Para mim, o dado mais interessante dessa pesquisa é que a maioria dos entrevistados não procurou ajuda de um profissional de saúde. Ao contrário: foi à internet ou conversou com amigos e conhecidos para tentar solucionar a adversidade.
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Esses são alguns poucos exemplos entre outros tantos que podem afetar a qualidade e a quantidade de sono. Até o uso de determinados medicamentos pode comprometer o sono.
Uma ou duas noites mal dormidas não caracteriza insônia. É preciso que o déficit de sono seja recorrente e se estenda por um período considerável de tempo. Acontece que muitas pessoas, muitas pessoas mesmo, querem resolver o problema como um passe de mágica. Dormiram mal, já querem buscar algo que as “derrube”.
O álcool é uma dessas soluções paliativas que muita gente faz uso. Os remédios para dormir são outra. Acontece que, com eles, você pode até achar que resolverá o seu problema, ainda que momentaneamente. Mas comprará outro bem maior: a dependência.
O vício nesses medicamentos pode ser tanto físico, quer dizer, a pessoa, sem eles, simplesmente “frita” na cama ou fica com o sono todo entrecortado, ou psicológico. Essas pessoas ficam, digamos assim, morrendo de medo de não dormirem e voltam a apelar para as pílulas preventivamente. Não se dão nem a chance de se testar sem o remédio.
Se você luta para dormir há muito tempo, busque um profissional de saúde mental. Ele poderá ajudá-lo a identificar qual é o problema que está na base da sua dificuldade e, aí sim, tratá-lo. Geralmente, a qualidade do sono melhora muitíssimo com isso.
O ideal é que você também procure aliar a isso boas práticas do sono, o que chamamos de higiene do sono. Muitos casos de insônia são decorrentes de péssimos hábitos, como ter horários irregulares para dormir e usar aparelhos eletrônicos antes de dormir. Um simples ajuste do seu comportamento é suficiente para melhorar a sua noite.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.