Amazon lidera lista de empresas que mais compraram energia renovável em 2020

29 de janeiro de 2021
Reprodução/Forbes

Instalação de painéis de energia solar fotovoltaica em Pilbara, Austrália

Quais empresas são as maiores compradoras de energia renovável? Em 2020, a líder foi a Amazon, que passou Google e Facebook no ranking. A gigante petrolífera francesa Total vem na sequência, seguida por Taiwan Semiconductor Manufacturing e pela norte-americana Verizon.

Os dados são da BloombergNEF, que afirma no relatório “Perspectiva do Mercado Corporativo de Energia 2021” que mais de 130 empresas em setores que vão de petróleo e gás a grandes tecnologias fecharam negócios de energia limpa. As companhias listadas compraram 23,7 gigawatts de energia limpa. No caso da Amazon, foram 35 contratos em 2020. Ao todo, a empresa já adquiriu 7,5 gigawatts até o momento.

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O contexto é fundamental: 2020 foi um ano tumultuado devido à pandemia e à recessão econômica –tudo isso somado à falta de liderança em mudanças climáticas, nos EUA. Dado que o país deve superar o coronavírus e melhorar suas perspectivas econômicas, espera-se que as empresas comprem mais energia limpa. Mas a motivação também vem por conta do novo presidente, que quer que os Estados Unidos entrem em um caminho para atingir carbono zero em meados do século.

“As empresas enfrentaram uma onda de adversidade em 2020 –funções corporativas internas foram revolucionadas no início da pandemia, e muitas empresas viram suas receitas despencarem à medida que economias globais desabaram”, diz Kyle Harrison, principal autor do relatório da BNEF. “Os pontos de interrogação antes e depois das eleições nos Estados Unidos complicaram ainda mais a tomada de decisões de longo prazo para as empresas. Para não apenas manter, mas também crescer, o mercado de aquisição de energia limpa sob essas condições é uma prova de quão importante é a sustentabilidade nas agendas de muitas empresas.”

Ele afirma que 65 empresas aderiram ao RE100(iniciativa corporativa global em prol da adoção de energia limpa) em 2020, comprometendo-se a compensar 100% do consumo de eletricidade com energia limpa; ao todo, são 280. Esse movimento tende a ficar mais forte porque o custo das energias eólica e solar está caindo. Além disso, o presidente Joe Biden está agora elaborando legislação e políticas que alcançarão a neutralidade de carbono até 2050.

Biden está pedindo um pacote de energia limpa de US$ 2 trilhões. A iniciativa seria paga, em parte, revertendo alguns dos cortes de impostos de Trump. Cerca de 40%, iria para comunidades carentes e haveria mais investimento em tecnologias eólica e solar, veículos elétricos, eficiência energética, transporte público e redes inteligentes que abrem mais espaço para os elétrons verdes. Os projetos, entretanto, seriam para comunidades em risco e que dependem de carvão.

Sucesso de energia limpa

A energia limpa tem sido uma história de sucesso americana. Quando as empresas investem em energia verde, isso gera empregos: o emprego no setor cresceu 10,4% desde 2015, de acordo com o Clean Jobs America 2020 –relatório patrocinado pela E2 e realizado pela BW Research. Mais de 3,3 milhões de pessoas trabalharam nesses setores de tecnologia limpa antes da Covid. Mas a pandemia consumiu essas possibilidades. E, apesar dos números que a alta tecnologia colocou no conselho, os EUA diminuíram o ritmo.

“Mais do que nunca, as empresas têm acesso a energia limpa a preços acessíveis em escala global”, diz Jonas Rooze, analista de sustentabilidade chefe da BNEF. “As empresas não têm mais desculpas para atrasar a definição e o trabalho em prol de uma meta de energia limpa.”

Companhias estão se tornando verdes porque faz sentido do ponto de vista econômico e é bom para suas marcas. O Principles for Responsible Investment, que administra U$ 86 trilhões em ativos, quer que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) force as empresas a definir metas de redução de emissões em linha com o acordo climático de Paris. Os investidores dizem que os negócios serão recompensados pelos mercados.

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Enquanto o governo anterior era mais simpático aos gestores corporativos, o governo Biden está mais em sintonia com os investidores –que precisam do máximo de informações possível. Ao fornecer esses dados, as empresas provavelmente tomarão medidas para mitigar os riscos.

“Achamos que a SEC está falhando em seu dever”, disse Fiona Reynolds, executiva-chefe dos Princípios para Investimento Responsável, em uma conversa anterior com este repórter. “Se você investe por meio de fundos de pensão expostos a riscos climáticos, a SEC pode fazer mais do que exigir que as empresas divulguem suas ações e como estão fazendo a transição para uma economia de baixo carbono.”

Até as petroleiras estão investindo em energia verde. As concessionárias mais conservadoras da América também, com Xcel Energy, Southern Company e NRG Energy propondo metas agressivas de corte de carbono. E 48% da lista “Fortune 500” e 63% da “Fortune 100” estão prometendo cortar gases de efeito estufa e aumentar o uso de energia renovável ou melhorar a eficiência energética. Então, as empresas precisam que o governo diga a elas para serem verdes –especialmente durante um clima econômico difícil?

A Oxford Smith School of Enterprise and the Environment examinou a questão e concluiu que o investimento em tecnologias verdes é a maneira mais eficiente de restaurar a saúde de uma economia. Projetos de energia renovável e redes elétricas modernas podem fornecer o remédio mais poderoso, segundo a entidade, sendo que esses esforços têm um retorno em longo prazo.

O governo tem um papel. E o mesmo acontece com o setor privado, que tem muitos modelos a seguir. Mas outras empresas ainda estão atrasadas. Embora os mercados os incentivem a embarcar, os que avançam lentamente têm conseguido se esconder atrás de uma liderança federal reticente. Isso vai mudar agora que o presidente Biden está no comando –primeiro por meio de medidas regulatórias e depois por ação legislativa.

 

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