Como os sensores ‘não invasivos’ estão ajudando a salvar abelhas e colheitas

Apresentado por
30 de janeiro de 2024
ByronOrtiz_Getty

Abelha na florada do café ajuda a lavoura a ser mais produtiva

As populações de abelhas em todo o mundo enfrentam declínios perigosos, consequência da perda de habitat, de práticas agrícolas intensas, de mudanças nos padrões climáticos e de um excesso de agroquímicos. Reconhecendo a importância crítica das abelhas, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) colocou como um de seus principais alertas globais que elas são vitais para um terço da produção de alimentos no mundo.

  • Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida

E tem gente nesse processo. O francês Maximilian Ebrard, formado pela HEC Business School de Paris e com formação em apicultura comercial, se mudou para a Colômbia para ajudar os produtores de café e de abacate a se tornarem apicultores por meio da Ubees, empresa que ele fundou nos Estados Unidos, com sede em Nova York, e que trabalha para combater o declínio das populações de abelhas, fornecendo serviços de polinização. Além de EUA e Colômbia, a Ubees tem escritórios na França, Suíça e nas Filipinas.

“Implantamos projetos com abelhas em diversos países da América Latina. Além da Colômbia, estamos no Brasil, México, Costa Rica, Guatemala e Honduras”, disse Ebrard em entrevista à Forbes. “Desde que descobri o poder das abelhas e seu impacto na alimentação, me apaixonei e tenho trabalhado com elas.”

Leia também:

A Ubees possui uma tecnologia patenteada com sensores qualificados como ‘não invasivos’ que medem a saúde e a atividade das abelhas para ajudar os agricultores e apicultores a compreender como elas e a sua polinização estão a evoluir. Os sensores medem em tempo real o clima, a saúde e a atividade das abelhas, para que se entenda a evolução das colmeias e a eficiência da polinização. Em seu projeto também consta um programa de formação especializada para transformar agricultores em apicultores, em 90 dias.

Ebrard tem chamado a atenção de gigantes multinacionais e fechado acordos. Elas apostam na implementação da agricultura regenerativa através da apicultura e polinização nas culturas das quais seus negócios dependem.

Ubees_Divulgação

Maximilian Ebrard, fundador da Ubees, diz que tecnologia ajuda as abelhas e os produtores

No grupo estão a Nestlé, mais a Genomma Lab, que é dona da marca Tío Nacho de shampoos à base de meles e geleia real; a Wakate, produtora de mudas de frutíferas; a Cartama, maior produtor de abacates do país, com uma área total de pomares de 6.500 hectares; a Harmless Harvest, produtora de Harmless Harvest, produtora de produtos orgânicos à base de coco que tem a Danone como uma das investidoras; a Guerlain marca de perfumes que pertence ao Grupo LVMH, e a Dole Food Company, multinacional agrícola irlandesa-americana, com sede em Dublin, que é um dos maiores produtores mundiais de frutas e vegetais, operando com 38.500 funcionários para produzir 300 tipos de produtos em 75 países. No caso da Nestlé, desde 2020 a Ubees possui uma parceria com a Nespresso para o programa “Bees For Coffee”, o que levou a um aumento de até 40% no rendimento dos produtores de café.

Para os produtores de abacate, por exemplo, a polinização melhora a qualidade da colheita e aumenta o rendimento dos pomares em 40% a 60%, enquanto as abelhas ajudam a combater as pragas. Enquanto isso, no café as abelhas fazem ainda mais. Elas contribuem para aumento da produtividade, aumento dos rendimentos e redução da pegada de carbono quando a produtividade aumenta. IA

“Começamos com recursos próprios, depois tivemos alguns investimentos, convertidos em ações no ano passado”, diz Ebrard. “Em 2024 nosso plano é captar novas rodadas de recursos de investimento para manter a aceleração.”

A Ubees, que argumenta que as abelhas permitem aos agricultores criar novas linhas de negócio e diversificar os seus rendimentos, está protegendo nos dias atuais mais de um bilhão de abelhas no mundo, em cerca de 15 mil colmeias. Além dos abacates na Colômbia, há projetos de café em países da América Latina, África e Ásia; de amêndoas e maçãs nos Estados Unidos e França com maçãs.

A empresa também elabora relatórios de sustentabilidade para produtores e marcas terem seus pomares avaliados quanto à agricultura regenerativa e as práticas amigáveis ​​aos polinizadores utilizando as abelhas como principal indicador. São avaliados aspectos como a saúde das abelhas e colmeias, o monitoramento químico, a biodiversidade e variedade de pólen e a avaliação do ambiente de produção. Ebrard diz que o poder da inovação e da colaboração é que deve fazer frente aos desafios da segurança alimentar e a redução da pegada de carbono. No caso das abelhas, ele acredita ter encontrado o caminho.

*Reportagem original publicada na Forbes Chile (tradução e adaptação: ForbesAgro)