Digitalização e conteúdo local aceleram transformação da Disney

12 de setembro de 2022

Rebecca Campbell: “Em 2022, a base de usuários do Disney+ cresceu de forma expressiva, mesmo com todos os desafios e contextos, e isso reforça a importância do conteúdo local para nossa estratégia”

Mais de 200 títulos, essa é a quantidade de produções que já passaram pelo e-mail de Rebecca Campbell, chairman de conteúdo e operações internacionais da Disney. A executiva é responsável por liderar um movimento de transformação que envolve a busca por produções locais e o equilíbrio do portfólio global e regional. A estratégia se divide em Ásia, Europa, Oriente Médio e África, Índia e América Latina, onde o Brasil desempenha papel de destaque juntamente com o México.

A chamada IC&O, liderada pela executiva, é responsável por todos os negócios da Disney fora dos Estados Unidos e Canadá. Atualmente, a empresa opera com vários tipos de negócios em mais de 180 países e territórios. Nos últimos anos, a área lançou 147 títulos e, até o final de 2022, estima 210. Somente neste ano, a expectativa de investimento em produção do grupo é de mais de US$ 33 bilhões.

Leia mais: Disney foca em games no Brasil, e VP fala sobre ampliação

“Em 2022, a base de usuários do Disney+ cresceu de forma expressiva, mesmo com todos os desafios e contextos, e isso reforça a importância do conteúdo local para nossa estratégia”, destaca Rebecca. Em agosto deste ano, a Disney ultrapassou a Netflix em número de usuários levando os streamings – Disney+, Star+, Hulu e ESPN+ – a chegarem, somados, a 221 milhões de usuários.

À Forbes Brasil, direto da D23, evento da Disney realizado no último fim de semana em Anaheim, na Califórnia, Rebecca reforça que o grande desafio é o equilíbrio entre o conteúdo global e o local e a compreensão do nível de maturidade de cada mercado, entre eles o Brasil. “Para contar nossas melhores histórias precisamos dos melhores contadores de história e isso envolve parcerias que nos ajudem a entender contextos locais e nos dão base para impulsionar uma transformação que não é só do conteúdo, mas também passa por um novo contexto de empresa”, destacou.

Estruturas locais

A reorganização da Disney em relação a conteúdo local também se dá em termos de estrutura de atuação e distribuição como explica Rebecca. “Temos um lema de negócios e é importante ressaltá-lo, para nós, um tamanho não serve para todos, ou seja, embora tenhamos histórias universais amadas ao redor do mundo, é importante nos organizarmos de forma customizada dependendo do mercado. Na América Latina, por exemplo, temos Disney+ e Star+, embora os serviços sejam independentes, eles estão integrados a uma estratégia macro.”

O Rei da TV, série da Star+ sobre a história de Silvio Santos que estreia em 19 de outubro

“Nossa estrutura de produção reflete uma impressionante variedade de territórios e idiomas, organizados em nossos 4 hubs de conteúdo regionais que supervisionam o comissionamento e a produção para seus respectivos mercados. Sabíamos que precisávamos investir em conteúdo local para elevar a Disney como líder por trazer os melhores talentos e histórias locais para nossos serviços.” De acordo com Rebecca, as plataformas contam com o conteúdo global como espinha dorsal, ou seja, Disney, Marvel, Star Wars e Pixar, e as outras produções têm se tornado cada vez mais importantes para atrair assinantes.

Leia mais: Como será a versão brasileira do maior evento da Disney?

“Alguns segmentos como animes japoneses ou k-dramas, por exemplo, demandam esse olhar local e o investimento de desenvolver e contar histórias pelas perspectivas de nossos parceiros”, reforça. No caso do Brasil, Rebecca destaca a relevância estratégia do país como um dos maiores mercados da Disney. Assim que o Disney+ foi lançado, em novembro de 2020, a Disney prometeu mais de 15 títulos nacionais para a plataforma. Um dos grandes destaques é O Rei da TV, série biográfica sobre a história de Silvio Santos prevista para outubro.

A batalha do streaming

O reforço da aposta internacional da Disney ocorre em meio a um momento de reestruturação das estratégias das plataformas de streaming em todo o mundo. A Netflix, por exemplo, manteve, por anos, a estratégia de investimento em produção própria como seu principal norte, chegando a investir, somente em 2021, mais de US$ 17 bilhões em produções originais. Porém, em julho deste ano, a empresa perdeu, pela primeira vez, mais de 1 milhão de assinantes. “Sabemos que conteúdo original traz novos assinantes, o que reforça ainda mais nossa estratégia de tornar-se cada vez mais como uma empresa global”, finaliza Rebecca.