Posso dizer que, além da construção de um currículo como profissional da saúde mental (sou psiquiatra especialista em dependência química), edifiquei um currículo como atleta, do qual tenho muito orgulho.
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Eu não deixei de me dedicar ao esporte, lógico. Para mim – e é o que eu defendo para os meus pacientes e para todas as pessoas -, atividade física talvez seja a commodity mais valiosa quando falamos em cuidados com a saúde mental.
Mas, agora, não passo mais horas em cima de uma bicicleta ou no asfalto. Exercito-me, diariamente, uma hora por dia. Ampliei o meu leque de possibilidades em relação à atividade física e passei a contabilizar na minha calculadora de minutos exercitados até a minha caminhada vespertina com o Franc, meu cachorro. Além da minha hora diária na piscina ou na sala de musculação, no fim do dia caminho mais uma hora com o Franc.
Fechar um ciclo não é esquecer ou negar o que vivemos, mas aceitar que nossa energia criativa, intelectual e física pode ser dedicada a outros projetos. Com isso, vieram novas paixões. Meus netos estão no topo da minha nova lista de interesses. Meu cachorro também. E até a minha relação com a comida mudou: de uma pessoa que só se preocupava em ingerir alimentos saudáveis, passei a me aventurar na cozinha.
Também entendi que era preciso estar mais com minha família. Atualmente, minha semana termina na 5a-feira. Vou para a minha casa de praia para relaxar e curtir com a minha mulher.
Penso na vida como se ela fosse uma roda-gigante. A gente entra, senta na cadeirinha e ela gira rumo ao alto. É o momento de erigir as nossas carreiras, nossa vida esportiva como atletas (para quem se dedica a isso), entre outras coisas. Chegamos a um ponto máximo, a um ápice e, depois, lentamente, a cadeirinha desce. Isso não significa que ela pare no ponto mais baixo, mas que, ao chegar ali, ela dá início a um novo giro. Eu me encontro nesse segundo ciclo da roda, muito feliz e muito realizado.
Gosto demais dessa metáfora porque ela nos ajuda a entender que os ciclos fazem parte da vida, e não só da minha, mas da de todos.
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