“As políticas corporativas são o primeiro passo para as empresas se posicionarem e apontarem para onde pretendem avançar”, explica Lisandro Inakake de Souza, coordenador de cadeias agropecuárias responsáveis do Imaflora. “Por isso, o relatório buscou contribuir para aumentar o entendimento sobre o nível de ambição desse setor e como ele a comunica.”
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“Foi verificado se havia detalhamento quanto ao escopo das políticas em relação a esses três biomas, onde as cadeias de fornecimento das empresas analisadas estão presentes”, explica Souza. “Porém, a maioria das políticas fazem referência apenas a um ou outro bioma, não a todos.” Segundo o Imaflora, apenas duas empresas apresentaram compromisso total em relação aos três biomas.
Outra característica encontrada nas sete empresas é o tom de condicionalidade adotado nos documentos sobre políticas contra o desmatamento. “Quase todos os textos relacionados ao tema apresentam tom de condicionalidade, indicando que ações podem ou não ocorrer, a depender de fatores como priorização ou quando forem consideradas relevantes”, pontua o estudo que teve revisão de membros das The Nature Conservancy e World Wide Fund for Nature, duas das principais ONGs mundiais que atuam na proteção da biodiversidade.
Para Souza, que coordenou o levantamento, mudar o tom dos documentos pode ser um passo importante para “dar mais consistência aos compromissos”. “Essas e outras recomendações presentes no estudo podem ser úteis para processos de revisão de políticas corporativas de não desmatamento para empresas do setor de soja e de outras commodities”, afirma.
Melhorias propostas pelo estudo
Os temas apontados são:
• Identificação, avaliação e gerenciamento de riscos
Apenas três das políticas avaliadas apresentam compromisso de realizar algum tipo de avaliação voltada para medir, analisar e gerenciar riscos que envolvam suas atividades, direta ou indiretamente, com práticas de desmatamento e violação de direitos humanos.
• Rastreabilidade
Apenas três das políticas avaliadas mencionam o compromisso com a rastreabilidade da produção na sua cadeia de fornecimento. Os compromissos aparecem de maneiras distintas, que vão desde uma afirmação genérica sobre “melhorar continuamente a rastreabilidade”, passando pela previsão da realização de uma avaliação de risco para definir o tipo de rastreabilidade a ser realizada, até o compromisso de manter sistemas que permitam a identificação da originação da safra na menor unidade possível.
• Verificação
• Compromisso com o respeito a AAVCs (Áreas de Alto Valor de Conservação)
Quatro das sete políticas analisadas não fazem referência a AAVCs, espaços naturais que contam com diversidade de espécies ou florestas relevantes. Das três políticas que apresentam referência a AAVCs, os compromissos giram em torno de “promover soluções de proteção, conservação e recuperação de Áreas de Alto Valor de Conservação”, “práticas de restauração ecológicas em Áreas de Alto Valor de Conservação” e “respeitar o mapeamento de Áreas de Alto Valor de Conservação”.
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