Como modelar os investimentos antes que seja tarde

10 de dezembro de 2020
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Há uma lacuna de investimento de US$ 6,7 trilhões para enfrentar os desafios como mudança climática, desigualdades globais e escassez de água

O objetivo do sistema de investimento tradicional global é permitir a alocação eficiente de capital para melhorar os resultados econômicos. No entanto, como o mundo de hoje é excessivamente impulsionado por pressões de curto prazo (ou seja, a necessidade de entregar retornos financeiros trimestrais), este sistema se tornou ineficaz para responder a novos desafios econômicos, ambientais e sociais sem precedentes.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, há uma lacuna de investimento de US$ 6,7 trilhões para enfrentar os desafios, incluindo mudanças climáticas, desigualdades globais, escassez de água e muito mais. Só por isso, se justifica uma ação coordenada e multissetorial para enfrentar esses desafios e, portanto, reequilibrar o sistema de investimento. Dia a dia, o investimento sustentável continua ganhando impulso.

Na rota do investimento ESG e à medida que a natureza do trabalho evolui em resposta às rápidas mudanças tecnológicas, é cada vez mais evidente a importância do capital humano.

A tese é corroborada pelo Relatório Mundial de Desenvolvimento de 2019, do Banco Mundial, que indica que os mercados estão exigindo trabalhadores com níveis cada vez mais altos de capital humano, especialmente habilidades cognitivas e sócio-comportamentais avançadas, como consequência das transformações no universo do trabalho. O capital humano é um fator central do crescimento sustentável e da redução da pobreza.

Investir em capital humano é romper com um modelo do passado preso a uma dinâmica altamente competitiva com muito espaço para o capital financeiro. O capital ESG demanda outras habilidades.

Como bem descrito por Rodrigo Cunha, é aqui que entram os humanos de negócios, líderes com a capacidade de vislumbrar e cuidar do todo. Idealistas, como Luiz Seabra, que criou, a partir da visão de olhar e cuidar do ser humano como um todo, uma das empresas referência em sustentabilidade no mundo, a Natura.

E para aqueles investidores que precisam de referências e oportunidades para experimentar alocar seu capital em produtos financeiros de impacto, a educação de Sobral pode ser o que estavam procurando.

Do Nordeste do Brasil, num território encravado na caatinga, o investimento sistêmico em educação, modelo nacional de investimento ESG, reforça, como diria a cientista Marie Curie, “você não pode esperar construir um mundo melhor sem melhorar os indivíduos”.

A peleja doravante é fazer com que o capital humano de Sobral também transforme a economia da cidade.

É preciso um ecossistema bem estruturado que suporte e impulsione os diversos atores a alocarem recursos para uma nova economia centrada nas pessoas e no seu território. Para isso, nada melhor do que a tecnologia para democratizar oportunidades e acelerar a urgência da transformação requerida.

Em Sobral, o ecossistema de investimento ESG em educação é exemplar, o que parece oportuna agora é a transformação da economia de Sobral com o uso do seu capital humano e de suas habilidades.

Nada melhor do que compartilhar o projeto assumido pelo Meu Futuro Digital, um movimento com o propósito de transformar o Brasil para se tornar o país do futuro do Trabalho e da Educação por meio da Tecnologia da Informação, em parceria com investidores ESG, na formação tecnológica, na área de energias renováveis, de jovens oriundos ou matriculados na rede pública em Sobral, na inclusão produtiva e na aceleração de uma nova economia sustentável e com base tecnológica, abrindo novas possibilidades para todos — é o que inspira a garantir igualdade racial, social e de gênero, além das suas relações com o meio ambiente.

Inspiração tem-se em abundância. O que falta? Olhar para o lugar certo e reequilibrar o modelo de investimento, vis-à-vis as necessidades do capital humano de hoje, de amanhã, de depois de amanhã e do futuro. Antes que seja tarde.

Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.

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