Quem tem a chance de comer no melhor restaurante do mundo, o Geranium, prova seu menu degustação de 22 pratos e cerca de R$ 2.300 com vista para um belo parque de Copenhague. A visão do outro lado também é verde, mas por outro motivo: ali é o gramado onde acontecem as partidas de futebol do FC Copenhagen e da seleção da Dinamarca. O restaurante número um do planeta, vencedor do título em 2022 pelo renomado ranking The World’s 50 Best Restaurants e dono de três estrelas Michelin, fica no 8º andar de uma arena esportiva, o Estádio Parken.
A combinação pode parecer inusitada à primeira vista. No imaginário popular, um estádio está longe de ser associado à alta gastronomia. Mas com ambientes confortáveis, pratos mais elaborados e horários de funcionamento que vão além das partidas, as arenas esportivas têm apostado em atrair um novo público, de famílias a executivos, para seus restaurantes.
O Geranium é só um exemplo de fine dining nos estádios. O fenômeno pode não ser recente na Europa (o dinamarquês foi inaugurado em 2010, vale dizer), mas no Brasil a tendência começa a chamar atenção e atrair investimentos.
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Quem tem sido um dos pioneiros deste movimento no país é Mark Zammit e sua empresa, a Gourmet Sport Hospitality (GSH). Há mais de uma década, a companhia faz o catering de eventos esportivos, já tendo sido responsável pela comida dos camarotes da Copa de 2014 e das Olimpíadas do Rio, por exemplo.
Nos últimos anos, no entanto, a GSH começou a expandir os negócios gastronômicos para além dos dias de jogos e dos camarotes. “Os estádios não conseguem mais sobreviver só com futebol, é preciso funcionar no dia a dia e ter fontes de receitas diversificadas, que não sejam só de jogo, evento ou patrocínio”, explica o CEO.
Entre as apostas, a ideia dos restaurantes trouxe a chance de trazer algo “inédito” para a cena esportiva nacional: uma cozinha mais sofisticada, com serviço aprimorado. “Tradicionalmente, os estádios eram lugares para refeições rápidas, onde você comprava uma comida ou uma bebida para se alimentar enquanto via o jogo. Nossa meta é elevar esse padrão e dar a possibilidade para que as pessoas desfrutem de um bom cardápio”, diz Zammit.
O plano já está em andamento. Recentemente, a GSH investiu quase R$ 6 milhões em dois restaurantes no Allianz Parque, em São Paulo. O Braza e o La Coppa, inaugurados em meados de 2022, têm cozinha do chef Giovanni Renê, vencedor do programa Top Chef, e compõem a cena gastronômica da arena junto ao veterano Nagairô Sushi (que existe desde 2018), todos administrados pela empresa de Zammit.
Com menos de um ano de abertura, a aposta tem se mostrado acertada, com um aumento perceptível no movimento do Allianz em datas comuns: “Aos sábados, vemos um público de 400 pessoas almoçando ou jantando em família e amigos. Nos dias de semana, a média é 250 clientes, especialmente entre executivos e pessoas que trabalham na região. É uma arena viva, que funciona fora de dias de eventos. Até cinco anos atrás, isso não seria visto”.
Ao contrário do Geranium, os restaurantes da arena paulistana têm vista direta para o gramado onde o Palmeiras costuma jogar, uma vantagem que permite criar experiências especiais. Em dias de jogos de futebol ou shows internacionais – nos próximos meses, o Allianz receberá artistas como The Weeknd -, o Braza e o La Coppa se tornam camarotes de luxo, com comida e serviço premium, além da visão privilegiada.
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Pelo ambiente e gastronomia diferenciados, a procura por pacotes só aumentou, de acordo com o empresário: “Antes, nem 2% do público do estádio buscava por isso. Hoje, a demanda subiu para 20%, com pessoas que querem pacotes mais sofisticados, com chefs dentro dos camarotes”. Os valores chegam a R$ 4.000 por pessoa dependendo do evento.
Agora, a GSH está investindo na expansão para outros destinos. Em abril, uma nova arena do Atlético Mineiro será aberta em Belo Horizonte, com dois restaurantes administrados pela empresa. Uma filial também foi aberta em Lisboa, depois do grupo ter ganho a concessão pelo catering do Estádio da Luz, sede do clube Benfica.
OUTROS RESTAURANTES EM ESTÁDIOS
Veja a seguir uma seleção de restaurantes dentro de estádios pelo mundo:
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Divulgação Geranium – Estádio Parken, Copenhague
Comandado pelo chef Rasmus Kofoed, o Geranium serve pratos de alta gastronomia inspirados na culinária escandinava e feitos com ingredientes sazonais. Ele apareceu pela primeira vez na lista dos melhores do mundo do 50 Best em 2013, mesmo ano em que recebeu duas estrelas Michelin. A terceira estrela foi conquistada três anos depois, em 2016, o primeiro restaurante da Dinamarca a atingir este feito.
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Divulgação Puerta 57 – Estádio de Santiago Bernabéu, Madrid
Esse é um dos restaurantes mais emblemáticos e luxuosos do estádio do Real Madrid, especializado em frutos do mar tradicionais espanhóis. Localizado perto da arquibancada, também vira camarote com assentos de hospitalidade – e vista privilegiada – em dias de jogos.
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Divulgação Braza – Allianz Parque, São Paulo
Aberto em maio de 2022, o Braza é especializado – como bem diz o nome -, em preparos feitos na brasa, especialmente de cortes nobres (como o Tomahawk Black Angu) e vegetais. Nas mãos do chef Giovanni Renê, por lá são servidos pratos como arroz caldoso de picanha e hambúrguer com costela de wagyu e queijos tulha. Com vista privilegiada para o gramado do estádio, o restaurante tem várias programações especiais em datas de jogos ou até de transmissão de campeonatos como a Champions League. Há dias com música ao vivo, DJ e até a presença de ex-jogadores ilustres do Palmeiras, além de menus executivos nos dias de semana.
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Divulgação Frankie’s Sports Bar & Diner – Estádio Stamford Bridge, Londres
Dentro da arena do Chelsea, este restaurante combina decoração sofisticada com uma atmosfera esportiva descontraída. O menu abrange uma seleção de hambúrgueres gourmet, pratos indianos e opções típicas da Inglaterra, como o fish and chips. Ao todo, 16 telões estão espalhados pelo ambiente, para que qualquer um tenha um bom ângulo da partida ao vivo.
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Divulgação By Koji – Estádio do Morumbi, São Paulo
Sob o comando do chef Koji Yokomizo, o By Koji – com mais duas unidades na capital paulistana – serve a tradicional gastronomia japonesa com toques contemporâneos. O local é conhecido pelos diferentes cortes premium de peixe, como o bluefin, toro e carapu, além de ter no menu pratos com caranguejo gigante centolla, unagui e até foie gras e wagyu. Em dias de show (como a recente turnê do Coldplay), o espaço vira um lounge premium com cardápio especial de open bar e open food. Também serve almoço executivo nos dias de semana.
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Divulgação Luz by Chakall – Estádio da Luz, Lisboa
O chef argentino Chakall, com vários restaurantes espalhados por Portugal, serve na sede do Sport Lisboa e Benfica um menu que combina os sabores da Argentina, da Itália e de Portugal. Com três andares e vista privilegiada do gramado, também funciona como camarote em dias de jogos e pode ser reservado para eventos de fora.
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Divulgação Delia’s – Estádio Carrow Road, Norwich
A casa do Norwich City abriga o restaurante de um dos nomes mais queridos do mundo culinário britânico: Delia Smith. Aberto apenas de sexta e sábado, o local serve as receitas da famosa cozinheira e apresentadora de TV em um ambiente de fine dining. O menu muda regularmente de acordo com as estações do ano. Além do restaurante, Delia também é responsável por toda a parte de catering do estádio, especialmente dos espaços de hospitalidade.
Geranium – Estádio Parken, Copenhague
Comandado pelo chef Rasmus Kofoed, o Geranium serve pratos de alta gastronomia inspirados na culinária escandinava e feitos com ingredientes sazonais. Ele apareceu pela primeira vez na lista dos melhores do mundo do 50 Best em 2013, mesmo ano em que recebeu duas estrelas Michelin. A terceira estrela foi conquistada três anos depois, em 2016, o primeiro restaurante da Dinamarca a atingir este feito.