A empresa é referência em igualdade de gênero, tem mais da metade dos seus cargos de liderança ocupados por mulheres e foi reconhecida pelo ranking Equileap deste ano por suas ações na área – é a número 1 na França e 11ª entre 3.500 empresas de 23 países. “Isso se deve a um forte compromisso de longo prazo da nossa liderança”, afirma Johnston-Clark.
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As iniciativas de sustentabilidade no Brasil também são referência. O Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal no Rio de Janeiro conquistou em março uma certificação Leed Platinum por suas práticas sustentáveis, parte de um programa global com metas até 2030.
Em abril, a empresa implementou a primeira Escola de Beleza da Pequena África, região portuária do Rio de Janeiro, onde fica a sua sede. O projeto, que faz parte do programa global da L’Oréal Beleza Por Um Futuro, tem como objetivo proporcionar oportunidades de geração de renda e potencializar a mobilidade social. Até agora, a iniciativa já capacitou mais de 2 mil mulheres em vulnerabilidade social.
Margaret Johnston-Clark criou, em 2020, um Conselho Consultivo de DE&I composto por especialistas globais externos e internos para trabalhar a agenda na empresa. A executiva conta, em entrevista à Forbes, como a empresa chegou nesse patamar em relação ao tema e como ela mesma atingiu um cargo global à frente da maior empresa de beleza do mundo.
Margaret Johnston-Clark: Ficamos orgulhosos de manter nossa posição de número um na França no ranking de Igualdade de gênero 2023 e se posicionar no Top 20 globalmente pelo sexto ano consecutivo. A L’Oréal tem um compromisso de longa data em alcançar a equidade de gênero em todos os níveis e funções da empresa. Trabalhar para alcançar o equilíbrio de gênero na força de trabalho é obviamente fundamental.
Mas também continuamos nos esforçando para estabelecer ambientes mais inclusivos e contra qualquer tipo de discriminação, assédio ou violência, especialmente assédio sexual e violência de gênero. Um exemplo importante é a Política Global de Violência Doméstica de RH, lançada em 2021, com políticas locais a serem implementadas em todas as subsidiárias do Grupo. Também damos muita importância a analisar e reportar disparidades salariais entre homens e mulheres, promover políticas de equidade de gênero (incluindo licença parental e trabalho flexível) e programas com nossos fornecedores e parceiros externos.
A mensuração é a chave para o progresso e, portanto, também encorajamos nossas subsidiárias a avaliar regularmente suas políticas e práticas de igualdade de gênero, usando organizações independentes. Em 2022, 33 países continuaram a manter os certificados GEEIS (Padrão Europeu e Internacional de Igualdade de Gênero) ou EDGE (Padrão Econômico de Dividendos para a Igualdade de Género). A L’Oréal Brasil alcançou o status de EDGE Lead, o mais alto nível de certificação EDGE, que mostra que a empresa tem um compromisso contínuo com a equidade de gênero.
MJ: Alcançamos a equidade de gênero em nossas posições-chave e isso se deve a um forte compromisso de longo prazo da nossa liderança. Para chegar a isso, fizemos um trabalho de conscientizar e criar locais de trabalho inclusivos. Hoje, temos 57% de nossas principais posições globalmente ocupadas por mulheres, 61% de nossas marcas internacionais lideradas por mulheres e mais da metade dos nossos expatriados são mulheres. O Grupo está empenhado em garantir que todos os empregos sejam igualmente acessíveis a mulheres e homens, seja no recrutamento, na progressão na carreira, na equidade de gênero em todo o pipeline de talentos e na promoção de programas de treinamento e liderança para mulheres para acompanhá-las em suas jornadas. Também damos uma atenção especial em períodos cruciais na carreira de nossos funcionários, como paternidade e maternidade, com políticas específicas para permitir que todos vivenciem marcos da vida como esse com trabalho flexível e opções disponíveis.
F: Qual a importância de uma empresa como a L’Oréal ter mulheres em cargos importantes e de liderança?
MJ: As mulheres representam mais da metade da população mundial! Acreditamos que é fundamental termos mulheres em todas as funções e em todos os níveis da nossa empresa. Valorizamos uma liderança diversa que administra de maneira equitativa e inclusiva. Promovemos isso também com nossos parceiros e estamos comprometidos em trabalhar com fornecedores que compartilham dessa crença.
MJ: Temos o compromisso de combater ativamente todas as discriminações e temos uma forte estrutura e visão estratégica de Diversidade, Equidade e Inclusão que vai além da equidade de gênero. Isso inclui a promoção da diversidade cultural, étnica, socioeconômica, a inclusão de pessoas com deficiência e a criação de um ambiente inclusivo para pessoas LGBTQIA+. Temos ações locais que dão vida a isso, incluindo muitas lideradas pela L’Oréal Brasil. Adoraria destacar duas: internamente com “Mentora Colorida”, que luta contra a discriminação racial com um programa de mentoria, e externamente com a Coalizão Empresarial MOVERS, do Movimento pela Igualdade Racial, que lançou um plano de ação focado exclusivamente no combate ao racismo.
F: O centro de pesquisa e inovação da L’oreal no Rio de Janeiro foi reconhecida por suas práticas sustentáveis. Que programas sustentáveis vocês têm hoje?
MJ: Estamos muito orgulhosos do trabalho realizado com o Centro de Pesquisa e Inovação no Rio. É uma forte prova de que podemos aliar inovação, performance, inclusão e sustentabilidade em um só lugar. Com nosso programa global L’Oréal para o Futuro e no contexto de crescentes desafios ambientais e sociais, estamos acelerando nossa transformação em direção a um modelo que respeita os limites do planeta e reforçando os compromissos com a sustentabilidade e a inclusão.
– até 2025, todos os espaços da L’Oréal terão alcançado a neutralidade de carbono, melhorando a eficiência energética e usando 100% de energia renovável;
– até 2030, 100% dos plásticos usados nas embalagens dos produtos da L’Oréal serão de fontes recicladas ou de base biológica;
– até 2030, a L’Oréal reduzirá em 50% todas as suas emissões de gases de efeito estufa por produto, em comparação com 2016.
MJ: Claro. No final do ano, começaremos a trabalhar na segunda edição do Beauty of Inclusion Awards, nosso evento interno e global que celebra as melhores e mais inspiradoras iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão implementadas pelas equipes locais da L’Oréal em todo o mundo. Esses prêmios abrangem todos os nossos pilares e, no ano passado, a equipe brasileira de DE&I ganhou um prêmio pelo projeto Mentoria Colorida que eu mencionei antes. Recebemos mais de 400 ações de 60 países para a primeira edição e esperamos ter ainda mais no próximo ano.
F: Falando sobre sua carreira, o que faz um Chief Diversity Equity and Inclusion? Como você chegou a esse cargo?
MJ: Estou nesse cargo há quase seis anos e ele evoluiu muito desde 2017. Quando comecei, o Me Too tinha se tornado um movimento global. Depois, todos passamos pela Covid-19 e os lockdowns, com o aumento da conscientização sobre saúde mental e desigualdades. Então, George Floyd foi assassinado, e o Black Lives Matter virou um símbolo para além dos EUA em todo o mundo.
F: Que tipo de experiência um profissional precisa ter para ser um executivo ESG?
MJ: Eu recomendaria entender os temas de DE&I relacionados à identidade de gênero, LGBTQIA+, etnia, idade, religião, deficiência, bem como a cultura corporativa do empresa e o negócio. Uma mistura dos três e uma paixão por trazer pessoas nessa jornada. Além disso, é absolutamente fundamental que o CEO lidere pelo exemplo e seja o maior adepto da DE&I. Nicolas Hieronimus, CEO do Grupo L’Oréal, e Marcelo Zimet, CEO da L’Oréal Brasil, priorizaram essa agenda e isso fortalece nosso objetivo e permite ir ainda mais longe.
F: Como é o seu trabalho como executiva global, trabalhando com países tão diferentes?