O trigo é o segundo cereal mais cultivado no mundo depois do milho. Nas últimas safras, de acordo com o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção de trigo tem se aproximado cada vez mais dos 800 milhões de toneladas. Na safra 2021/22, a estimativa era de 794,4 milhões de toneladas, a maior dos últimos cinco anos. Para a Ucrânia, como oitavo maior produtor global, a estimativa era de 29,5 milhões, recorde no mesmo período.
Segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), a Ucrânia é a 55ª economia global, na qual a produção de alimentos vem ganhando espaço nas últimas décadas. Em 2020, a Ucrânia colheu 65 milhões de toneladas de grãos. Não por acaso, a fertilidade de suas planícies têm sido alvo de intensas compras por parte da China. São terras com alta produtividade de trigo, além do milho exportado para alimentar suínos na China.
Um levantamento realizado pelo Insper Agro Global, com base nos dados do UN Comtrade, organismo internacional de estatísticas, entre os anos 2000 e 2020 a produção de trigo na Ucrânia saltou de 10 milhões de toneladas para 25 milhões, enquanto o milho saltou de cerca de 4 milhões de toneladas para 30 milhões de toneladas.
No caso do trigo, a produtividade chega 4,6 toneladas por hectare, 1,8 tonelada a mais que a produtividade das lavouras de trigo no Brasil, hoje de 2,8 toneladas por hectare, como média, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A Ucrânia tem uma população de 43,4 milhões de habitantes, dos quais 13 milhões estão em áreas agrícolas. Para os produtores do país, o cenário é desolador: a guerra por terra pode ameaçar as plantações e o que já está colhido tem sua logística comprometida com o fechamento dos portos. O que ocorre no país leva insegurança aos mercados. Na tarde desta sexta, a cotação do bushel de trigo na Bolsa de Chicago era de US$ 13,48. As máximas para o preço do cereal, registradas nesta semana, foram as mais altas dos últimos 14 anos.