Blockchain: mitos e verdades sobre a popularização da tecnologia

26 de janeiro de 2022

Avanços regulatórios nos EUA pode impulsionar indústria de criptoativos e servir de modelo para outros países

Getty Images

O blockchain possui SDKs (Software Development Kit), um conjunto de ferramentas que permite a criação de aplicativos e a interação entre eles (Crédito: Getty Images)

Nos últimos meses, temas como metaverso e NFTs não saem da pauta. O aumento expressivo do interesse em relação a essas tecnologias e conceitos que já movimentam atletas, celebridades e muitas empresas colocou ainda mais foco nas tecnologias da chamada Web3, que propõe uma internet descentralizada. E todos os conceitos em questão nascem de uma mesma premissa: o blockchain. A tecnologia, que há anos é apontada como tendência importante e vem revolucionando, do sistema financeiro ao entretenimento, começa a acumular cases e exemplos factíveis de seu impacto.

Caroline Nunes, CEO e fundadora da InspireIP, plataforma de propriedade intelectual criada para facilitar o registro de marcas, direitos autorais e patentes no Brasil usando blockchain, explica que essas tecnologias, como NFT, por exemplo, não representam uma bolha em si, ainda que exista muita euforia em relação aos temas. A pedido da Forbes Brasil, ela elenca mitos e verdades sobre NFTs, metaverso e outros elementos importantes da premissa original do blockchain e reforça a importância de equilibrar o que é tendência versus o que é moda ou euforia.

LEIA TAMBÉM: Cavallini, da Singularity: “fala-se de metaverso sem resolver o básico”

Mitos

Redes de blockchain estão destruindo o meio-ambiente
“Esse é um dos mitos mais famosos sobre NFTs. No começo da onda, em 2020, eu ouvi muita gente criticar a tecnologia por fazer mal ao meio ambiente. Mesmo que a Ethereum, principal rede de blockchain para NFTs, tenha um alto consumo de energia, os tokens são apenas uma pequena parte da rede. Ainda que não existissem, a rede continuaria operando no mesmo ritmo. No mais, boa parte da energia consumida vem de fontes renováveis. O segundo ponto é que os marketplaces de NFT estão, cada vez mais, usando blockchains eco-friendly , desde a criação até a comercialização, redes como Polygon, Wax e Tezos são exemplo.”

NFTs são uma bolha
“9 em cada 10 pessoas que vêm me perguntar sobre NFTs levantam o ponto de NFT ser uma bolha. Minha resposta é sempre a mesma: estamos vivendo em uma onda de NFTs, talvez isso faça com que o valor de alguns projetos aumente mais do que deveria, mas isso não quer dizer que a tecnologia é uma bolha. Primeiro, o hype é extremamente necessário para o desenvolvimento dos NFTs em seu potencial completo. É o que faz as pessoas entrarem nesse universo e se interessarem em saber mais. Os NFTs trouxeram ao universo digital a escassez e exclusividade. Esses atributos somente existiam no mundo físico, o que era extremamente limitante.”

Na semana passada, Neymar pagou R$ 6 milhões por dois NFTs da coleção Bored Ape Yacht Club (Crédito: Reprodução)

Tokens são apenas imagens caras
“Os tokens não são apenas imagens. Eles são uma mistura de contratos inteligentes que rodam na blockchain e armazenamento do arquivo em um banco de dados descentralizado. É uma fórmula complexa para atribuir escassez a ativos digitais. O mercado está dando o preço dos NFTs colecionáveis, assim como funciona no universo físico de arte. E sabemos que o valor de obras de arte é extremamente subjetivo, seja no físico ou no virtual.”

Verdades

NFTs não podem ser copiados
“‘Posso clicar com o botão direito do mouse e copiar o NFT’. Não, não pode. Você pode copiar a imagem do NFT, mas não conseguirá copiar o NFT em si. Como eu disse no tópico anterior, NFTs envolvem uma combinação complexa de armazenamento descentralizado e blockchain, e cada NFT tem seu próprio ‘número de série’. Pense assim: Se você tirar uma foto da Mona Lisa, agora você possui a obra de arte? Certamente isso nem passa pela sua cabeça. Pois é, NFTs funcionam da mesma forma.”

LEIA TAMBÉM: Entenda o que é Web3 e tudo o que é preciso saber sobre o conceito

Metaverso impulsionado pela tokenização
“Metaverso não é algo que é tão novo assim. Alguns exemplos como Second Life e Minecraft já existem há anos, e podem ser considerados metaversos na essência da palavra. O termo voltou à tona impulsionado, em grande parte pelas NFTs e criptomoedas, já que agora é possível ter uma economia funcional nesses mundos virtuais, bem como itens únicos e exclusivos. NFT é a pecinha que faltava no quebra-cabeça do metaverso.”

NFTs estão apenas no começo
“Os NFTs estão se difundindo cada vez mais, e em 2022 começaremos a ver empresas adotando a tecnologia pela funcionalidade, a exemplo de ingressos em forma de NFTs, ou a utilização da tecnologia para o mercado imobiliário.
No mais, estamos caminhando para melhorar, cada vez mais, a acessibilidade dos NFTs, facilitando o uso para a população. Além disso, bancos e investidores esperam que os NFTs cheguem a um valor de mercado de até 80 bilhões neste ano, dobrando os valores do ano passado.”