Esforço dos EUA por energia verde pressiona preços globais de óleos vegetais

19 de março de 2021
Albert Gea/Reuters

O índice da ONU para os preços de óleos vegetais avançou 70% desde junho do ano passado

Os esforços do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em favor dos combustíveis verdes à base de óleos vegetais está ajudando a elevar os preços destes produtos, que já estavam perto de máximas recordes, afetando importantes consumidores sensíveis ao custo na Índia e na África e gerando temores de inflação global de alimentos.

O índice da ONU (Organização das Nações Unidas) para os preços de óleos vegetais avançou 70% desde junho do ano passado, para máximas de nove anos, depois que a escassez de mão de obra nas plantações de palma da Ásia e o clima adverso em importantes centros produtores de girassol, canola e soja diminuíram a fabricação de óleos vegetais e levaram os estoques para os menores níveis em dez anos.

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A alta nos preços dos óleos vegetais ajudou a guiar um aumento no índice de preços de alimentos da ONU em geral, que alcançou o maior patamar desde 2014, prejudicando consumidores nos países em desenvolvimento e estabelecendo um desafio para os formuladores de políticas em meio às tentativas de estimular o crescimento econômico.

Após impactos da Covid-19, a recuperação na demanda aumentou o aperto no mercado, assim como a eleição de Biden e suas promessas de uma revolução da energia limpa, que parecem ter potencial de aumentar mais a demanda por biocombustíveis. “Há um novo fator que surgiu depois da eleição do presidente Biden e que elevou a projeção para a demanda por óleo de soja: o biodesel 100%“, disse Dorab Mistry, importante analista do setor de óleos vegetais.

“Quatro refinarias já disseram que vão encerrar o refino de combustível fóssil e, no lugar, começar a produzir combustíveis à base de óleos vegetais.”

Os contratos futuros do óleo de palma na Malásia, referência para o óleo vegetal mais negociado do mundo, recentemente ultrapassaram 4 mil ringgits (cerca de R$ 5.337,95) por tonelada pela primeira vez desde 2008.

O valor do óleo de canola avançou cerca de 25% neste ano, enquanto o óleo de girassol no Mar Negro subiu quase 30%. Já o óleo de soja teve ganho de mais de 27% em 2021.

“Há essa discussão antiga sobre alimento versus combustível, mas ninguém ousa discutir sobre isso, porque agora só se fala em energia ‘verde'”, disse Mistry, diretor da Godrej International, à Reuters. “Vai levar muito tempo, além de muitas reclamações dos países em desenvolvimento, para que as pessoas realmente tentem diminuir o ritmo em que a energia ‘verde’ está sendo produzida.”

Por outro lado, a esforço em favor dos veículos elétricos ajudará a limitar o aumento no uso de óleos vegetais para a produção de biodiesel, segundo Phin Ziebell, economista de agronegócios do National Australia Bank, em Melbourne.

“É mais provável que o biodiesel vá para o transporte pesado, como caminhões e trens, assim como para serviços de terraplanagem e construção”, disse ele. (Com Reuters)

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