Segundo o economista e leiloeiro Acacio Lisboa, de 39 anos (filho de James Lisboa, uma das maiores autoridades do mercado de arte do país), o tema entrou na moda. “Virou cool, como aconteceu com os vinhos há algum tempo. Os jovens passaram a se interessar cada vez mais. Muitas vezes, frequentam as galerias sem comprar nada. Mas querem entender, participar do movimento”, diz Acacio, que trabalha com o pai na Galeria Frente, em São Paulo. “Quando eu comecei no ramo, na década de 70, existiam só cinco galerias na cidade. Hoje são tantas que não dá tempo de ver tudo o que tem para ver”, confirma James. A Galeria Frente, nos Jardins, expõe obras de artistas consagrados como Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Burle Marx e Tomie Ohtake.
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JOVENS ‘CONVERTIDOS’
Camila Yunes Guarita, de 27 anos, é neta de Jorge Yunes, um dos maiores colecionadores de arte do Brasil, dono de mais de 30 mil peças que vão do século 4 a.C. até a década de 1970. Por influência do avô, ela se tornou uma colecionadora precoce. “Ele era um homem amplo, tinha ‘vontade de mundo’, queria conhecer tudo, e transmitiu isso para mim”, conta ela, lembrando que o avô a levava a balés e óperas.
Camila, que começou a carreira como arquiteta, apaixonou-se de vez pela arte após uma temporada em Paris, onde trabalhou para a renomada Galleria Continua. De volta ao Brasil, ela transformou um antigo projeto, o GoART (que nasceu na faculdade), naquilo que mais tarde seria a Kura, sua própria empresa de arte, por meio da qual dá consultorias e ajuda outros novatos a começarem suas coleções. “Minha missão de vida é a transformação: busco transformar as pessoas que cruzam meu caminho usando a Kura como instrumento. Monto a coleção de acordo com o que cada pessoa gosta, com aquilo que a toca.”
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Sofia Derani, de 27 anos, começou a colecionar com uma idade em que o adolescente normalmente está focado em outros interesses. Comprou sua primeira obra aos 14 anos: um quadro do artista francês Mr. Brainwash. Amante de street art, Sofia concorda que “foi picada pelo bichinho da arte muito nova” com a ajuda do pai (o empresário Marcos Derani), que a levava a antiquários e exposições. “Coleciono por paixão. Recebo muitas propostas de compra por minhas peças, mas não me desfaço delas de jeito nenhum.” Entre as obras, uma enorme tela na qual foi retratada pelo artista Speto, além de outra de autoria de Kobra.
O reflexo do interesse juvenil por arte não se restringe aos novos colecionadores. A arquiteta Roberta Bussab, de 30 anos, que atuava prioritariamente como designer de interiores, percebeu o aquecimento do setor e passou a se especializar: estudou mercado de arte na Sotheby’s e arte contemporânea no M.Inq (SP). Hoje sua principal atividade é como consultora de arte. Para esta reportagem, colaborou com a curadoria das peças destacadas.
Veja, na galeria de fotos abaixo, peças do acerva das três jovens colecionadoras:
Reportagem publicada na edição 75, lançada em março de 2020
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