Os negócios estão de 10% a 15% mais adiantados do que em anos anteriores, mas a indústria gostaria de estar ainda mais antecipada, disse à Reuters o presidente do Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), Júlio Borges.
Leia mais: Brasileiros vão a Dubai vender castanhas e nozes
Ele acredita que estes 65% de produtos contratados, e parte deles em processo de embarque ao Brasil, devem chegar totalmente ao país entre o final de julho e início de agosto, quando começam as primeiras movimentações para o plantio de grãos, que se inicia em meados de setembro.
“Ter 65% é um número bom, mas não é tudo que a gente precisa, nossa preocupação é constante”, acrescentou.
Borges ressaltou que o país é dependente da produção chinesa de insumos e, no momento, “há uma fila enorme de navios parada, e isso tem atrapalhado um pouco” a operação nas indústrias brasileiras.
O Brasil importa mais de 80% das matérias-primas para a fabricação de pesticidas.
Na ponta da demanda, mesmo diante de um cenário de elevação nos custos de produção da safra 2022/23 motivado também pelas despesas com fertilizantes –impulsionadas pela guerra na Ucrânia–, a expectativa é que o consumo de agroquímicos se mantenha elevado, puxado pela proliferação de pragas e doenças, e pelo aumento da área plantada no Brasil.
“Se a adubação não é bem feita, o risco de ter que usar mais cuidados de defensivos agrícolas é ainda maior, e não menor”, afirmou Borges, lembrando que o preço das commodities está elevado, o que contribui para que o produtor não reduza o nível de investimentos no pacote tecnológico da lavoura.
Balanço
A área tratada é o resultado da multiplicação da área cultivada em hectares pelo número de aplicações de defensivos e, ainda, pelo número de produtos formulados em cada uma das aplicações, disse a entidade com base em dados encomendados à Spark Consultoria, que realiza a pesquisa junto aos agricultores.
Segundo o sindicato, o aumento na área tratada com agroquímicos se deve à elevação no nível de pragas, doenças e ervas daninhas de difícil controle nas lavouras.
Para 2022, a expectativa é que a área tratada cresça de 8% a 10%, estimou Borges.
A soja representou 53% do valor total, com US$ 7,7 bilhões (R$ 39,5 bilhões), enquanto o milho participou com 13%, e a cana, com 9%.
O presidente do sindicato disse que há influência do aumento de preços dos produtos, diante de repasses de custos ao longo da cadeia. Para 2022, ele acredita que o valor de mercado avance apenas um dígito.
Em área, com 1,063 bilhão de hectares, a soja representou cerca de 56% do total, crescimento de 15,56% ante 2020. O milho foi a cultura que mais cresceu percentualmente em aplicações: 23,82%, chegando a 305,3 milhões de hectares.