna e flexível não dá conta de sustentar as empresas no atual momento. A importância de investir é a de se manter competitivo e, para isso, deve ser analisado o corpo completo das companhias. “As empresas são negócios, não só tecnologia”, finaliza.

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