Do Itaú à Web3: conheça o novo CMGO da holding do Mercado Bitcoin

14 de abril de 2022

Robson Harada: “Eu acredito que estamos vivendo um momento ímpar de transição através do advento da Web3 e tudo que existe em sua órbita”

No Itaú Unibanco desde 2019 e com passagens anteriores por empresas como Facebook, Uber e Google, Robson Harada assume como CMGO (Chief Marketing and Growth Officer) da 2TM, holding de empresas como Mercado Bitcoin, MezaPro, Bitrust e CryptoHub, especializadas no ecossistema de criptomoedas e na chamada Web3. O Mercado Bitcoin aparece na lista da Forbes das “Melhores Corretoras de Criptomoedas do Mundo”. É, atualmente, a maior bolsa de criptomoedas do Brasil e, juntamente com a Bitso, uma das maiores da América Latina.

Em julho do ano passado, o Mercado Bitcoin recebeu um aporte de US$ 200 milhões do SoftBank Latin America Fund, avaliando-o em US$ 2,1 bilhões. Atualmente, a plataforma tem uma base de mais de 3 milhões de clientes.  À Forbes Brasil, Harada fala sobre as novas economias baseadas em blockchain e o impacto da revolução a partir da nova fase da internet nos negócios.

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Forbes Brasil – O que te faz tomar a decisão de deixar uma carreira consolidada em um dos maiores bancos da região para assumir esse novo desafio?
Robson Harada – O maior motivador está associado a uma missão e um propósito que transcendem minha vida profissional. Eu acredito que estamos vivendo um momento ímpar de transição através da Web3 e tudo que existe em sua órbita. Isso vai impactar a economia, pessoas, tecnologia e sociedade em geral. Porém, como tudo que é novo, existe uma curva de adoção, incertezas e inseguranças. Parte da missão é colaborar no acesso e democratização para as pessoas. Acredito que isso vai ser uma grande e boa evolução para o mundo. Por isso, estar em uma organização nativa desse universo, além de ser uma grande honra, me conecta mais com as possibilidades de colaborar com o ecossistema que sou engajado e apaixonado.

FB – Na sua trajetória recente, assim como você virou um entusiasta de martech, também é apaixonado pelo mundo dos games e agora está colocando seu foco em Web3, de onde vem essa busca por estar conectado a tendências e de que maneira isso se relaciona com os negócios?
Harada – Acredito que, mais que tendência, está muito pautado no que você mencionou na pergunta: paixão, com uma boa dose de crença. Todos esses temas são temas pelos quais eu sou apaixonado, engajado e entusiasta. Portanto, acaba sendo natural estar conectado e imerso neles, evangelizando algo que acredito. Somado a isso, a boa aventurança de poder conectar com os negócios e minha atuação profissional deixa tudo ainda mais especial. É uma forma de criar e experimentar casos de uso prático e que geram impacto positivo nos usuários. A espinha dorsal de todos esses temas é a tecnologia, e meu entusiasmo é em como tecnologia, pessoas e negócios podem interagir em simbiose tratando de problemas com soluções práticas e funcionais.

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FB – Pode dar um contexto do que é a 2TM e o quanto o Brasil, e a América Latina, são relevantes  para esse pool de empresas da nova economia?
Harada – O Mercado Bitcoin e as demais empresas da 2TM se propõe a liderar a construção da nova economia digital na América Latina por meio da tecnologia blockchain. Isso se dá por meio da oferta de educação financeira, ambiente seguro para transações de criptoativos para todo tipo de cliente – do varejo a grandes investidores -, custódia qualificada, soluções B2B, entre outros serviços

Divulgação

Em um aporte liderado pelo Softbank, a corretora de criptomoedas Mercado Bitcoin captou US$ 200 milhões e se tornou mais um unicórnio brasileiro, com valor de mercado estimado de US$ 2,1 bilhões. Parte do montante levantado será utilizado para aumentar a oferta de ativos da plataforma e expandir sua base de clientes 

FB – Por que estamos falando cada vez mais de Web3 no mainstream e como aterrissar o tema para um olhar mais prático, do ponto de vista de negócios e investimentos? Ou seja, o que há de oportunidades neste segmento?
Harada – A Web3 é uma fase evolutiva da internet como ela é hoje. Pautada por uma visão de maior descentralização de algumas disciplinas, métodos e modelos. No meu ponto de vista é uma evolução quase que natural, que está ancorada e viabilizada pelo surgimento da tecnologia blockchain. Invariavelmente essa tecnologia habilita os aspectos que estamos vendo nascer na Web3. Descentralização das finanças, identidade, gestão dos dados, consentimento do uso das informações que você tem e gera como usuário. Seu tempo e engajamento serem recompensados de maneira direta, assim como abrir a possibilidade para as pessoas em comunhão gerir iniciativas e até empresas, por isso o conceito de DAO (organização autônoma descentralizada) está sendo cada vez mais falado e explorado. Para trazer um olhar mais prático, isso vai reger a forma como você utiliza e interage com a internet, vai ser necessário aprender a usar novas formas de se conectar com plataformas, com suas finanças, dados e como você faz a gestão dos seus ativos, seja através de criptomoedas, NFTs, tokens em geral e o que mais for surgir que ainda não sabemos.

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FB – Como qualquer “novo” conceito, a Web3 e as tecnologias relacionadas a esse universo, muitas vezes, trazem mitos e incompreensões, quais são as desconstruções necessárias a serem feitas? 
Harada – É natural termos debates dos mais acalorados aos mais apaziguados para temas como esse, e eles estão acontecendo. Existem diversas linhas de pensamento, opiniões as quais todas devem ser consideradas e respeitadas, seja qual for o seu ângulo. Eu sempre tento trazer a ótica do não existe certo ou errado, de não querer ditar regras para aquilo que ninguém sabe ainda exatamente onde vai dar, especialmente por não termos histórico para apontar um caminho claro e definitivo. Tento sempre trazer também uma abordagem menos especulativa, então até encaro como mito dizer que você entrar nesse mercado irá ficar rico com criptomoedas, ou que o ICO de um determinado token valorizou 1000% e fez novos milionários. Penso que o motivador maior para entrada e adoração da Web3 deveria estar menos no lado financeiro de ganhos e sim nas mudanças profundas, estruturais e evolutivas que a tecnologia vai trazer para as pessoas. Claro que os ganhos financeiros existem, são importantes e podem e acabam sendo uma das grandes portas de entrada, mas não deveria ser o RTB (razão para acreditar) único ou principal nesse movimento. Eu tenho bastante certeza que toda e qualquer pessoa que se interessar, estudar e entender os fundamentos por trás disso tudo, vai ter uma adoção mais propositiva, completa e sustentável para si e para o ecossistema.