Está dado como norte que até 2025 as vendas por meio do comércio eletrônico de varejo em todo o mundo, o e-commerce, poderão chegar a US$ 7,385 trilhões (R$ 35,4 trilhões na cotação atual), de acordo com a consultoria eMarketer. Esse valor representa quatro vezes o PIB do Brasil em 2021. Para este ano, a receita estimada é de US$ 5,545 trilhões que, se confirmada, configura um crescimento de 12,6% no período.
O Brasil e sua principal força econômica exportadora, o agro, fazem parte dessa monumental revolução financeira-digital. No ano passado, o e-commerce total no país movimentou R$ 161 bilhões, uma alta de 27% ante 2020, segundo a consultoria Neotrust. O recorte de quanto o e-commerce no agronegócio vem movimentando em valores ainda é um dado a ser levantado, mas ele vem crescendo na esteira da digitalização no campo, a agricultura e a pecuária 4.0, marcada cada vez mais pelas soluções para facilitar a vida do produtor rural.
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A criação dos agro marketplaces é uma das principais tendências para atender esse público . Uma pista de que é exatamente isso que ocorre está na pesquisa “A cabeça do agricultor na era digital”, realizada pela consultoria McKinsey & Company com 600 agricultores de diferentes culturas, apresentada no ano passado: o número de produtores brasileiros que utilizam os meios digitais no seu negócio subiu para 46%. A mesma pesquisa mostra que o nível de adoção de tecnologias, como os marketplaces, é 7% maior entre os brasileiros do que em outros lugares do mundo.
Não por acaso, há uma corrida das multinacionais, grandes grupos nacionais do setor e startups apostando no digital. Em ações próprias ou em parcerias, nomes como Adama, Bayer e John Deere – e um crescente número de startups já consolidadas ou procurando espaços –, oferecem em suas plataformas produtos que vão de insumos básicos a altas tecnologias. Qual o potencial real de que esse movimento vá em frente, aceleradamente? A E-bit Informação traçou um perfil do chamado e-consumidor: 83% dos novos compradores digitais declararam que voltariam a fazer compras online.
“Estamos presenciando o que imaginávamos há 17 anos, quando fundamos nosso marketplace”, afirma Rafael Fabrizzi Lucas, CEO da MF Rural, criado em 2004. É uma das mais antigas plataformas do setor – o Google chegou ao Brasil em julho de 2005. No ano passado, o movimento na plataforma foi de R$ 5 bilhões. “O varejo online de produtos agropecuários cresce em ritmo acelerado, à medida que mais produtores descobrem as vantagens oferecidas pelo marketplace, como filtros para comparação de preço, ofertas sazonais e melhor relação custo benefício.”
A Forbes separou 20 plataformas que atuam no país e oferecem diferentes serviços que podem sanar algumas das dores de agricultores e pecuaristas. Confira:
1 – Agrobid
Criado pelo Grupo Superbid, uma das primeiras empresas de leilões virtuais da América Latina, o Agrobid apresenta um sistema de lances para compra e venda de máquinas agrícolas. Comercializa veículos de terceiros, como tratores, pulverizadores, colheitadeiras, plantadeira e outras com a promessa de preços competitivos.
2 – Agrofy
Fundada na Argentina em 2015 e presente no país desde 2018, o marketplace já atraiu investimentos de multinacionais do setor como Yara, Syngenta e Bunge. Na plataforma, companhias como Adama, John Deere, BrasilAgro e outras pagam uma mensalidade para expor seus serviços e produtos. São 11 categorias que englobam peças para máquinas agrícolas, serviços de tecnologias e até imóveis.
3 – Agromulher
Criada com foco para atende as demandas do público feminino do setor, a plataforma que oferece produtos e serviços vem tentando ampliar seu raio de ação. Além de produtos, há no portfólio cursos e mentorias de liderança para o agronegócio.
4 – AgroTools
A AgroTools oferece em seu marketplace apenas serviços próprios. Foi criado em 2007 como uma plataforma para soluções digitais que prometem impulsionar os resultados do produtor e adequar o seu negócio. “Histórico de temperatura no campo”, “janela de plantio” e “capacidade de suporte de pastagem” são alguns serviços oferecidos a agricultores e pecuaristas.
5 – Agro2Business
A startup atende produtores rurais, cooperativas, empresas, representantes e agroindústrias. Também tem uma área chamada Leilão Reverso, uma modalidade em que o comprador lista suas necessidades e fica no aguardo das ofertas dos fornecedores. Também se encarrega da coleta e entrega do produto comercializado pelos anunciantes.
6 – Broto
Criado pelo Banco do Brasil, o marketplace oferece produtos como máquinas, implementos, equipamentos de energia, irrigação e outros. Além disso, facilita o acesso dos produtores às linhas de crédito e seguros oferecidos pelo banco.
7 – CBC Agro
Com foco no modelo business-to-business, a plataforma tem um portfólio forte em FLV (frutas, legumes e verduras), químicos, grãos. Possui um clube de vantagens para seus compradores e também um sistema para que consultores possam ter uma ideia de preços e demandas do mercado
8 – Campear
Fundada em 2019 no Tecnovates, pólo de inovação no Rio Grande do Sul, a startup Campear criou a primeira plataforma de marketplace com uma rede própria de franquias. O site permite que o comprador e vendedor possam negociar sem intermediários. Além disso, oferece atendimento e acompanhamento presencial por meio de representantes em cerca de 350 municípios do estado. A meta para este ano é estar em todo o país.
9 – Culte
A fintech e marketplace oferece empréstimos e insumos, serviços e equipamentos. Também permite que o produtor utilize criptomoedas para acessar linhas de créditos ou adquirir produtos. A empresa já criou uma moeda digital própria, a cultecoin, e lançou uma coleção de NFT (tokens não-fungíveis).
10 – Gávea
Com tecnologias de inteligência artificial, blockchain e machine learning, o marketplace Gávea unifica as etapas de negociação, execução e liquidação de commodities como soja e milho. A plataforma oferece negociações à vista (spot) e a prazo (forward) e a assinatura de contratos digitais com certificação ICP (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira).
11 – JPA Agro
Parceiro de empresas como Verde Campo e Danone, o marketplace nasceu como uma empresa de representação de farelo de soja, farelo de amendoim e farelo de algodão. Hoje, comercializa produtos de nutrição, fertilizantes, sementes e serviços com transporte segurado.
12 – Magazine Luiza
Entre os maiores marketplaces do Brasil, a Magazine Luiza vem expandindo seus negócios para diferentes demandas e mercados. Desde 2020 há uma área dedicada ao agro. A empresa já investiu US$ 40 milhões na startup Solinftec e fechou parceria com o Clube Agro, um programa de relacionamento entre produtores e canais de venda. A oferta vai de fertilizantes e sementes, a consórcios para a compra de maquinário.
13 – MF Rural
Com sede em Marília (SP), o marketplace oferece cerca de 90 mil produtos e serviços a 2 milhões de pessoas mensalmente. O produtor pode pesquisar de maquinários e insumos, até crédito. Além de comprar, pessoas física ou jurídica também podem se cadastrar para vender seus produtos, como animais ou a colheita.
14 – Mercado CNA
Desenvolvido pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária) para apoiar produtores com o fluxo afetado durante a pandemia de Covid-19, o Mercado CNA conecta produtores rurais, associações e cooperativas a transportadores e compradores. São encontrados diversos itens como, por exemplo, mudas de pitaya, nozes, mel e até cabrestos para animais.
15 – Meu Ceasa
Criado pelo Ceasa (Centro Estadual de Abastecimento) de São Paulo em 2020, o marketplace tem por objetivo conectar pequenos e médios produtores diretamente com atacadistas interessados em comprar itens de hortifruti, mercearia, carnes, flores e outros. A plataforma também pode ser utilizada pelo consumidor que deseja comprar frutas e legumes frescos diretamente com o produtor rural.
16 – OpenSolo
Criada com foco nas cadeias de trigo e FLV (frutas, legumes e verduras), a OpenSolo foi lançada em janeiro deste ano. A plataforma tem atraído os agricultores pelo conceito one-stop-shop (tudo no mesmo lugar) para essas duas cadeias. Ela oferece serviços de visualização de dados de mercado, negociação de compra e venda nacionais e internacionais, contratação de seguro de crédito e outros.
17 – Orbia
Criada em 2019 pela Bayer, a plataforma Orbia tem cerca de 190 mil usuários cadastrados e 240 distribuidores, que vendem insumos como fungicidas, fertilizantes e outros. Nela, os usuários contam com um programa de pontos que podem ser trocados por itens como computadores, drones, sistemas de piloto elétricos e outras tecnologias utilizadas em fazendas digitalizadas.
18 – Super Campo
Criado durante a pandemia por 12 cooperativas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, como Castrolanda e Frísia, o Supercampo é constituído por lojas digitais dessas cooperativas, um marketplace com 120 mil produtos disponíveis, e mais de 500 lojistas parceiros. Embora seja utilizada, principalmente, por 80 mil cooperados, o marketplace é aberto para interessados em produtos de marcas como Bayer, Jacto, Continental e Lenovo.
19 – Tim IoT
Por meio de sua plataforma Tim IoT (internet das coisas), a empresa oferece serviços de logística digital, implementação de conexão 4G em propriedade e centralização de dados gerados por diferentes tecnologias em uma área rural. Também oferece cotações para a instalação da plataforma Agrosmart, que monitora dados da lavoura para indicar as decisões mais sustentáveis para o negócio.
20 – Villa Verde Agro
O marketplace é especializado em defensivos agrícolas convencionais, como acaricidas, bactericidas e fungicidas, entre outros. Mas, com o crescimento da demanda por insumos biológicos, essa é uma área em expansão na plataforma. Também tem ferramentas agrícolas, linha veterinária e produtos de jardinagem.
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