Islândia é referência em programas e iniciativas com baixa emissão de carbono
O surgimento de novas variantes do coronavírus e os avanços dos programas de vacinação globais tornam a recuperação do turismo mais complexa e menos linear. Com fronteiras fechadas, lockdowns, suspensão de voos e viagens e fechamento de negócios ao redor do mundo, o setor foi um dos mais afetados pela atual condição sanitária mundial.
A pandemia de Covid-19, no entanto, motivou atores de diversos segmentos a repensarem modelos para o turismo. O crescimento da conscientização acerca da necessidade de desenvolver sistemas e processos menos destrutivos, pensando na saúde do planeta e das pessoas frente às condições e projeções climáticas, enfatizou a importância do turismo sustentável. O levantamento “Euromonitor Consumer Lifestyles Survey” estima que, em 2021, 66,4% dos consumidores globais querem ter impacto positivo no meio ambiente por suas ações diárias.
A essência do turismo sustentável é baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organização das Nações Unidas (ONU). Pensando nisso, a Euromonitor International, empresa de pesquisa de mercado, criou o Sustainable Travel Index. Por meio de sete pilares – sustentabilidade ambiental, social e econômica, risco, demanda, transporte e hospedagens sustentáveis –, o índice analisa 57 indicadores em 99 países para determinar, de forma comparativa, a performance dos destinos.
No ranking de 2020, os 20 primeiros países são europeus, com destaque para a região escandinava, onde 65% dos negócios de viagem já implementaram estratégias sustentáveis, segundo o estudo “Voice of the Industry Sustainability Survey”. A performance positiva se deve, entre outros fatores, ao comprometimento da União Europeia com a agenda sustentável que se traduziu, em 2019, no Pacto Ecológico Europeu, que tem o objetivo de zerar as emissões de carbono até 2050 e cumprir os objetivos do Acordo de Paris até 2030.
Além de publicar o ranking geral, a Euromonitor também disponibilizou os dez destaques de cada pilar do turismo sustentável. Em termos de sustentabilidade ambiental, quem aparece em 1o lugar é Moçambique, que conta com uma grande variedade de parques e áreas de proteção e conservação ambiental.
Áustria, Islândia e República Tcheca lideram no quesito sustentabilidade social, performando bem em educação, igualdade, paz e liberdade. Os países asiáticos são os que lideram a lista de sustentabilidade econômica, com Hong Kong no topo do ranking. Essa conquista é resultado da “Hello Hong Kong Campaign”, que incentivava a população a explorar o turismo doméstico. Em 2020, quem apresentou as melhores taxas de crescimento nesse segmento foram Japão, Israel e Itália.
A indústria de viagens e turismo está suscetível a riscos que envolvem geopolítica, desastres naturais e doenças. Nesse quesito, quem aparece no topo da lista como o país mais sustentável ao lidar com essas questões é a Arábia Saudita.
Já o ranking na categoria demanda sustentável é liderado pela Islândia, que, mesmo tendo uma das piores pontuações do mundo em relação à proporção de visitantes internacionais por habitante, experimenta um gasto médio diário por turista que compensa esse déficit.
Na categoria transportes sustentáveis, que considera a dependência de aviões em relação a trilhos e outros modais, quem lidera é a Áustria. O país se beneficia da iniciativa de smart cities para investir em soluções de mobilidade ecologicamente corretas. Viena é parte da iniciativa 100 Climate Neutral Cities, e serve como modelo de inovação urbana para outras cidades.
A Lituânia é a líder em hospedagem sustentável. O país apresenta desempenho exemplar no uso de água, energia e suprimentos e pegada de carbono, principais métricas utilizadas para comparar os países nesse segmento.
No ranking geral, o Brasil aparece na 54ª posição e não é destaque em nenhuma das categorias do levantamento. Mesmo não apresentando um desempenho excepcional no relatório da Euromonitor, o país foi o 32º no último Relatório de Competitividade de Turismo e Viagens do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) publicado em 2019. No mesmo estudo, foi considerado o número um em recursos naturais e negócios de viagens nas Américas e o nono no ranking mundial.
Marrocos, Vietnã, Ilhas Maurício, Índia e Paquistão aparecem como os últimos colocados do ranking. Mas, com exceção do Paquistão, aparecem entre os países que mais investiram em melhorias nos pilares de sustentabilidade.
Veja, na galeria de imagens a seguir, os dez países líderes em investimentos e infraestrutura para turismo sustentável: