Então, vamos comparar às proporções. Enquanto a carne caiu 4% nos últimos 12 meses, nós verificamos uma queda de mais de 20% para o preço do boi gordo ao produtor. Ou seja, uma perda de valor muito maior.
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Quando os frigoríficos, as lojas de varejos, os açougues e supermercados tentavam imprimir essa alta, o consumidor ficava muito resistente e, obviamente, acabava partindo para outras proteínas que cabiam mais no bolso dele, como frango, suíno ovos, por exemplo, e algumas vezes o pescado.
Então, o consumo de carne suína, por exemplo, subiu bastante no Brasil nesse período, de uma maneira compensatória ao que estava acontecendo com a carne. O preço do boi gordo subiu bastante por falta de oferta e nós já abordamos esse tema aqui na coluna, em outras ocasiões. Um exemplo foi quando falamos sobre o ciclo pecuário.
O que aconteceu agora foi que, durante a fase de alta de ciclo, obviamente, o produtor se sente estimulado a investir na atividade e aumenta a sua produção e agora vem o reflexo. O estímulo dos preços traz aumento produtivo. Essa é uma regra de economia básica. Então, o que a gente tem hoje é um aumento produtivo de gado e consequentemente fazendo os preços caírem.
Mas por que que o varejo não repassa? Porque agora, ele está tentando refazer essas margens perdidas ao longo daquela fase de alta que aconteceu entre 2020 e 2021, principalmente. Agora, haverá um controle da oferta ao varejo, até porque o varejo também não está podendo consumir tanto. E o que acontece é que ele vai reaver uma parte dessas margens perdidas ao longo daquela fase de alta.
Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.