“Eu quero que seja parte do meu legado”, diz Miranda Kerr sobre sua marca de clean beauty KORA Organics

15 de abril de 2021
Reprodução/Forbes

Apesar de ter apenas 26 anos, Miranda passou 13 anos construindo seu nome como modelo

Após um dos anos mais difíceis de que se tem lembrança, é justo presumir que uma mãe de três crianças, empreendedora e imigrante pode não estar em sua melhor fase.

No entanto, quando a mulher de negócios multitarefas Miranda Kerr entra na chamada – via Zoom – ela está positivamente radiante. Com motivo.

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Sob o cenário de uma pandemia global, a supermodelo de 38 anos, viu a Kora Organics, sua empresa certificada de cosméticos orgânicos, prosperar.

“Sinto muito orgulho de onde estamos”, conta Miranda enquanto bebe seu suco de aipo. “Que fomos capazes realmente de abrir o caminho para tantas pessoas interessadas em clean beauty (beleza limpa).”

Desde seu pequeno lançamento em 2009, todos os produtos da Kora Organic tem sido não apenas “limpos”, mas certificados como orgânicos – uma raridade na indústria da beleza na época e hoje em dia.

“Certificação de orgânico não foi apenas porque eu queria usar produtos saudáveis, eu queria usar produtos  realmente poderosos, com altamente eficazes e saudáveis.”

Inicialmente, Miranda teve que perguntar a um químico se criar tal linha seria mesmo possível, uma vez que ela nunca encontrara produtos orgânicos certificados como consumidora.

“Eu trabalhei com químicos orgânicos por três anos no desenvolvimento da KORA, e então a lançamos no fim de 2009 na Austrália. Na época, eu trabalhava em horários malucos e viajava pelo mundo – era como um hobby.”

Como um dos rostos mais conhecidos no mundo, ela não estava apenas no auge de sua carreira, mas tinha acabado de sair na lista das modelos mais bem pagas da Forbes pela primeira vez.

Apesar de ter apenas 26 anos, ela já tinha passado 13 anos construindo seu nome como modelo, tentando diferentes hidratantes, cremes e produtos de beleza que profissionais de maquiagem recomendaram – todos os quais ela sentia que pareciam bons mas não faziam muito bem.

“Quero dizer, eu fui meio que preparada para estar nessa categoria sem ao menos perceber”, ela diz. “Eu sabia o que parecia certo, o que penetrava para dentro da pele ou apenas ficava na superfície e tem sido um processo incrível trabalhar com nosso químicos para levar nossos produtos até onde estão.”

Reprodução/Forbes

Miranda Kerr desfilando no Victoria’s Secret fashion show de 2009, mesmo ano em que lançou a Kora Organics

Nos primeiros anos, a carreira de modelo de Miranda Kerr não mostrou algum sinal de desacelerar: ela foi escolhida para apresentar o sutiã de US$ 2,5 milhões no Victoria’s Secret Fantasy Treasure, se tornou a primeira modelo grávida na “Vogue”, desfilou para Dior, Lanvin, Chanel e até substituiu Kate Moss como o rosto de Mango.

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Mas nunca foi seu plano de longa duração. “Minha mãe me dizia, ‘Olhe, ser modelo pode acabar amanhã, então guarde dinheiro e poderá investir em seu negócio algum dia.’”

À medida que a marca crescia cada vez mais na Austrália, Miranda investiu cada centavo de lucro no crescimento e expansão da empresa. Tudo autofinanciado, exceto uma pequena participação de um investidor privado. Hoje, ela ainda é dona de 95% da companhia.

“Mantive dessa forma porque eu realmente quis garantir a integridade da marca. Eu queria ser capaz de dar vida às minhas visões sem outras pessoas tentando diluí-las. Essa é minha visão, minha paixão e eu fui muito específica sobre o que queria desde o primeiro dia.”

Constantemente, mas nunca lentamente, as pessoas começaram a notar a KORA e surgiram ofertas de investimento e compra. Mas ela sempre as recusou.

“Em meu mundo ideal, serei capaz de passar essa empresa para meus filhos, como Estee Lauder passou sua empresa para seus filhos, e você precisa dessa integridade para a longevidade,” ela arruma uma mecha de cabelo e fixa o olhar. “Não estou aqui para criar um produto qualquer, vendê-lo e fazer muito dinheiro. Eu quero realmente que esses produtos ajudem a transformar a pele das pessoas no mundo inteiro, e eu quero que seja parte de meu legado.”

É claro que a dominação global demanda expansão mundial e Miranda – que recentemente começou a namorar o CEO da Snap Inc., Evan Spiegel – passou grande parte de 2015 e 2016 ponderando a ideia de mudar-se, e levar sua empresa para os Estados Unidos.

“Foi um ato de fé aumentar o investimento na empresa, porque tive que investir meu próprio dinheiro”, admite. “Realmente, foi assustador dar esse grande passo.”

Em uma reviravolta feliz nos acontecimentos, contudo, a Sephora aproximou-se de Miranda em 2017, perguntando se ela estaria interessada em um lançamento exclusivo nos  Estados Unidos com o apoio deles.

“Quando disse isso a Evan – que apostaria todas as minhas fichas nisso, e que é um pouco assustador, é um grande investimento, é muito pesado – ele disse, ‘Bem, eu apenas não entendo porque ainda não o fez, por que demorou tanto tempo?’”

“Ele tinha uma fé completa em mim e nos produtos. Ele dizia ‘eu não sei porque você passa todo seu tempo construindo as marcas dos outros quando deveria passar esse tempo e energia se focando em suas marcas – o que você está fazendo?,’” ela ri, adotando um tom falso de raiva. “Bom, outras pessoas me pagam e isso me custa dinheiro.”

Ainda assim, ver o potencial da empresa pelos olhos de Spiegel deu o empurrão que ela precisava. Pouco tempo depois, começou a negociar com Sephora e procurar um general manager nos EUA.

“Uma coisa que meu [agora] marido me ensinou foi a não temer procurar alguém para pedir um conselho. Ou se eu não souber fazer algo, não ter medo de dizer. Isso foi muito valioso porque eu conhecia tantas pessoas na indústria há tanto tempo e eu poderia ter ido a eles e falado ‘Ei, o que você acha disso?’ mas sendo australiana, eu acho, eu não queria impor.”

“Meu marido dizia ‘Vá em frente! As pessoas amam quando você pede um conselho!’ Essa é uma das chaves para crescer e aprender.”

“Às vezes, eu entro em contato com as pessoas pelo LinkedIn, e elas nem me conhecem. É tipo ‘Ei, é a Miranda, quer ter uma conversa?’”, ela ri, zombando de si mesma com um sotaque australiano mais forte. “Então fui ao outro extremo agora.”

Embora Spiegel não tenha ligação com a empresa, Miranda é grata que ele não apenas ama trocar ideias com ela, mas usa seus produtos todos os dias. “Ele é um ótimo conselheiro para mim, porque ele construiu sua empresa do zero, aprendeu muito. Ele é simplesmente o homem mais inteligente que conheço.”

Um sucesso por conta própria: a expansão do Snapchat (disponível para mais de duas milhões de pessoas em suas línguas nativas desde o segundo trimestre de 2020) levou ao crescimento em mercados emergentes, como a Índia, e gerou lucro de US$ 2,5 bilhões – um aumento de 62% ao ano.

Comparativamente, Miranda revela que a KORA Organics também cresceu 75% ao ano na América do Norte, quase dobrando, e agora tem 30 funcionários nos Estados Unidos, outros 30 na Austrália e se expandiu para 30 países incluindo o Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Singapura e Hong Kong.

Em grande parte, graças à tendência de interesse em consumo de “beleza limpa”- pela qual Kerr é grata e preocupada. Ela para um momento para trocar seu suco de aipo por café.

“Acho que tem muito barulho lá fora, motivo pelo qual eu permaneço sendo certificada por um órgão externo, como o Eco-Cert COSMOS (certificadora de produtos orgânicos) – eles têm regras estritas e regulamentos. É isso que destaca a marca.”

Mesmo que muitas marcas de beleza “limpas” e “naturais” forneçam o mínimo para se alinharem à tendência, a KORA ainda é a única com certificação orgânica que a Sephora – e muitos de seus concorrentes – oferece. “É um grande trabalho para nós, mas garante às pessoas que somos puros, e completamente transparente em nossos rótulos.”

Transparente, também, é o amor de Miranda por tudo que é espiritual. Enquanto continuamos a falar sobre as propriedades mágicas de seus ingredientes orgânicos favoritos, ela pega um quartzo claro, um citrino, uma ametista e um quartzo rosa e mostra na câmera. Eles brilham, em conjunto.

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“Os cristais têm sido uma ferramenta que eu realmente me apoio para ajudar a me manter centrada no coração. Eles me nutrem muito”, ela diz, acariciando o quartzo rosa. “Quando comecei a KORA, me perguntava como conseguiria incorporar a mágica que sinto dos cristais à linha.”

Um pedido improvável, claro, mas não impossível. O químico com o qual Miranda trabalhou, inicialmente, aperfeiçoou o processo em que utilizaria cristais quartzo rosa, energizados ao sol, para energizar cada ingrediente orgânico durante o processo de fabricação. E cada produto tem sido feito dessa forma desde então.

“Em primeiro lugar, é um cuidado saudável e poderoso para a pele, certo? Em segundo lugar, eu queria que as pessoas se sentissem nutridas”, diz. “Eu uso óleos essenciais em vez de fragrâncias sintéticas, porque eles também têm sido uma ferramenta poderosa para mim. Por exemplo, nosso  limpador Milky Mushroom tem rosa, gerânio e manjericão – óleos específicos que são realmente ótimos para acalmar e relaxar os sentidos. Quando você está usando o limpador, ele acalma sua pele e seu espírito ao mesmo tempo.”

Reprodução/Forbes

O novo hidratante de cúrcuma da Kora Organics pode ser recarregado de forma sustentável (Kora Organics)

A KORA Organics lançou na última segunda-feira (12) um de seus produtos com mais nutrientes até agora – o  Turmeric Glow Moisturizer – hidratante de cúrcuma -, um produto restaurador e ultra-hidratante com lipossoma personalizada criado para direcionar a aparência de hiperpigmentação, pontos escuros, opacidade, linhas finas e rugas (com ingredientes certificadamente poderosos, naturalmente).

Pela primeira vez, a marca também abriga o produto em um pote recarregável que desliza para dentro e para fora de um belo vidro com facilidade sustentável.

O produto levou mais de dois anos para ser formulado, para a surpresa da própria Miranda, apesar de ser grosso e luxuoso em textura, também fora quimicamente aprovado para todos os tipos de pele.

“Eu dei um a Katy Perry, que já falou abertamente sobre seus problemas com acne, e ela jogou todos seus outros hidratantes fora e agora só usa esse!”, diz com orgulho. “Ela está obcecada. Ela normalmente desiste de hidratantes, mas não fez isso com esse, e eu o amo tanto, mas tenho a pele mais seca. Mas ele funciona para todos os tipos de pele.”

Para marcar seu lançamento, a empreendedora decidiu gastar dinheiro em marketing digital e em mídias sociais pela primeira vez na história da KORA.

“Vamos ver como isso vai, sabe? Todo dinheiro que a KORA ganha, eu coloco de volta na empresa – eu ainda não recebi um centavo desde o primeiro dia – e ele financia investimentos de crescimento, novos produtos, expansão da equipe. É como um bebê, você precisa dar tudo de si para ele prosperar.”

Pelos próximos cinco anos, Miranda vai focar em solidificar a posição da KORA como líder nesse setor… e um pouco mais. “Eu, realmente, sinto que a KORA tem potencial de se tornar a Estee Lauder dos orgânicos. Vejo isso claramente.”

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