Antes de começar a falar sobre esse tema, quero dizer que espiritualidade e religião não são a mesma coisa. Embora esses dois conceitos tenham uma inter-relação, não são iguais.
A religiosidade é a conexão que temos com uma determinada religião, o que significa ligar-se aos preceitos, às crenças e às práticas que ela propaga e defende. Cada religião tem os seus mandamentos, digamos assim.
Já a espiritualidade é a relação com algo maior do que nós, significa cumprir os nossos propósitos de vida, nos articularmos à nossa essência. A espiritualidade é única para cada pessoa. É possível, claro, encontrar a nossa espiritualidade por meio da religião que escolhemos para nós. O oposto também é verdadeiro. Ao praticar uma religião, podemos chegar mais perto da nossa espiritualidade.
Dito isto, queria falar sobre os dois lados da espiritualidade. Aquela praticada por médicos e aquela praticada por pessoas.
Leia mais: Praticar o simples é cuidar da nossa saúde mental
Quando eu me formei, eu tive a oportunidade de encontrar três instituições que trabalhavam a questão da saúde mental ligada à espiritualidade. Eram instituições muito sérias e muito consagradas que, entre os cuidados médicos que elas prestavam aos pacientes, estava também a questão espiritual. Eu mesmo recebi conforto espiritual de um dos profissionais de uma delas quando tive uma lesão grande e precisei ficar acamado. A generosidade desse profissional serviu grandemente como um apoio psicológico para mim.
A espiritualidade (e a religiosidade também) contribui muito para a saúde mental, porque nos ajuda a lidar com as situações difíceis da vida e traz conforto nesses momentos complicados, fortalecendo o nosso bem-estar, principalmente o psicológico.
Também incentiva a autorreflexão e a busca de uma vida mais significativa a cada um de nós. Isso é essencial quando falamos em saúde mental.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.