Chocolateira da Ilha do Combu abre a série "Quando ouvi a voz da terra"

26 de outubro de 2022
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Dona Nena e Carmen Perez na floresta onde o cacau é colhido

A visão pelo lados das águas, de quem olha para o rio Guamá, ao desembarcar na Ilha do Combu, é a bela capital Belém do Pará. Mas dando as costas para ela, a visão da terra é ainda mais espetacular. Na ilha de 1.600 hectares, vencida por uma travessia de 15 minutos a bordo de um popopó – o típico barco local –, moram cerca de 200 pessoas em um oásis da floresta Amazônica.

Entre elas está a dona Nena, a Izete Costa, que produz cacau, processa seu próprio chocolate e espera ansiosa por turistas em sua lojinha de delícias.  Desde ontem, dona Nena está longe de casa, na capital paulista a 2.800 km de sua ilha natal, como a estrela do primeiro episódio da série “Quando ouvi a voz da terra”, projeto que tem à frente a pecuarista de Mato Grosso, Carmen Perez. “Com tanta emoção assim, essa é a primeira vez”, disse dona Nena. “O que nós fazemos representa muita gente da terra e muito trabalho.”

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Na noite de ontem (25), uma ponte ligou o Igarapé Piriquitaquara, área de preservação ambiental da Ilha do Combu, onde está sua plantação, a uma das salas de cinema do luxuoso shopping Iguatemi, na frenética e financeira avenida Faria Lima, para a pré-estreia da série de quatro episódios. “A terra do chocolate é apaixonante e conquistou meu coração”, disse Carmen a uma plateia de 200 convidados. “No Pará tudo intenso, a chuva é intensa, a humildade é intensa, o verde é intenso e o sol é intenso.”

Na visita à ilha, a pecuarista mostra um recorte de como dona Nena convive com a mata de cacau e como ela tira o seu sustento produzindo, no que é chamado de sistema tree to bar da Amazônia, chocolate em barras embrulhadas em folhas de cacau, aromatizados, nibs, bebidas de cacau moído e brigadeiros, bolos e doces também de outras frutas da ilha, como o cupuaçu.

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Carmen Perez na fazenda que ordenha oito vacas para produzir queijos

O primeiro episódio que vai ao ar a partir da noite de hoje pode ser conferido neste link. Além da Ilha do Combu, Carmen segue para outras visitas, sempre partindo de sua fazenda, a Orvalho das Flores, em Araguaiana (MT), local onde se tornou uma referência nas práticas de bem-estar animal, principalmente na fase de cria do bezerro. Não por acaso, ela é uma das colunistas da Forbes e também faz parte da Lista Forbes 100 Mulheres Poderosas do Agro.

Nos próximos episódios, ela mostra uma fazenda centenária e seu café premium em São Sebastião da Grama, no interior paulista, propriedade de Tuca Dias, uma de suas primas. “Passei minha infância lá, com esse alimento que é tão presente nas nossas vidas”, afirma. “Tuca fala que não entende de café, entende de pessoas e de fato é isso quando a gente caminha por aquelas montanhas maravilhosas.” A cerca de 250 km da capital, o município a 1.000 metros de altitude fica numa região de vales.

O roteiro ainda inclui a fazenda Paraná, na Serra do Roncador, também em Mato Grosso. O pecuarista Carlos Libera, além de criar bois, também cria porcos soltos e produz mel em uma área de acácias, árvore que usou para a recuperação de terras degradadas. O mel da Roncador é vendido em empórios da alta gastronomia, entre eles a Casa Santa Luzia, em São Paulo. O quarto episódio conta a história da também pecuarista, mas de gado de leite, Rita de Cássia. Ela produz, com a ordenha de oito vacas em lactação, queijos no município de Sorriso (MT), uma das cidades símbolo da pujança do agronegócio.

Nando Dias Gomes, Carmen Perez e Flavia Tonin, os criadores da série

A primeira série “Quando Ouvi a Voz da Terra” dá continuidade ao documentário de mesmo nome, lançado no ano passado, e disponível também em canais de streaming. O documentário já foi visto por 300 mil pessoas e impactou milhões de pessoas, segundo Flávia Tonin, mestre em jornalismo científica pela Unicamp (Universidade de Campinas), que divide com Carmen a produção executiva. “A gente chegou em mídias que não tínhamos chegado ainda. Conseguimos investir muito nessa comunicação genuína das redes sociais e impactamos mais de 2,5 milhões de pessoas em alcance, principalmente conectando com a música, as imagens e as falas da Carmen que representam cada uma das pessoas que fazem parte da série”, afirma Flávia.

A direção é do cineasta Nando Dias Gomes e a trilha sonora é assinada pelo compositor, cantor, ator e engenheiro agrônomo, Guito, que viveu na pele o peão Tibério, um dos personagens mais populares do remake da novela Pantanal, da rede Globo, e que exibiu no dia 7 de outubro o último capítulo da história que durou seis meses. “A gente vive em um mundo extremamente conectado. Segundo estimativa da ONU, neste ano estamos chegando a 8 bilhões de pessoas. E o que essas pessoas estão fazendo? Elas estão consumindo histórias”, diz Nando Gomes. “E que histórias nós estamos contando nesse ambiente diverso e plural, é o que está no primeiro filho dessa dessa nova temporada da série comandada pela Carmen.”