Ovos de Páscoa sem açúcar são de fato alternativas mais saudáveis?

14 de março de 2024
Getty Images

Um ovo de páscoa pode ser sem açúcar, mas ter excesso de adoçantes, gordura e sódio para compensar; entenda

Com a procura por alternativas saudáveis para os tradicionais doces de Páscoa, ovos de chocolate sem açúcar têm ganhado bastante popularidade. Mas, será que esses produtos são realmente uma escolha melhor para a saúde?

Vamos começar falando sobre o conceito de “alimento saudável”. Por definição, saudável é tudo aquilo que esteja cientificamente ligado à redução de mortalidade, que seja capaz de prevenir, melhorar e/ou tratar doenças e que tenha como função a melhora da saúde. Os alimentos saudáveis são aqueles que encontramos na natureza, como frutas, vegetais, legumes, castanhas, grãos, proteínas e que em sua composição possuem baixa quantidade de sódio, açúcar e gordura (principalmente saturada). Consumir esses alimentos em quantidades adequadas é capaz de promover a energia suficiente para o organismo realizar suas atividades diárias, auxilia na manutenção de uma composição corporal saudável e reduz o risco de doenças.

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Nesse cenário, simplesmente remover o açúcar de um produto não o torna automaticamente uma opção mais saudável. A complexidade do que é verdadeiramente “saudável” vai além da mera ausência de açúcar, envolvendo um espectro mais amplo de características nutricionais.

Quando os fabricantes removem o açúcar dos ovos de Páscoa, assim como de outros doces industrializados, frequentemente adicionam outros adoçantes para compensar a perda de sabor e imitar o paladar doce que o produto teria se fosse produzido com açúcar. Muitos desses substitutos são polióis (álcoois de açúcar), como sorbitol e xilitol, que podem oferecer menos calorias que o açúcar comum, mas não são isentos de efeitos colaterais. Um consumo excessivo desses adoçantes pode levar a alterações intestinais, resultando em desconforto e inchaço abdominal, além de gases. Para algumas pessoas, esses sintomas podem ser tão severos que qualquer benefício percebido de evitar o açúcar é rapidamente ofuscado pelo desconforto físico.

Além disso, para realçar o sabor e a textura dos ovos de Páscoa sem açúcar, os fabricantes aumentam a quantidade de gordura e adicionam mais sódio, tornando o produto um alimento ultraprocessado. Ao adicionar esses itens há também o aumento da densidade calórica do produto, ou seja, uma pequena porção terá um valor alto de calorias, atingindo ou até ultrapassando as calorias das versões com açúcar adicionado.

Na prática, caso você opte por consumir ovos de chocolate, escolha o que apresenta a menor quantidade de ingredientes (os 3 primeiros ingredientes da lista são aqueles que estão em maior quantidade no produto), que seja adoçado com sucralose ou stévia e ao olhar a tabela nutricional opte pelos que possuem menor quantidade de gordura saturada e sódio.

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É crucial analisar os ingredientes e as informações nutricionais dos produtos, não se limitando apenas ao rótulo “sem açúcar”. Uma alimentação balanceada, que combine prazer e nutrição, é preferível a focar apenas em evitar o açúcar. Portanto, avalie atentamente os rótulos dos ovos de Páscoa sem açúcar, considere as porções e conheça os possíveis efeitos colaterais dos substitutos do açúcar.

Incluir um doce com açúcar de forma ocasional na alimentação não representa um problema. O que realmente importa é a consistência em seguir um plano alimentar adaptado ao seu metabolismo e necessidades individuais. A chave para uma alimentação saudável reside não na privação absoluta de certos alimentos, mas na capacidade de manter um padrão alimentar equilibrado e nutritivo ao longo do tempo.

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*Eduardo Rauen é cofundador da Liti, empresa que dá apoio na jornada para uma vida mais saudável, ajudando as pessoas a perder peso e viver melhor. Com mais de 20 anos de experiência na área de saúde, é médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), tendo se especializado como nutrólogo pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), onde é hoje membro integrante, e em Medicina do Exercício e do Esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.

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