Consumo de café tem leve alta e preços devem aumentar, indica Abic

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1 de fevereiro de 2024

Na Indonésia, o café foi oferecido a um prêmio de US$ 820, inalterado em relação à semana passada

Denis Balibouse/Reuters

Repasses de preços para o varejo deverão girar em torno de 10% entre janeiro e fevereiro

O consumo de café do Brasil somou 21,7 milhões de sacas no ano comercial 2022/23 (de novembro a outubro), alta de 1,6% em relação ao ciclo anterior, em meio a preços mais baixos nas gôndolas, indicam dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) nesta quinta-feira (1).

Com os resultados de 2022/23, a demanda de café pela indústria do Brasil, segundo consumidor global atrás dos Estados Unidos, mostrou recuperação na comparação como o período anterior, quando o país havia registrado uma queda de 1%.

O avanço no volume consumido ocorreu em meio a uma queda de 13,5% no preço do café nas gôndolas, apontou a Abic. No período anterior, o custo mais alto havia limitado a demanda.

Mais recentemente, os preços da matéria-prima subiram, disse o presidente da Abic, Pavel Cardoso, chamando a atenção para a necessidade de repasse de custos ao varejo, após uma seca nas regiões produtoras de café conilon, como o Espírito Santo.

Em entrevista a jornalistas para apresentar os dados, ele lembrou ainda da forte demanda internacional pelo produto brasileiro da variedade conilon, depois de problemas na oferta de grãos robusta em países como Vietnã e Indonésia.

A indústria de torrado e moído do Brasil usa volumes importantes de conilon/robusta no “blend”, juntamente com o café arábica, e está reagindo à alta de custos com repasses.

Cardoso estimou que os repasses de preços para o varejo deverão girar em torno de 10% entre janeiro e fevereiro, e disse que o setor poderá elevar em até mais 7% o valor do produto em março, dependendo do movimento das bolsas e do mercado físico, ponderando que os reajustes dependem de cada empresa.

Ele comentou ainda que a magnitude da alta do café é menos acentuada do que em períodos anteriores, quando a indústria foi levada a repassar custos maiores, o que impactou o consumo na temporada 2021/22, quando a safra do Brasil, maior produtor mundial, foi afetada por problemas climáticos severos, como seca e geadas.

Assim, o presidente da Abic disse acreditar que, mesmo com um repasse de preços, o consumo de café no Brasil tenha condições de manter o ritmo de crescimento de 1% a 2% na nova temporada (2023/24).

O faturamento da indústria local caiu 2,8% em 2023, para 22,89 bilhões de reais, evidenciando preços menores, já que as vendas aumentaram em volumes em 2022/23, segundo dados da Abic.

O consumo de café torrado e moído, principal categoria vendida, somou 20,6 milhões de sacas em 2022/23, alta de 1,5% na comparação com o período anterior, enquanto as vendas do produto solúvel somaram 1,05 milhão de sacas, avanço de 5,2%.

Segundo levantamento da Abic, no período o consumo per capita de café em grãos no Brasil ficou em 6,40 quilos por habitante/ano, alta de 7,5%, justificada pela base populacional do IBGE, que não cresceu.