O mercado do prazer é tão inovador quanto o da tecnologia. Sextoys inteligentes, streamings de áudio erótico, cosméticos veganos e vibradores controlados a distância já são realidade em todo o mundo, criados para estimular a vida sexual e despertar novas formas de intimidade e autocuidado.
“Quando trazemos a temática da sexualidade para a dimensão do bem-estar, saindo um pouco dos estigmas do erótico e da pornografia, o mercado começa a se abrir”, diz Lidia Cabral, fundadora da plataforma Tech4Sex, criada para fomentar o ecossistema de sextechs no Brasil. “Temos legaltechs, fintechs, healthtechs, mas também temos as sextechs, um segmento de enorme potencial que, aos poucos, começa a ser reconhecido pelo mercado assim como qualquer outro negócio.”
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A tendência observada pela especialista reflete-se nos últimos dados do instituto Allied Market Research sobre o setor de sexual wellness (bem-estar sexual), que tem a previsão de alcançar faturamento de US$ 108 bilhões em 2027 globalmente. Segundo Lidia, a pandemia teve um papel importante para o crescimento do segmento. “No último ano, as pessoas que estavam sem sair de casa tiveram que buscar outras formas de se relacionar, ressignificando sua intimidade”, explica.
E foi um boom significativo. Se em 2019 o setor, como um todo, registrou um salto de 8% em relação ao ano anterior, segundo a Abeme (Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico), em 2020 a procura por produtos relacionados à sexualidade feminina cresceu bem mais do que isso: segundo a associação, o setor teve um aumento de 12% durante a pandemia, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entre março e junho do ano passado, mais de 1 milhão de vibradores foram vendidos por aqui, um volume 50% maior do que na mesma época do ano anterior, de acordo com o portal “Mercado Erótico”. “Até o ano passado, as pessoas achavam que o sexo remoto se limitava ao envio de fotos, vídeos e mensagens de áudio. Agora, a tecnologia leva o sexo virtual para um outro nível, com produtos via bluetooth, devices personalizados e plataformas de jogos onde o usuário pode ter novas experiências por meio de avatares.”
Marília Ponte, fundadora da marca de sexual wellness Lilit, reconhece que o movimento só é possível graças a ações lideradas por e para mulheres. “A presença feminina no setor é cada vez mais forte, com empreendedoras abrindo novos negócios e fugindo da imagem estereotipada sobre satisfação e bem-estar. Isso faz muita diferença, porque elas sabem quais são as dores e necessidades umas das outras”, explica.
Para a executiva, o mercado envolve muito mais do que o sexo por si só. “Ser plenamente satisfeita, saber o que deseja e experienciar isso na prática é algo que transborda para outras áreas da vida, como trabalho, relacionamentos pessoais e até na autoconfiança. É uma questão de liberdade, prazer e autonomia.”
Neste Dia do Sexo, a Forbes selecionou seis startups brasileiras que estão transformando o mercado de bem-estar sexual. Confira, na galeria a seguir, quais são elas:
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Divulgação Lilit
“Só seremos realizadas quando todas nós pudermos experimentar a intimidade que desejamos: livre e prazerosa”. Essa é a frase estampada no site da Lilit, uma marca paulistana de vibradores criada para apoiar a intimidade das mulheres.
Fundada em 2019 por Marília Ponte, a empresa faturou quase R$ 450 mil logo no primeiro ano – o suficiente para que a empreendedora largasse o emprego anterior e investisse todas as suas fichas no mundo dos negócios. “Não é só sobre o sexo, mas sobre o nosso bem-estar e direito de sentir prazer. A Lilit nasceu para colocar a intimidade nas nossas próprias mãos”, diz.
Com o tempo, a marca expandiu o portfólio. Além do Bullet, mini vibrador de clitóris com cinco estágios de vibração, recarregável e resistente à água, a startup oferece também conteúdos gratuitos, como um ebook de contos eróticos pensados para inspirar e despertar a imaginação na hora do prazer e livros online com técnicas de masturbação guiada, dicas e exercícios práticos para atingir o orgasmo feminino.
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Divulgação Tela Preta
Lançada em abril de 2020, a startup Tela Preta opera como uma plataforma com mais de 150 áudios eróticos narrados por vozes masculinas e femininas, com diferentes timbres, sotaques e orientações sexuais. Para atender aos mais de 5.000 assinantes, novos áudios são disponibilizados a cada semana, podendo ser acessados em planos mensais a partir de R$ 14,99.
A ideia surgiu depois que o empreendedor Fábio Chap publicou em grupos de redes sociais contos eróticos narrados por ele mesmo. A partir dali, enxergou uma grande oportunidade de negócio e se juntou ao programador Samuel Aguiar, ao produtor de áudio Guilherme Nakata e à designer e criadora de conteúdo Laís Conter. “Muitas mulheres héteros entre 20 e 50 anos relatam ter conseguido alcançar os melhores orgasmos de suas vidas com os áudios. Outras pessoas dizem que já haviam desistido de suas vidas sexuais, mas voltaram a sentir desejo com as narrações. Além da parte sexual, também contribuímos para uma melhor qualidade de vida para muitas pessoas”, afirma.
Com 2.500 assinantes e projeção de dobrar esse número até o final de 2021, a plataforma disponibilizou recentemente um serviço para que o usuário encomende, por R$ 597, seus próprios contos eróticos personalizados de acordo com suas fantasias. A startup paulistana faturou R$ 220 mil no primeiro ano, e a expectativa é que este número salte para R$ 500 mil até abril de 2022.
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Iara Morselli/Divulgação Dona Coelha
A Dona Coelha Sex Shop é especializada em vibradores, sex toys e produtos eróticos com entregas para todo o Brasil, com embalagens discretas para evitar qualquer tipo de constrangimento. Fundada em 2011 na cidade de São Paulo pela sexóloga Natali Gutierrez (foto) e o empreendedor Renan de Paula, a companhia começou como um blog, onde eles compartilhavam suas experiências com sexshops e brinquedos sexuais. Hoje, a Dona Coelha opera com uma plataforma de e-commerce, com opções para todos os gostos e interesses.
Além dos sextoys, a empresa tem uma linha de géis excitantes, massagem tântrica, lubrificantes, vibrador líquido, lingerie e fantasias e retardante masculino, entre outras ofertas. Uma das apostas da sextech é o vibrador controlado remotamente via aplicativo, com novos programas de vibração e conectividade com playlists no Spotify e vibrações que acompanham o ritmo das músicas. “Os brinquedos high tech são uma grande sacada para esquentar a relação, seja a distância ou até mesmo em locais inusitados. O companheiro poder controlar o prazer da parceira, deixando a brincadeira ainda mais divertida”, comenta Natali.
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Reprodução/Instagram Pantynova
Descontentes com as soluções de intimidade e prazer disponíveis no mercado, Izabela Starling e Heloisa Etelvina decidiram criar a própria marca de produtos de sexual wellness. Batizada de Pantynova, a companhia oferece uma coleção de vibradores, dildos, calcinhas strapon e lubrificantes para incrementar a experiência sexual.
Com sede em São Paulo, a startup foca na inclusão, criando um ambiente online onde pessoas LGBTQIA+ também se sintam seguras, confortáveis e representadas. Além dos produtos e sextoys, a marca disponibiliza uma variedade de contos eróticos gratuitos, com conteúdos para todos os públicos. A startup soma mais de 60 mil pantylovers, apelido carinhoso atribuído a seus clientes, em todo o Brasil.
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PeopleImages/Getty Images Share Your Sex
Esta é uma plataforma de streaming de áudios focada 100% no prazer das mulheres, com conteúdos livres de objetificação e fetichização. Fundada por Mariah Prado, em São Paulo, a startup disponibiliza narrações de quatro a 16 minutos, ideais para uma rotina mais agitada.
Com a missão de empoderar por meio do autoconhecimento e da liberdade, as produções envolvem meditações para o relaxamento, energia sexual e percepção do corpo. A startup também desenvolve conteúdos educativos, como ebooks sobre sexo anal, feitos com o apoio de fisioterapeutas pélvicas e ginecologistas para solucionar eventuais dúvidas das clientes.
Os planos variam de R$ 9 por semana a R$ 139 ao ano, todos com acesso ilimitado aos áudios eróticos, masturbações guiadas, meditações focadas e novas narrações a cada semana. Há, ainda, um blog com conteúdos sobre cuidados com o vibrador, guia do lubrificante, dicas para o sexo menstruada, disfunção sexual e até como aumentar a libido.
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Divulgação Feel
Criada em outubro do ano passado com a missão de levar saúde e bem-estar à rotina das mulheres, a Feel desenvolve cosméticos naturais, veganos e saudáveis, para potencializar a sexualidade feminina. Idealizada por Marina Ratton, a marca paulistana esgotou os primeiros 500 produtos do estoque em apenas duas semanas, resultando em um crescimento de 200% nos primeiros 12 meses.
Seus pilares são confiança, autonomia e liberdade, refletidos no óleo feminino multifuncional Relief & Free e no lubrificante hidratante íntimo Moist & Feel. Em maio, a startup concluiu sua primeira rodada de investimentos, feita por meio da plataforma de equity crowdfunding Wishe Women Capital. A operação levantou R$ 550 mil, com 84% do financiamento realizado por mulheres. Com a captação, a empresa pretende lançar três novos produtos ainda este ano.
Lilit
“Só seremos realizadas quando todas nós pudermos experimentar a intimidade que desejamos: livre e prazerosa”. Essa é a frase estampada no site da Lilit, uma marca paulistana de vibradores criada para apoiar a intimidade das mulheres.
Fundada em 2019 por Marília Ponte, a empresa faturou quase R$ 450 mil logo no primeiro ano – o suficiente para que a empreendedora largasse o emprego anterior e investisse todas as suas fichas no mundo dos negócios. “Não é só sobre o sexo, mas sobre o nosso bem-estar e direito de sentir prazer. A Lilit nasceu para colocar a intimidade nas nossas próprias mãos”, diz.
Com o tempo, a marca expandiu o portfólio. Além do Bullet, mini vibrador de clitóris com cinco estágios de vibração, recarregável e resistente à água, a startup oferece também conteúdos gratuitos, como um ebook de contos eróticos pensados para inspirar e despertar a imaginação na hora do prazer e livros online com técnicas de masturbação guiada, dicas e exercícios práticos para atingir o orgasmo feminino.
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