A veia empreendedora dos pais se manifestou ao perceber que desejava a própria marca, que hoje não se limita à arquitetura, atuando também com interiores e design de produto. Na arquitetura, além de casas e apartamentos, assina o showroom de grifes como Ermenegildo Zegna e L’Occitane.
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Aos 56 anos, ela está há 33 à frente do escritório que leva seu nome – há 17 em uma cobertura da Vila Olímpia –, liderando uma equipe de mais de 40 colaboradores. A longa carreira (com negócios de norte a sul no Brasil e no exterior) é pontuada pelo reconhecimento de diversos prêmios internacionais – no ano passado, foi eleita uma das cem maiores por profissionais da América Latina pela revista Architectural Digest. A dedicação ao trabalho, no entanto, não a impediu de viver a maternidade (com intensidade, diga-se): é mãe de trigêmeos, de 29 anos.
Forbes Brasil – Por que decidiu estudar arquitetura?
Fernanda Marques – Não há arquitetos na família, foi uma escolha bem em acordo com meus interesses. Durante o segundo grau, a escolha foi tomando forma, muito por base nas minhas vivências. Fui a primeira arquiteta da família, mas não a última:, uma de minhas filhas, Isabella, seguiu os mesmos passos [os outros filhos são Rafael, administrador que trabalha com energias renováveis; e Victoria, advogada].
Quais foram as suas principais lições na FAU-USP?
Fundamentalmente, uma visão multidisciplinar à arquitetura, que aborda do urbanismo ao desenho do objeto, e o compromisso do arquiteto com a sociedade. Mas, mais do ponto de vista subjetivo, acredito que veio dos anos da FAU a consciência de que nós, arquitetos, podemos acrescentar um gradiente estético a mais na vida das pessoas. Transposto para os dias atuais, porém, vejo esse compromisso ligado à minha preocupação permanente com a sustentabilidade em todos os níveis. Do pessoal ao profissional. Da minha casa ao escritório, onde procuro trabalhar dentro de parâmetros ideais de menor impacto ambiental.
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Quando ganhou seu primeiro prêmio internacional?
Quais são os prêmios recentes mais emblemáticos?
Diria que os últimos recebidos são os mais emblemáticos: IF Design Award 2023 [venceu com dois projetos: Casa Jabuticaba e Vista Residence] e o Interior Design Magazine [entregue em Nova York no ano passado pelo projeto Brazilian Financial Center, em duas categorias: Large Commercial Lobby e Amenity Space Category].
Quem são seus ídolos estrangeiros e brasileiros na arquitetura?
São muitos e variam de acordo com o tempo e suas realizações. Para citar uma do exterior e outro do Brasil: Zaha Hadid [iraquiana, 1950-2016] e Paulo Mendes da Rocha [capixaba, 1928-2021].
Quais são as cidades no exterior onde tem clientes?
Muitos de nossos clientes nacionais evoluíram para que construíssemos no exterior, enquanto temos estrangeiros desde o princípio. As cidades no exterior onde temos projetos: Londres, com o projeto London Penthouse; Lisboa, com o apartamento LX; Panamá, Cascais e St. Tropez são lugares onde estamos construindo belíssimas casas; em Nova York e Miami, fizemos alguns projetos de interiores em apartamentos com localizações muito privilegiadas, e, por fim, Luanda, onde temos um projeto em andamento.
Além de projetos arquitetônicos, quantos produtos hoje levam a sua assinatura?
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Quando começou a fazer móveis?
Antes mesmo de começar a pensar a desenvolver produtos para comercialização, já gostava de desenvolver produtos exclusivos para meus projetos. Essa vontade foi evoluindo. Criamos alguns mobiliários por conta própria, como o Banco Infinito, até recebermos convites de empresas para o desenvolvimento de produtos para colocá-los à venda no mercado.
O projeto Casa Fazenda Boa Vista fez 10 anos em 2023. Ele é especial para você?
O projeto Fazenda Boa Vista teve início em 2013 e foi finalizado em 2015. Com esse projeto, vencemos dois prêmios importantes: o A’ Design Award e o World Architecture Community Awards. Foi nosso primeiro projeto entregue no condomínio em Porto Feliz [interior de São Paulo]. Esse projeto nos abriu muitas portas para que nossa arquitetura residencial pudesse ser contemplada com outros olhos.
Qual projeto de apartamento você gostaria de destacar?
Como é a sua rotina?
Meu dia a dia é muito intenso. Acordo por volta das 7h. Busco sempre fazer um exercício físico, tomo meu café da manhã junto com a família e preencho as manhãs com atividades gerais, como algum curso, ou mesmo me dar ao luxo de conversar com amigos fora do ambiente de trabalho. Ter tempo de qualidade para mim e minha família hoje é alguns dos principais pilares para que a semana seja completa. Depois, almoço e dou início ao trabalho. Todo início de semana tenho uma reunião longa e completa com todos os coordenadores de equipes. Finalizo o dia lendo um bom livro, assistindo a um documentário, buscando sempre o bom convívio e a harmonia com aqueles que amo.
Tem um lugar para onde sempre viaja no Brasil? E no exterior, qual destino é inspirador para sua arquitetura?
Para Paraty, em nossa casa de praia. Lá, recarrego minhas energias. No exterior, grandes cidades, como Nova York, Londres, Lisboa, Tóquio, Copenhagen e Estocolmo. É onde sinto a vida acontecer com toda a sua intensidade.
Entrevista publicada na edição 110 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes.