10 motivos para a Nova Zelândia estar no topo da lista de lugares aonde ir pós-pandemia

22 de maio de 2021
Divulgação

País virou símbolo de uma tendência: o slow travel, movimento que estimula as pessoas a viajar devagar e a passar mais tempo ao ar livre e conhecendo, com profundidade, as pessoas, seus sabores e sua cultura

A terra do slow life

Foi uma reação rápida para que a vida continuasse lenta – e bem aproveitada com tempo, qualidade e saúde, como os neozelandeses adoram. A decisão ágil de Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia, de começar a fechar as fronteiras do país contra a ameaça do coronavírus em 2 de fevereiro de 2020, logo no dia seguinte às notícias do primeiro infectado fora da China, foi certeira para proteger a população desse pequeno país da Oceania. Em junho, eles já estavam livres da Covid-19, retomando a rotina de viagens, restaurantes e eventos enquanto o planeta sofria com as abstinências do confinamento.

No ranking da Bloomberg Covid, este é o melhor lugar do planeta para se estar durante estes tempos de isolamento. Se as ilhas Norte e Sul que formam o país já figuravam na lista dos sonhos dos viajantes antes da pandemia, elas serão ainda mais desejadas quando caírem as barreiras locais para o turismo internacional. Até porque o país virou símbolo de uma tendência: o slow travel. Inspirado no slow food, o movimento estimula as pessoas a viajar devagar, por mais dias, de forma sustentável, em pequenos grupos – e que passem mais tempo ao ar livre e conhecendo, com profundidade, as pessoas, seus sabores e sua cultura.

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Devoção ao mar

Rodeados de água por todos os lados, os 5 milhões de habitantes das duas ilhas que formam o país respiram o frescor da cultura náutica. As pessoas surfam, mergulham, andam de caiaque, de stand-up paddle. Auckland, por exemplo, tem um belo Waterfront voltado para o Golfo de Hauraki. Centenas de veleiros e lanchas pontilham de branco as águas no entorno do Museu Marítimo e do Viaduct Harbour, que fica especialmente vibrante quando a cidade sedia regatas como a America’s Cup. Do cais partem ferry boats para a Ilha de Waiheke, destino artsy gourmet a meia hora de barco e com mais de 30 vinícolas.

Embarcar em um hidroavião é o jeito mais original de visitar Waiheke, avistando do alto parte das 54 ilhas no entorno do skyline de Auckland. “Fiz essa travessia num legítimo De Havilland DC-2 Beaver 1961, raridade da aviação mundial, e foi uma experiência que jamais vou esquecer”, conta o fotógrafo Bob Wolfenson. Entre suas memórias, uma inusitada: “Foi a primeira vez que tive de tirar os sapatos para descer de uma aeronave, pois o avião pousa na água e o passageiro já sai caminhando pela beira do mar”, lembra. O destino de Bob estava logo ali, a poucos passos: a vinícola Man’O War, com vista para o mar.

Vocação para road trips

Para quem sonha cair na estrada de um jeito seguro, autônomo e ao seu ritmo no mundo pós-pandemia, a Nova Zelândia é o éden das viagens de carro. O país ostenta uma rede de 11 mil quilômetros de autoestradas bem cuidadas e se conectando a outros 83 mil quilômetros de pistas locais. A natureza surpreende e desperta suspiros a cada curva das estradas mais cênicas. Há muitos mirantes para paradas de descanso, às vezes com cafés e restaurantes com vista para lagos e montanhas. Horizontes deslumbrantes também são comuns nos campings e estacionamentos para quem se aventura a alugar motorhomes e camper-vans – quase sempre com direito a segurança, wifi, energia elétrica, banheiros limpos, playgrounds, mercadinhos…

De Auckland, as distâncias são confortáveis para descobrir as boas surpresas da Ilha Norte – como as praias e ilhas da Bay of Islands, os gêiseres do território maori de Rotorua, o mundo encantado de Hobbiton e a urbanidade jovem da capital Wellington. Christchurch, maior cidade da Ilha Sul, é uma boa base para explorar as trilhas do Parque de Mt Cook, a rota gastronômica de Canterbury e as aventuras de Wanaka e Queenstown. Com tempo, a jornada mais completa é aquela que roda o país de Sul a Norte, sem pressa.

Lar de hobbits

Em 2021 completam-se 20 anos que o cineasta neozelandês Peter Jackson lançou o primeiro filme da trilogia “O Senhor dos Anéis”. Desde que as aventuras fantásticas de Frodo na Terra Média mostraram ao mundo a geografia privilegiada do país, as mais de 150 locações reais do longa-metragem não param de receber cinéfilos. “O Senhor dos Anéis” ganhou mais dois filmes da série, Jackson fez sucesso também com a trilogia “Os Hobbits” e seus estúdios Weta Workshop se tornaram atrações divertidas. O maior deles fica na capital Wellington, e o mais novo foi inaugurado em dezembro de 2020 em Auckland. O Weta Workshop Unleashed fica bem em frente à Sky Tower, torre de 328 metros que é um ícone da cidade. Entre os estúdios de Auckland e o de Wellington, a parada mais estratégica para seguir a rota do “Senhor dos Anéis” de carro acontece em Waikato: o set de filmagens de Hobbiton, que reproduz os 44 buracos onde vivem os hobbits.

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Aventuras para destemidos

Com 23 montanhas acima de 3 mil metros de altitude, mais de 80 vulcões e cerca de 3 mil glaciares, não é de estranhar que a Nova Zelândia seja o país pioneiro na criação de atividades radicais como o bungee jump, o jet boat e a catapulta. A charmosa cidade de Queenstown, na Ilha Sul, ganhou o apelido de capital local da aventura porque suas montanhas nevadas e seus lagos são molduras para essas e outras vivências de ação, como rafting, tirolesa, skydiving e heli-skiing.

Verdadeiro rito de passagem para vários viajantes, o primeiro bungy do mundo até hoje seduz quem chega à ponte Kawarau a saltar de seus 43 metros de altura. Os mais ousados podem buscar o maior bungy do país, o Nevis, com 134 metros e 8,5 segundos de queda.

A partir de Queenstown, a esticada mais impactante aos olhos é a que leva ao Parque Nacional dos Fiordes, cartão-postal do país. Milford Sound e outros fiordes famosos podem ser explorados de carro, a pé e em cruzeiros observando cachoeiras gigantes formadas pelo degelo dos glaciares. Quem vai de helicóptero segue na adrenalina: a aeronave pousa no alto dos paredões dos fiordes mais lindos do mundo.

Orgânicos e bom vinho

Na Nova Zelândia, turismo gastronômico é coisa séria. Que o diga Bela Gil, que rodou o país em encontros com produtores de alimentos orgânicos no projeto de intercâmbio criativo Creators, da operadora Terramundi. Uma vivência que exemplifica o refinamento da boa mesa local foi a visita à fazenda The Food Farm, na Ilha Sul. A anfitriã Angela Clifford, líder do movimento de valorização dos produtos nativos e da produção sustentável, apresentou suas plantações e criações a Bela, como faz com visitantes gourmets. Cada vez mais reconhecidos mundialmente, os vinhos neozelandeses fazem parte de toda boa refeição – como notou a própria Bela na Black Estate, vinícola local que abriga aquele que é considerado o melhor restaurante de vinícola do país.

Hospitalidade seis estrelas

Em uma nação que vive no topo dos rankings mundiais de qualidade de vida e de felicidade da população, é compreensível que os neozelandeses sejam ótimos anfitriões. O prazer de receber bem fica evidente nas experiências de hospitalidade de luxo, não só nas cidades, mas também em lugares remotos.

Nas cinco vilas privadas do premiado Eagles Nest, diante das ilhas paradisíacas de Bay of Islands, na Ilha Norte, os personal chefs preparam desde os banquetes de frutos do mar frescos até o ambiente para jantar à beira da piscina particular vendo o mar. Do heliponto partem os sobrevoos pelas ilhas locais. É só de helicóptero que se chega a outro refúgio idílico perfeito para imersão natural, este na Ilha Sul: as únicas quatro cabanas do Minaret Station Alpine Lodge, entre os picos nevados e a lagoa de Wanaka. Um staff discreto garante que não falte nada aos hóspedes superexclusivos que ali chegam.

Em todos os casos, a enogastronomia de alto nível é palavra de ordem. Na capital Wellington, por sinal, pode-se ter a experiência gastronômica que melhor representa a faceta contemporânea do país. O premiadíssimo Hiakai, da chef maori Monique Fiso, levou sua cozinha de pesquisa nas tradições indígenas a ser destacada na série “The Final Table”, da Netflix, e a figurar entre as experiências top de viagem do Lonely Planet em 2021.

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Cultura maori viva

Eles cumprimentam com o hongi, o toque de nariz com nariz, pois acreditam que sentir a respiração do outro é uma forma de comungar o sopro sagrado da vida. Recebem os visitantes nos marae, casas de boas-vindas da comunidade, e podem apresentar uma performance musical kapa haka ou a dança de guerra haka, popularizada mundo afora pelos jogadores de rúgbi do time All Blacks. Nos encontros com os maori, os povos indígenas descendentes dos primeiros imigrantes polinésios que ali desembarcaram há mais de mil anos, sente-se o prazer da descoberta das tradições de um povo. Na última década, os maori têm valorizado seu orgulho indígena e reafirmado ser uma cultura não apenas ancestral, mas viva, com destaque na moda, na gastronomia e nas artes contemporâneas.

A cidade de Rotorua se destaca como a principal base para conhecê-los na Ilha Norte. No centro cultural Te Puia, jovens maori quase sempre tatuados podem preparar um banquete hangi, em que a comida é cozida na água fervente e subterrânea das piscinas entre gêiseres. Uma série de ateliês abertos permite conhecer a arte têxtil, as esculturas de madeira e a joalheria maori – enquanto o entorno da cidade surpreende com poços de águas termais, lama medicinal e cachoeiras de água aquecida naturalmente pelo subsolo vulcânico.

Esporte e arte hi-tech

Em dezembro de 2020, Auckland inaugurou a All Blacks Experience, uma espécie de museu high tech interativo totalmente dedicado ao time de rúgbi considerado um dos melhores do planeta. Em uma nação onde esse é o esporte número 1, passar 45 minutos aprendendo desde lances de jogo até detalhes da história dos heróis da seleção é uma experiência memorável. Uma tela de 14 x 4 metros ensina os passos da haka maori praticada pelos jogadores. A tecnologia permite que o visitante experimente desde como é o vestiário até viver a emoção de passar pelo túnel que dá acesso ao campo da partida.

Unir arte e tecnologia é algo que os neozelandeses fazem bem. Também inaugurada em dezembro, a Manea Footprints of Kupe é um centro cultural e educacional que reconta a história de Kupe. Ele é considerado o primeiro habitante a chegar, mais de mil anos atrás, da Polinésia a Aotearoa, nome original do país. Ao custo de US$ 6,8 milhões, as instalações foram erguidas diante das praias de Hokianga, na Ilha Norte, e incluem a exibição de um filme 4D e de conteúdo interativo que ensina sobre a música, a religião e a saga das primeiras viagens de exploração dessas ilhas.

Vida ao ar livre

Parece que todo mundo caminha, pedala e faz esporte na Nova Zelândia. As atividades ao ar livre são parte do estilo de vida dos kiwis, como são apelidados os nativos em homenagem ao pássaro de mesmo nome – homônimo também da famosa fruta local. Qualquer viagem à Nova Zelândia será mais original se o visitante tentar viver como um neozelandês.

Entre as experiências outdoor mais arrebatadoras, o passeio pelo Parque Nacional de Mt Cook, na Ilha Sul, se destaca pelo cenário de campos nevados, lagos e glaciares, com várias trilhas cênicas para trekkings. O parque abriga a montanha mais alta do país, o Monte Cook, com 3.725 metros, escalada por Sir Edmund Hillary em 1948. Primeiro homem do mundo a chegar ao cume do Everest, maior pico do planeta, em 1953, o montanhista ilustra a bela nota de 5 dólares neozelandeses. Para ter uma ideia da infinidade de beleza que Hillary e outros poucos escaladores do Cook avistam, nenhuma experiência supera o sobrevoo até um campo de gelo nas alturas. O pouso no glaciar vem acompanhado de um frio na barriga, mas vale a pena. E pensar que a caminhada, por vezes com neve até o joelho, dá só um gostinho de como devem ter sido as explorações de Sir Hillary…

Veja, na galeria a seguir, imagens da Nova Zelândia:

O All Blacks Experience, uma espécie de museu high tech inaugurado em Auckland em dezembro passado
Um prato servido na Black Estate
O bungee jump no Canyon Swing, em Queenstown
O premiado Eagles Nest, diante das ilhas paradisíacas de Bay of Islands, na Ilha Norte
Os gêiseres do território maori de Rotorua
O set de filmagens de Hobbiton, de "O Senhor dos Anéis"
O cumprimento hongi: o toque de nariz com nariz conecta respirações
Hooker Valley, no Parque Nacional de Mount Cook, na Ilha Sul
Vinícola Man’O War, visitada pelo fotógrafo Bob Wolfenson após voar no hidroavião De Havilland DC-2 Beaver 1961

Reportagem publicada na edição 84, lançada em fevereiro de 2021

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