Isto acarretou o que operadores descreveram como, possivelmente, a maior onda de cancelamentos de embarques do país – segundo maior fornecedor global do cereal – em cinco anos.
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“Realmente vai ser muito difícil executar (contratos de) milho”, disse um operador de uma grande companhia norte-americana. “Quebrou toda a safra… As tradings estão fazendo ‘washout’ quando possível.”
Em um contrato de venda antecipada de grãos, uma das partes pode deixar a negociação pagando um valor de liquidação à contraparte, em mecanismo conhecido como “washout”.
Um segundo operador do mercado de grãos, de outra grande empresa dos Estados Unidos, disse que o programa de exportações da companhia foi reduzido por temores de escassez de oferta, acrescentando que a onda de “washouts” é comparável à de 2016, quando uma forte seca também afetou a safra de milho brasileira.
O mesmo corretor disse que algumas tradings de grãos, como Cargill e Gavilon, não devem exportar milho pelo porto de Paranaguá (PR) neste ano.
Procurada, a Cargill não quis comentar o assunto.
A Gavilon disse que o atraso no plantio e o clima desfavorável podem ter afetado negativamente a segunda safra de milho, mas preferiu não fornecer mais detalhes.
COMPRA E VENDA
Na ponta compradora, os frigoríficos têm sido ávidos nas aquisições do produto redirecionado, segundo corretores.
“Claro que em julho (o Brasil) ainda vai exportar bem menos (milho) que no ano passado”, disse ele, tamanha a demanda do mercado interno pelo cereal.
Em meio à escassez de oferta local, processadoras de carnes suína e de frango também estão importando milho da Argentina, graças ao câmbio favorável, acrescentou Santin. Ele acredita que, até o fim de 2021, a tendência é que as aquisições do cereal argentino se intensifiquem, além do produto vindo do Paraguai.
Do outro lado, o presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesário Ramalho, afirmou que entre os agricultores o cenário está repleto de incertezas, tanto em relação ao volume que conseguirão colher quanto aos preços que o cereal ainda pode atingir, o que dificulta as vendas aos traders.
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Ontem (15), o indicador de milho Esalq/B3 fechou em R$ 98 por saca, alta de 9,42% na variação mensal e quase o dobro ante os R$ 49 registrados um ano antes.
A segunda safra de milho do Brasil, que está sendo colhida neste momento, deve ficar 8 milhões de toneladas abaixo da do ano passado, enquanto as importações deverão avançar em 58%, guiadas pela firme demanda doméstica.
(Com Reuters)
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