Olivier Anquier é um eterno otimista. Aos 65 anos e sem tempo a perder, o francês “construído no Brasil”, como gosta de se definir, está com mais vontade do que nunca de criar e continuar na ativa, fazendo aquilo que sempre fez bem: seu famoso bife com fritas. A diferença agora é que o chef não quer se contentar só com São Paulo. O plano é levar o L’entrecôte d’Olivier pelo Brasil e, até o primeiro semestre de 2026, para a Arábia Saudita.
“Jamais imaginei que faria algo deste tipo, que a receita da minha tia me levariam a esse lugar. Mas o destino coloca na nossa vida as oportunidades e as pessoas na hora certa”, conta ele, feliz da vida.
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O convite para expandir a marca de 17 anos veio do empresário árabe Tarik al-Abassi. Um apaixonado pelo prato francês de carne e batata frita, já tendo experimentado versões mundo afora, ele virou um freguês assíduo do restaurante de Olivier. “Era um cliente frequente, toda vez que estava em São Paulo, nem que fosse para uma escala, fazia questão de ir até o L’entrecôte d’Olivier. Elegeu o meu como o melhor do mundo”, lembra o chef.
Tarik e a esposa, a curitibana Cilene, então abordaram o francês há um ano e meio. “No começo achei que era trote, era muita loucura”, ri. “Mas fomos estreitando relações, ouvindo as propostas e aceitei”.
Como sócios, enfim chegaram a um conceito que mistura os dois negócios de sucesso do chef: o entrecôte e o pão, sob o chamariz do complexo gastronômico “Olivier Anquier du Brésil”.
“Já tem o ponto, o arquiteto. Estamos a milhão”, conta ele animado, já preparado para visitar o projeto no ano que vem. A ideia é levar o conceito que tem em São Paulo, com o mesmo molho, a sobremesa, e o trabalho de panificação e café que faz no Mundo Pão do Olivier. A única adaptação para a cultura saudita será o ponto da carne, que é apreciada localmente mais bem passada. “Será ao gosto do freguês”, assegura.
Antes do Oriente, uma parada: Curitiba. No ano que vem, o projeto piloto do Olivier Anquier du Brésil será inaugurado na cidade natal de Cilene, como forma de testar o conceito como um todo. A novidade ficará no bairro Santa Felicidade.
Muitas novidades para o chef, que fecha 2024 com mais uma unidade da casa de entrecôte em pleno centro de São Paulo, na cobertura do edifício Esther – nada menos do que a residência de Di Cavalcanti nos anos 1950. Depois de um investimento de mais de R$ 2 milhões, incluindo uma mega reforma, o espaço Rooftop foi recém-aberto em novembro.
Agora em sociedade com Jandir Dalberto (ex-CEO da Fogo de Chão e o responsável pela expansão da franquia de galeto Di Paolo) e sua esposa Izabel Cristina, a ideia é unir expertises para uma expansão a nível nacional. “Queremos levar para todo o Brasil o L’entrecôte d’Olivier, com o mesmo cuidado e a mesma emoção”, diz o chef.
Até lá, ele continuará firme e forte servindo seus 600 bifes com batatas fritas por dia e supervisionando todos os seus negócios – os dois restaurantes, os quiosques de café, o ateliê de pães (ele se recusa a chamar o espaço de fábrica) e as novas obras. “Pego minha scooter e visito todos os meus negócios todos os dias. Sem ela estou morto”.
Tudo isso sem esquecer de ir religiosamente à fisioterapia toda semana, depois de um acidente grave lhe ter feito perder os movimentos do braço esquerdo. “Sou muito grato pela vida que tenho. Todas as dificuldades que passei, inclusive de saúde, permitiram que eu me reconstruísse”.