Mas… e se eu te disser que os responsáveis por explicar todo o sucesso de Phelps – e de outros atletas de elite – não são somente a genética e as horas dedicadas aos treinos?
Existem fatores comportamentais que ajudam a melhorar a performance. São atitudes ou estratégias que funcionam, e muito. A boa notícia é que muitas delas podem funcionar também para você – seja nos seus objetivos de treino, perda de peso, ou até mesmo desenvolvimento profissional.
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Abaixo, divido 4 dessas estratégias, ou lições. Em mais de duas décadas atendendo atletas e não atletas, e também profissionais de diversas áreas em busca de melhorias na saúde e no corpo, posso dizer com certeza: essas lições fazem a diferença.
1. Quebrar suas metas em objetivos menores, concretos e realistas
Nem todo atleta treina para bater um recorde mundial. Muitos traçam como meta a classificação para o campeonato ou uma disputa pelo pódio, por exemplo. Essa é uma estratégia boa não apenas para conseguir focar seus esforços, mas também para poder celebrar conquistas e evoluir aos poucos.
Quantas vezes você não criou uma meta ambiciosa que não foi batida? Não há nada errado em ter grandes planos – você precisa deles! O problema é não traçar etapas mais tangíveis e factíveis para chegar lá.
No mundo dos negócios, podemos fazer um paralelo com o famoso plano de metas SMART – acrônimo do inglês para Metas Específicas, Mensuráveis, Atingíveis e Realistas dentro de um Tempo demarcado. Aliás, a Forbes já escreveu sobre o tema.
2. Acompanhar sua jornada – e não apenas o seu progresso
Atletas de elite medem sua performance a cada treino. Isso é crucial pois, a longo prazo, dá uma visão mais correta da evolução pessoal. Porém, muitas pessoas que iniciam mudanças em seu estilo de vida não fazem esse acompanhamento: elas tendem a focar apenas nos resultados que consideram positivos – por vergonha ou medo de se deparar com o que denominam “fracasso”. Isso é um grande erro!
Os dados são sempre nossos aliados. Um ganho de peso num processo de reeducação alimentar, por exemplo, pode ter diferentes interpretações. Pode indicar ganho de massa magra previsto nos objetivos daquela pessoa, ou pode indicar que o plano alimentar prescrito não está adequado à rotina – e precisa ser revisto.
Moral da história: use os dados a seu favor para medir a sua jornada – e não apenas para “validar suas vitórias”.
3. Procurar apoio – não tentar fazer tudo sozinho
Um atleta de alta performance conta com uma equipe multidisciplinar: nutricionista, preparador, fisioterapeuta, técnico… São muitos profissionais focados em garantir ao máximo os resultados daquela pessoa, para seus objetivos específicos. “Tá, mas o que isso tem a ver comigo?”, você deve estar pensando.
Calma. Ninguém que não é atleta precisa contratar 12 profissionais diferentes para atingir seus objetivos de saúde – mas esse exemplo mostra como o apoio de quem tem conhecimento científico é essencial para potencializar esforços.
4. Cuidar da mente – e não apenas do corpo
Em 2019, a NFL, liga de futebol Americano dos Estados Unidos, anunciou que estava adicionando psicólogos ao seus times, reforçando “o inseparável link entre saúde mental e performance”. A NFL não está sozinha: é crescente o número de times e delegações no Brasil e no mundo que contam com apoio psicológico como parte fundamental do seu preparo.
Na verdade, há evidências científicas de que a saúde mental tem papel importante em alavancar resultados dentro e fora de campo. Há mais de 20 anos, por exemplo, a famosa Harvard Business Review publicou um estudo sobre como a alta performance no trabalho pode ser representada por uma pirâmide: a base é a saúde física e os níveis acima são compostos por saúde emocional, mental e senso de propósito.
Em resumo, a sua melhor performance no trabalho, nos treinos, na dieta ou no que quer que se proponha a fazer só será atingida se um aspecto importante da sua saúde estiver em dia: a parte mental. Aliás, importante ressaltar: o próprio Michael Phelps é bastante aberto sobre a sua luta constante contra a depressão e ansiedade – e sobre como um acompanhamento mais próximo de profissionais a partir de 2014 foi essencial para a sua qualidade de vida e retorno às piscinas após uma breve aposentadoria. Alguns anos depois, em 2016 ele participou de sua 5ª Olimpíada, ganhando impressionantes 4 medalhas de ouro e uma de prata nos jogos do Rio de Janeiro.
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