Mas o arrefecimento da demanda por roupas à medida que a produção das fábricas na China diminui e os temores de uma recessão global podem em breve moderar os preços do algodão, disseram analistas e traders.
O contrato de algodão do segundo vencimento, para dezembro, mais ativo na ICE frequentemente atingiu seu limite de alta, levando a vários aumentos no ponto máximo de movimento diário. Na semana passada, os preços registraram sua melhor semana em mais de uma década.
Reforçando essas preocupações, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) cortou no início deste mês sua previsão para a produção norte-americana para o ano comercial de 2022/23 em 3 milhões de fardos, para 12,57 milhões de fardos.
John Robinson, professor e especialista em extensão para marketing de algodão na Texas A&M University, destacou uma taxa de abandono de 43% para o algodão dos EUA divulgada pelo USDA — a pior de todos os tempos.
Os agricultores às vezes optam por abandonar as lavouras danificadas pelo clima extremo em vez de investir tempo e dinheiro na tentativa de colhê-las.
Ao mesmo tempo, o USDA também reduziu suas perspectivas de consumo global de algodão em 800 mil fardos.
“A oferta será o principal tópico da conversa, mas há questões sérias em torno da demanda que também são importantes”, disse Jordan Lea, trader sênior da DECA Global.
O rali pode continuar, mas logo diminuirá, acrescentou Lea.
Para agravar as preocupações com o crescimento global, estava a desaceleração da produção industrial na China, um dos principais consumidores de algodão dos EUA.
“O tamanho da safra (está) caindo… mas e o lado da demanda da equação? A China foi abalada por sua economia –uma força oposta que seria de baixa”, disse Sid Love, analista de commodities do Kansas.
Como os produtores dos EUA provavelmente não aumentarão a produção até o próximo ano, os importadores podem se voltar para outros lugares, disseram analistas.
“Tanto o Brasil quanto a Austrália estão atualmente em posição de tirar proveito da situação infeliz nos Estados Unidos”, com a África Ocidental provavelmente também se beneficiando, disse Matthew Looney, cientista de dados do International Cotton Advisory Committee.
Os EUA são os maiores exportadores globais em 2022/23 apesar da redução na safra norte-americana, com exportações estimadas em 12 milhões de fardos pelo USDA, enquanto o Brasil deve embarcar 9,3 milhões de fardos.