A crescente demanda por carne está impulsionando a busca por alternativas que também possam reduzir sua pegada de carbono. Embora tidos como ecologicamente corretos na comparação com hambúrgueres tradicionais, os hambúrgueres e nuggets à base de plantas ainda não satisfazem totalmente as expectativas dos consumidores, pois carecem de suculência e sabor derivados da gordura animal.
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Ao adicionar sua biomassa de gordura de frango cultivada a uma proteína à base de plantas, o resultado é uma massa aromatizada mais carnuda, que a empresa começou a testar na degustação de alimentos em sua sede em Rehovot, Israel, epicentro do setor de foodtech do país: “ As pessoas dizem que é como se fosse ficção científica: você realmente não entende até provar”, diz Arik Kaufman, cofundador e CEO da MeaTech.
Após esses testes positivos, a empresa agora está montando sua primeira planta piloto para impulsionar a produção de biomassa cultivada em um nível escalável: “O fato de estarmos estabelecendo a planta piloto agora significa que nos sentimos muito confortáveis com nossas capacidades de escala e com nossa linha de células”, disse Kaufman.
Santo Graal Belga
A MeaTech 3D está sediada em Rehovot, popular entre as startups de carne cultivada em laboratório e outras empresas de biotecnologia que planejam fazer uma mudança no setor de alimentos. Mas sua primeira fábrica que vai produzir o “suculento santo graal” será instalada na cidade belga de Antuérpia, onde a Peace of Meat está localizada desde 2019.
O biorreator atual permite que a empresa trabalhe nesses volumes: “Mas nosso objetivo, obviamente, é aumentar ainda mais. A nova instalação será usada para fins de P&D e poderemos abrigar muito mais pessoas”, explica ele, pois sua equipe cresceu exponencialmente em apenas um ano.
De acordo com a Standaert, com seu biorreator de 2.000 litros, o novo piloto de P&D servirá como um modelo para as instalações de produção subsequentes. A empresa confirma que primeiro precisa entender qual é a maneira mais eficaz de produzir a biomassa: “Esta ainda é uma indústria muito intensiva em P&D, e todos queremos fazê-lo corretamente”, acrescenta Kaufman.
Plantas e parcerias
No total, com apenas sua primeira planta, a MeaTech poderia produzir cerca de 20 toneladas de biomassa por ano, para serem adicionadas como ingrediente a alternativas de carne híbrida. Sua abordagem híbrida para o desenvolvimento de produtos se estende à sua estratégia de vendas: “Produziremos nossos próprios bifes e nuggets rotulados, mas não fecharemos as portas para empresas que desejam comprar nossa biomassa e integrá-la em seus produtos”, diz Kaufmann.
A empresa está ampliando ainda mais sua colaboração com a startup de micoproteína (forma de proteína unicelular) holandesa Enough, que combinará a biomassa de frango em sua matriz vegetal: “Queremos entrar no mercado o mais rápido possível, por isso procuramos colaborações que fizessem sentido para nós em nível de grupo e isso aumentará a entrada no mercado o mais rápido possível” diz Kaufman, esperando que a parceria leve a um produto a ser posteriormente submetido aos reguladores para aprovação.
Fazendas sustentáveis do futuro
De acordo com as avaliações de ciclo de vida realizadas por pesquisadores da Universidade Holandesa de Delf, a carne cultivada poderia oferecer ganhos ambientais em relação à carne convencional, principalmente quando comparada à produção de carne bovina. [n.r: há grupos que contrapõem a essa afirmação os ganhos nos sistemas integrados, no caso do Brasil, por exemplo, a ILPF, integração-lavoura-pecuária-floresta]. Os pesquisadores dizem, no entanto, que a única maneira pela qual a carne cultivada de frango ou porco poderia ter uma pegada menor do que a agricultura tradicional seria utilizar energia renovável para alimentar biorreatores.
Kaufman diz que as fábricas da empresa que produzirão tanto estacas quanto biomassa serão projetadas com uma abordagem sustentável: “Pretendemos ter uma visão de circularidade, onde para aproveitar nosso processo estaremos usando energia limpa”, acrescentando que o objetivo é para torná-los aptos a serem instalados em quaisquer condições climáticas, desde os desertos até a Antártida.
* Daniela De Lorenzo é repórter colaboradora da Forbes EUA, contribuindo também para WIRED, Deutsche Welle, Al Jazeera, VICE Media, entre outros.
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