Smiley completa 50 anos com império de licenciamento de R$ 1,8 bilhão

8 de abril de 2022
Willian Soares

Nicolas Loufrani, CEO da Smiley, na instalação da marca no shopping Cidade Jardim

Em 1972, ao desenhar uma carinha feliz para uma campanha de notícias positivas de um jornal francês, o jornalista Franklin Loufrani logo registrou o design comercialmente, já pensando em alternativas de negócios com ele. Cinco décadas depois, os números falam por si só sobre o sucesso da sua ideia: em 2021, a empresa fundada por ele, a Smiley, vendeu em produtos US$ 400 milhões (R$ 1,8 bilhão, na cotação atual) no ano passado, em acordos de licenciamento e parceria com outras marcas baseados na (que se tornou) a carinha feliz que todos nós já conhecemos 😊. 

A trajetória de sucesso da companhia, responsável por estampar um dos sorrisos mais famosos do mundo em vários produtos (como as batatinhas sorriso), está atrelada à era da internet. Nos anos de 1990, o filho de Franklin, Nicolas Loufrani, se envolveu com os negócios em uma tentativa de modernizá-los – em uma época em que a empresa estava sob risco de se tornar “irrelevante”, conta. Para reverter o cenário, criou variações da carinha original para o dicionário Smiley, uma espécie de primórdios dos emojis, o que lhe garantiu o título de “pai dos emoctions”. 

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Hoje CEO da empresa fundada pelo pai, Nicolas atribui muito do desempenho da Smiley – com crescimento anual de 20% em 2020 e 50% em 2021 em relação ao ano anterior – às estratégias de marketing e criatividade junto das suas mais de 400 marcas parceiras. “O licenciamento era feito 50 anos atrás de forma totalmente diferente do que é hoje. As empresas compravam a licença comercial e faziam qualquer produto imaginável, sem direção criativa de design ou branding. Era sobre lançar o máximo de itens possível”, explica. 

De 15 anos para cá, Nicolas tem trabalhado de perto na modernização e reposicionamento da Smiley, especialmente como uma marca de moda e lifestyle. “Nosso logo é tão famoso quanto o da Nike e da Lacoste, por exemplo. Minha ideia principal foi fazer parcerias com grandes designers e redes de fast-fashion, para criar uma marca que transitasse entre as varejistas de moda e as grifes de luxo. Dá para trazer criatividade e produtos únicos para cada uma dessas categorias”, afirma o CEO. 

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A Smiley faz parcerias de licenciamento especialmente com marcas de moda

No portfólio, a Smiley tem coleções lançadas ao lado de designers como Ralph Simons e Jeremy Scott, da Moschino, varejistas do calibre da H&M e Zara, e grandes marcas esportivas, a exemplo de Adidas, Puma e Champion. Ao todo, o segmento de licenciamento para a moda (considerando roupas, sapatos, bolsas e acessórios) é a principal fonte de receita da companhia, equivalente a 60% de seu faturamento. O restante vem de setores como o de alimentos e bebidas, itens para casa, beleza, editorial e brinquedos. 

Entre os mercados mais importantes, estão a China e os Estados Unidos, seguidos de países europeus como Espanha, Reino Unido e Alemanha. Ainda assim, nos últimos cinco anos, a Smiley tem apostado com mais força no Brasil, com parcerias com uma série de marcas nacionais – entre elas Havaianas, Farm, Riachuelo, Renner, Brinox, Monte Carlo e Cícero. “Queremos desenvolver mais o mercado brasileiro, então estamos gastando tempo e recursos para isso. Acho que o Brasil combina muito com a filosofia e o estilo de vida da Smiley”, diz Nicolas.

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Parceria da Smiley com a Havaianas

50 ANOS DA SMILEY

O Brasil vem chamando a atenção da empresa de tal forma que foi um dos países escolhidos por Nicolas e equipe para hospedar as comemorações especiais de aniversário de 50 anos da Smiley. Ao redor do mundo, instalações e lojas pop-up foram colocadas em locais referência do varejo e da moda, como as Galeries Lafayette-Haussmann, em Paris, e lojas de departamento da Nordstrom nos EUA e no Canadá.

Em solo brasileiro, as exposições temporárias estarão até o final deste mês no Shopping Cidade Jardim e no Shops Jardins, em São Paulo. Por lá, balões amarelos de até 1,5 m de diâmetro com o icônico Smiley estampado decoram os corredores e jardins dos dois shoppings. Também é possível comprar a coleção especial de aniversário da marca, com mais de 50 criações feitas por nomes relevantes da moda brasileira e internacional. 

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Loja pop-up da Smiley nos shoppings Cidade Jardim e Shops Jardins

Entre os itens, estão o livro “50 Years of Good News”, da Assouline, que reuniu notícias boas e otimistas das últimas cinco décadas; moletons, jeans, bolsas e chapéus Karl Lagerfeld; chinelos da Havaianas; brincos Moschino e óculos Thierry Lasry. 

Para os próximos meses, Nicolas revela que planos já estão definidos: até o começo de junho, a Smiley lançará sua primeira coleção de NFTs, começando com uma peça única que será leiloada nos EUA. Em seguida, a próxima grande campanha será sobre sustentabilidade. “Queremos trazer conceitos sustentáveis para a indústria de licenciamento”, conta.

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