Saiba quanto custa ser cosplayer no Brasil

21 de julho de 2022

Projeto desenvolvido pela Omelete Company para a Sony Pictures no lançamento do filme Venom e Carnificina (Crédito: Lua Morales)

Até quanto você desembolsaria para prestigiar um ídolo ou personalidade que ama? Para muitos o ingresso de um show, para outros um jogo de futebol. E para um grupo importante: transformar-se no próprio personagem. Hoje (21) é celebrado o Dia do Cosplay, de forma simples, uma definição para pessoas que tomam a forma de personagens buscando a maior fidedignidade possível. São várias as datas que marcam o início oficial da prática, uma das primeiras consta na década de 1970. Apesar de, para muitos, ser apenas uma brincadeira, o cosplay no Brasil gera receita, movimenta negócios e emprega vários designers, maquiadores, diretores de arte e outros profissionais.

Leia mais: Como será a versão brasileira do maior evento da Disney?

Gustavo Giglio, head de Content for Brands na Omelete Company, organizadora da CCXP, um dos maiores eventos voltados ao público geek do mundo, explica que, ao desenvolver um projeto envolvendo cosplay é importante, primeiramente, respeitar e envolver a comunidade, já que é ela que entende e cuida da essência de um personagem. De acordo com Giglio, as buscas por termos relacionados ao universo cosplay têm crescido de forma considerável nos últimos anos.

Em outubro do ano passado, Giglio liderou um projeto desenvolvido para a Sony Pictures no lançamento do filme Venom e Carnificina. O ensaio contou com a apresentadora Carol Costa e a cosplayer Heykro. “Esse projeto é emblemático por que foi o primeiro apoiado por um estúdio para o lançamento de um blockbuster com uma equipe dedicada e montada por profissionais da comunidade cosplayer envolvendo cosmakers, maquiadores, fotógrafos e vários outras funções”, diz Giglio.

Anualmente, eventos como a CCXP, em São Paulo, reúne milhares de cosplayers

Marcelo Fernandes, cofundador da Cosplay Art São Paulo, agência de casting de cosplayers, praticou o cosplay como hobby por 17 anos. Neste tempo, percebeu a demanda crescente de marcas e, a partir daí, tornou-se empreendedor ajudando empresas a encontrarem cosplayers. “Eles atraem bastante atenção do público e, na maioria das vezes, conversam com o tipo de produto que uma determinada empresa ou negócio quer mostrar. A necessidade de formalização deste tipo de negócio era uma necessidade e foi justamente com esse objetivo que criei, juntamente com a minha sócia Thaís Jussim, a Cosplay Art, o objetivo é facilitar o processo de contratação desses cosplayers, atendendo às demandas trabalhistas e fiscais para a realização deste tipo de trabalho e, prestando curadoria no fornecimento de mão-de-obra especializada e que entende sobre o tipo de negócio que vão divulgar”, explica.

Muito além da paixão

“O cosplay, para mim, é uma ferramenta de expressão artística impressionante. Seja como praticante ou admirador. Todo o trabalho de escolher os personagens, avaliar o melhor tecido, a atenção ao corte e aos detalhes me atrai. O cosplayer também é multitarefas já que, muitas vezes, ele mesmo é o designer de produção, o estilista, o costureiro, o artesão, maquiador e tudo que for necessário”, afirma Gerson “Jack” Freitas, cosplayer, apresentador e produtor de conteúdo. Ele reforça que o cosplay também ilustra o potencial criativo dos brasileiros.

Para a produtora de eventos Thamyres Azevedo, a partir do momento em que a prática do cosplay se torna uma atividade profissional, o valor agregado a esse hobby torna-se ainda maior e mais importante. “Foi através das oportunidades profissionais que tive, como o trabalho que desenvolvi como content creator e cosplayer que pude definir um rumo profissional investindo no aprendizado e na carreira na área de eventos”, relata.

Nada de brincadeira, cosplay é coisa séria

“Muita gente tem uma visão errada do cosplay, acha que é uma brincadeira ou apenas uma fase, mas existem muitos cosplayers que são médicos, advogados, mães e pais. No meu caso, sou analista BI na indústria farmacêutica e há 7 anos faço cosplay, o que me trouxe experiências incríveis e receita também. Além disso, muitas pessoas se sustentam apenas com o cosplay, sendo o próprio cosplayer, participando de festas e eventos, ou fazendo os trajes para os cosplayers, conhecidos como cosmakers”, afirma Heykro, cosplayer, apresentadora e embaixadora CCXP.

Carol Costa e Jack inspirados em Sandman

Ainda de acordo com Heykro, o cosplay também é um hobby para quem quer deixar de ser tímido e também é uma forma de expressão importante. “As pessoas conseguem se aceitar mais sendo personagens que amam, e acabam se sentindo mais acolhidas por outras pessoas que partilham do mesmo gosto. Muitas empresas ainda não levam o cosplay a sério, mas acredito que é uma ótima maneira de divulgação e de chamar atenção e proporcionar experiência.”

Leia mais: O que faz do Brasil um mercado estratégico para os games?

“É importante entender que a prática do cosplay costuma começar como uma brincadeira, mas é muito mais do que isso. O significado real não vem do investimento financeiro ou da exposição que pode existir do cosplayer, que se torna um artista, mas sim, do valor que damos aos personagens que interpretamos, ao que eles significam pra gente, os aprendizados que tiramos dessa experiência e como, eventualmente, uma brincadeira que pode começar de forma acessível, com peças de armário e brechó, pode se tornar uma profissão e colaborar pra formação de artesãos, figurinistas, cenógrafos, atores e diversos outros especialistas em artes que se unem no cosplay”, diz Maria Luiza Grantaine (Moo), cosplayer, artista, dubladora, cantora e apresentadora.

Veja abaixo os valores possíveis para se investir em um cosplay:

>> Inscreva-se ou indique alguém para a seleção Under 30 de 2022