Hoje na quarta geração, experimenta o ostracismo. Virou uma espécie de Rocky Balboa dos carros: já foi imbatível um dia, inspirou muita gente a se aventurar no esporte, mas hoje é um ídolo do passado.
Seria preciso uma renovação profunda para devolver ao SUV a glória de outrora. Pois foi o que fizeram na quinta geração, já lançada lá fora e com as malas prontas para o Brasil. A versão híbrida 4xe já foi confirmada; dúvida é se o Grand Cherokee L, aqui avaliado em primeira mão, vem também.
Leia mais: XC90 ganha mais autonomia para não depender de gasolina na cidade
Mas, para quem se apresentou ao mundo estilhaçando uma parede de vidro em pleno Salão de Detroit, levar dois ocupantes a mais soa quase trivial.
Esta quinta geração talvez marque a maior ruptura de um Grand Cherokee para o próximo. Baseada na arquitetura WL – que a Jeep garante ter sido projetada a partir do zero – , a nova encarnação do SUV tem apenas 29% de sua estrutura monobloco em aço convencional, servindo-se mais de aços de alta resistência e alumínio.
Quando a comparação é com o Grand Cherokee L, então…Aí são 5,20 m de para-choque a para-choque e 3,09 m do eixo dianteiro ao traseiro – entre os quais quase daria para estacionar um Fiat Mobi, que tem 3,60 m. E ainda assim a carroceria está 13% mais resistente a torções.
Apenas os motores conhecidos há tempos – o Pentastar 3.6 V6 de 297 cv e o Hemi 5.7 V8 de 362 cv – parecem intrusos num carro que praticamente manteve apenas o nome e a glória do anterior.
Massagem e silêncio
De dentro do jipão, o bagunçado e barulhento trânsito mexicano parecia bem menos bagunçado e barulhento, tal a eficiência do isolamento acústico.
A tal ruptura da quarta para quinta geração não se limita a questões estruturais: sair do antigo e entrar no novo é como fazer check-out em um hotel quatro estrelas e em seguida check-in num de cinco.
Bruto no tamanho, o Grand Cherokee é generoso com os ocupantes: volante com aquecimento, câmera de visão noturna que detecta pedestres e animais, sistema de som McIntosh com 19 alto-falantes e 835 watts de potência, quatro tipos de massagem para motorista e passageiro da frente, bancos dianteiros e da segunda fileira com aquecimento (os dianteiros com ventilação, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência e assistente de manutenção de faixa são algumas das benesses disponíveis.
Sobra, claro, espaço para todos. Para o motorista a ergonomia é irretocável. Quem está acostumado com o descanso de pé recuado e número 36 da dupla Commander/Compass, encontra no Grand Cherokee um suporte bem mais avançado e número 48. Em outras palavras, enquanto os Jeeps nacionais suportam o pé da Cinderela, o Jeep estadunidense encara o pé do Shrek.
Segunda fileira igualmente espaçosa e a terceira pode até levar um adulto por pequenos trajetos. O sistema de acesso para os fundos é simples, mas uma criança de 6 anos não conseguiu operá-lo. Com tanto luxo, faltou ali um acionamento elétrico.
V8 raiz
Embora nem sempre seja nas quatro, pois há um recurso neste Grand Cherokee que desconecta a tração do eixo dianteiro quando não há demanda. Não houve oportunidade para um teste off-road. E isso pode dizer algo sobre a aura ao redor do Grand Cherokee: alguém tem coragem de duvidar da habilidade aventureira de um carro com tamanha experiência no assunto e que, agora, oferece três tipos de sistema 4×4?
Além do Quadra-Trac I, há o Quadra-Trac II com caixa de transferência de duas velocidades e o sistema Quadra-Drive II, com reduzida e diferencial traseiro de deslizamento limitado controlado eletronicamente.
Só não podemos esperar economia, o que me parece evidente para um V8 de mais de 5 metros de comprimento: segundo a agência responsável pela aferição de consumo dos EUA (EPA), a média é de 7,2 km/l.
Mais dinâmico, luxuoso, bonito e equipado do que nunca, o Grand Cherokee será um sucesso por aqui – caso venha.