Outro exemplo recente foi a doação, no mês de abril, de US$ 300 milhões à Faculdade de Artes e Ciências da Universidade Harvard, feita por Kenneth Griffin, dono de uma fortuna pessoal de US$ 35 bilhões. Ao contrário do Brasil, onde os fundos patrimoniais, os Endowments como são chamados, são uma iniciativa recente, nos EUA eles já existem há décadas e se tornaram uma prática entre empresários abastados. Para isso, o país criou um sistema tributário que suporta doações a organizações educacionais, sociais e culturais.
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Em reconhecimento ao presente, a universidade planeja renomear a CAFE como Martin-Gatton College of Agriculture, Food and Environment. De acordo com Nancy Cox, vice-presidente de concessão de terras e reitora da Faculdade de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, a instituição formará uma força-tarefa de professores e funcionários para planejar como a doação será usada para apoiar bolsas de estudo, programação acadêmica, infraestrutura e pesquisa.
“Este é um presente transformador que terá um impacto profundo na CAFE e na Universidade de Kentucky”, disse Eli Capilouto, presidente da universidade. “Será uma pedra angular em nossos esforços – e nossa missão singular – para promover o Kentucky em tudo o que fazemos. Como o sr. Gatton, sonhamos com um Kentucky do futuro que seja mais saudável, mais rico e mais sábio do que é hoje. Este presente reflete sua profunda crença nesta instituição como parceira para o progresso em nossa capacidade e compromisso de promover o Kentucky”.
Gatton, que faleceu em abril de 2022, foi um filantropo vitalício e o maior doador individual para a Universidade de Kentucky, com doações totalizando cerca de US$ 180 milhões (R$ 900 milhões). O Gatton College of Business and Economics da universidade e o Gatton Student Center receberam o nome dele, que atuou no Conselho de Curadores da universidade.
“Este presente é um marco significativo para a fundação, representando sua primeira grande doação desde sua morte. O presente simboliza o compromisso da fundação em honrar a paixão de Gatton por Kentucky e seu desejo de apoiar sua comunidade agrícola como uma forma essencial de promover este estado. (A universidade possui 200 áreas de estudo, 55 centros de pesquisa e recebe alunos de mais de 100 países, incluindo o Brasil. Além de agricultura, há outras 16 faculdades, como engenharias, ciências da computação, economia, marketing, psicologia).
Bill Gatton nasceu e foi criado em uma fazenda perto de Bremen, Kentucky, no condado de Muhlenberg. Formou-se em 1954 pela Universidade de Kentucky e mais tarde fez MBA em finanças e serviços bancários pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia.
Como estudante da universidade, Gatton começou a vender carros em uma concessionária local, atividade que marcou o início de sua bem-sucedida carreira. Mais tarde, abriu sua própria concessionária de automóveis – Bill Gatton Motors em Owensboro, Kentucky, em 1959 – antes de expandir o Bill Gatton Automotive Group com concessionárias no Tennessee, Alabama e Texas.
O ex-vice-presidente de filantropia e engajamento de ex-alunos da Universidade do Kentuchy, Mike Richey, um amigo de longa data e confidente de Gatton, disse que esse presente da fundação era um desejo do empresário. “Nos últimos anos de sua vida, Gatton dizia do seu interesse de fazer algo filantrópico para a agricultura em Kentucky, por meio da Faculdade de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente”, disse Richey. “Este presente maravilhoso traduz exatamente o que ele queria.”
* Michael T. Nietzel é colaborador da Forbes EUA e presidente emérito da Missouri State University. É autor dos livros Degrees and Pedigrees: The Education of America’s Top Executives (2017) e Coming to Grips With Higher Education (2018).