De acordo com uma pesquisa com 2.000 adultos norte-americanos, divulgada no início de dezembro pelo CharityRx, um terço da denominada Geração Z consulta o TikTok para obter conselhos sobre saúde e outros 44% recorrem ao YouTube antes de consultar o médico.
No geral, um em cada cinco norte-americanos consulta o TikTok antes de ir ao médico em busca de tratamento para um problema de saúde; a mesma proporção disse que confia mais em influenciadores de saúde do que em profissionais médicos de sua comunidade. Os principais motivos incluem acessibilidade (37%), preço (33%) e identificação (23%). Quase um em cada cinco (17%) disse que recorre a influenciadores para evitar o julgamento de profissionais ou porque não tem acesso a um médico.
“O TikTok é o próximo WebMD”, disse Ellen Rudolph, 28 anos, fundadora da WellTheory, uma plataforma para pessoas com doenças autoimunes que anunciou recentemente ter levantado US$ 7,2 milhões (R$ 37 milhões na cotação atual) em financiamento seed.
Ellen aprendeu, em primeira mão, o poder da mídia social como fonte de informações sobre saúde quando começou a compartilhar no TikTok suas próprias experiências por ter uma condição autoimune. Seus vídeos receberam milhões de visualizações.
“Eu, pessoalmente, experimentei essa mudança dramática nos hábitos de pesquisa em saúde de nossa geração”, disse ela. “À medida que o cenário da mídia social continua a evoluir e mudar, precisamos abrir o diálogo sobre como atender nossos pacientes onde eles estão.”
O QUE DIZEM OS USUÁRIOS
A acessibilidade e a praticidade das redes sociais levaram John Dave, um arborista de Massachusetts, de 32 anos, a usar o TikTok em vez de ir a um médico.
“É mais fácil e conveniente. Tenho acesso limitado aos cuidados de saúde por causa da minha situação financeira, por isso nem sempre posso ir a um médico ou pagar as receitas. Também, nem sempre tenho tempo para marcar uma consulta com um médico em função de compromissos de trabalho e de vida”, disse. “O TikTok também facilita a conexão com pessoas com problemas de saúde semelhantes, o que me dá um senso de comunidade e apoio.”
Eva Keller, 28 anos, encontrou na internet o apoio que não recebeu de seus médicos. A blogueira de viagens da Califórnia disse que está experimentando sintomas “bizarros e inexplicáveis” há pouco mais de um ano. Ela disse que os profissionais que consultou não conseguiram descobrir o motivo.
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É aí que entra o TikTok, segundo Eva. Ela assiste a vídeos de mulheres de sua idade com sintomas semelhantes. Muitas também já foram a médicos, fazem uma consulta, mas depois empacam com o diagnóstico, sem saber o que fazer a seguir. É o mesmo que acontece com Eva, que acabou desistindo de pedir ao médico que fizesse mais testes, inspirada pelo que viu no TikTok.
“Decidi que, ao encontrar mais desses vídeos, faria tudo o que elas dissessem que as ajudou a achar uma cura, ou mitigar seus sintomas da melhor maneira possível. E então ver se isso me ajudaria”, disse ela. “No começo, isso foi parcialmente feito com a orientação de um médico, mas agora apenas decidi ver por conta própria o que funciona.”
USO DO TIKTOK COM RESSALVAS
Kelsey Riley, 30 anos, é enfermeira e desenvolve receitas plant-based a partir de informações e dicas nutricionais nas mídias sociais.
“Adoro usar o TikTok para encontrar essas informações porque é muito fácil de acessar”, disse Kelsey. “Você não precisa agendar, não precisa de plano de saúde e as informações estão disponíveis para qualquer pessoa com uma conta virtual.” Mas Kelsey não confia cegamente no que vê online.
“Você precisa ter certeza de que o indivíduo de quem está obtendo essas informações é uma fonte confiável”, disse Kelsey. “Ao procurar dados nutricionais no TikTok, sempre tenho certeza de obtê-los de um nutricionista registrado, com as credenciais adequadas.”
Fontes de confiança menos objetivas também influenciam as percepções dos consumidores sobre os influenciadores. Cerca de um quarto dos entrevistados disseram se identificar com uma experiência pessoal compartilhada (26%) e o triunfo pessoal do influenciador sobre uma condição de saúde (22%) os tornam confiáveis.
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Mas esses podem não ser os melhores motivos para confiar em outros usuários, de acordo com Matthew A. Dolman, fundador e sócio sênior do Dolman Law Group.
Muitos consumidores entrevistados obedecem esse aviso. Três quartos disseram que verificam os endossos feitos por influenciadores de saúde e 89% acham que é provável que os influenciadores digitais contribuam para a desinformação sobre saúde online. Outros 36% são totalmente céticos, dizendo que não confiam em influencers para fornecer conselhos honestos sobre as marcas que recomendam.
Apesar da descrença e do fato de que apenas 17% dos consumidores entrevistados disseram confiar mais nos influenciadores do que nos médicos para obter informações sobre saúde, isso não impede que muitas pessoas ajam de acordo com os conselhos dos influenciadores. Embora as celebridades tenham sido classificadas como as menos confiáveis para aconselhamento sobre medicamentos, 51% dos consumidores disseram que seu endosso aumenta a intenção de comprar um medicamento ou suplemento.
Para obter bons cuidados de saúde e tratamento adequado, Dolman dá um conselho simples: “Problemas médicos completamente diferentes podem se manifestar com sintomas semelhantes e o curso de tratamento necessário pode diferir muito”, disse ele. “Por isso é vital consultar um médico licenciado pessoalmente ou pelo menos por telemedicina.”