A edição 2018 do Guia Michelin Brasil foi um verdadeiro marco para a gastronomia brasileira, já que, no terceiro ano de sua versão nacional, acaba de eleger mais dois restaurantes na categoria duas estrelas: o Oro, no Rio de Janeiro, e o TUJU, em São Paulo, que se juntaram ao já veterano D.O.M, do chef Alex Atala.
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O Oro, único duas estrelas da cidade carioca, fica no Leblon. Fundado em 2010, passou por algumas reformulações durante sua trajetória, e se tornou, segundo o próprio Felipe, um restaurante que serve pratos com “um pé na tradição e um pé na vanguarda”. São servidos, todos os dias, duas opções de menu. O “Criatividade” é elaborado com produtos sazonais e abrange 12 tempos, com pratos pequenos para serem comidos com as mãos, três com talheres e uma sobremesa, por R$ 435 ou R$ 595, no caso de o cliente optar também pela harmonização de vinhos. O segundo cardápio, mais enxuto, é o “Afetividade”, que inclui 12 tempos com as mãos, um prato e um doce por R$ 335 ou R$ 475 com harmonização.
FORBES Brasil conversou com o chef Felipe Bronze e, a seguir, você confere os principais momentos da entrevista:
FORBES Brasil: Quais são os pilares do Oro?
FB: Como foi passar a ter duas estrelas?
FB: Foi indescritível, literalmente uma emoção única. Foi algo que a gente realmente não esperava, a minha esposa [a sommélier Cecilia Aldaz], que trabalha comigo, é também responsável por essas estrelas, por ser uma profissional excepcional e sempre ficar no restaurante quando eu viajo ou estou gravando. A gente não esperava, foi uma surpresa tremenda. Até agora a ficha ainda não caiu. Para tudo, para o nosso restaurante, para a nossa cidade, para o Brasil… É um reconhecimento importante de modo geral. Realmente é difícil explicar.
FB: O que é alta gastronomia para você?
FB: Quais são os pontos positivos e negativos da cena gastronômica brasileira?
FB: A gente tem muita dificuldade com a consistência dos fornecedores. Temos dois fornecedores, por exemplo, que entregam peixes bons no Rio e, mesmo assim, não é sempre regular. A regularidade do produto não é a ideal. Temos pouca gente trabalhando nisso no país, então ainda não temos uma oferta tremenda, maravilhosa. Isso acaba, bem ou mal, afetando diretamente o custo de jantar fora. Nós nunca temos uma maneira inteligente de comprar, então acho que esse é um dos maiores desafios da cozinha de alto padrão brasileira – o custo. Muita gente acaba achando que está caro jantar fora, mas também é caro receber as pessoas.
A parte positiva é que tem muita gente correndo para propor soluções novas e inovando. Você vê o Paulo Shin, do Komah, e o Thiago Bañares, do Tan Tan, que são chefs que trabalharam em restaurantes de alta gastronomia e partiram para voos solos em formatos mais descomplicados, mais simples, menores e com comida excepcional. Eles aliam um produto excelente com uma técnica excelente – não têm o ambiente, o acabamento de louça para ser alta cozinha, mas estão desenvolvendo a cena gastronômica, que é muito mais importante do que a alta cozinha que, digamos, é como a moda – define os parâmetros para onde a coisa vai. Acho que eles estão fazendo um trabalho brilhante, excepcional e merecem todo o reconhecimento.
FB: Sobre a mudança do PIPO para São Paulo: o que você pode adiantar?