Forbes50+: Theo van der Loo

Apresentado por
17 de junho de 2021
Divulgação

Depois de décadas de atuação na indústria farmacêutica, Theo van der Loo passou a atuar como consultor de diversidade e fundou a startup Natuscience, para o estudo do uso da cannabis medicinal

Filho de holandeses, Theo van der Loo, 66 anos, nasceu no Brasil e desenvolveu um relacionamento profundo com o nosso país. Sua longa e bem-sucedida carreira na indústria farmacêutica teve início por causa dessa conexão. Aos 24 anos, depois de se formar em marketing nos Estados Unidos, recebeu uma proposta de voltar ao Brasil para trabalhar como trainee. “Voltei com US$ 400 e um emprego. Não era a melhor proposta que recebi, não tive nenhum desejo específico de trabalhar na indústria farmacêutica, mas sabia que queria retornar”, lembra.

Entre idas e vindas de países e empresas, muitos anos depois, Van der Loo desembarcou definitivamente em território nacional para ser o primeiro brasileiro a assumir a presidência da Bayer por aqui. Enquanto estava neste cargo, em 2017, uma publicação feita no LinkedIn viralizou. Ele compartilhou a situação vivida por um amigo que, ao buscar um emprego, ouviu de um recrutador que este “não entrevistava negros”. Van der Loo já se preocupava com a questão da diversidade na Bayer havia alguns anos, mas a consciência do seu privilégio e do seu papel na mudança estrutural já existia há mais tempo e veio de casa. Sua família, que sofreu durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu um olhar apurado para o engajamento no ativismo social. “O social do ESG é compliance moral, é o que você deixa para a sociedade. Para muitas empresas, todo mundo é bem-vindo para consumir os produtos, mas não para fazer parte do quadro de funcionários. É necessário reproduzir nos espaços corporativos o que vemos na sociedade”, pontua.

Em meados de 2018, o executivo se aposentou. Não chegou a planejar tudo em detalhes, mas sabia que não ficaria parado porque gosta de estar em ação. Por causa do sucesso na implantação de práticas de diversidade, passou a ser convidado a dar palestras e prestar consultoria, de maneira a sensibilizar para a pauta da inclusão. Van der Loo também realiza mentorias com jovens negros. “Não estava nos meus planos. Eu jamais teria imaginado que estaria ajudando pessoas e dando palestras. O Brasil perde como país com o preconceito, muita gente talentosa não é aproveitada”, afirma.

Mas além do caminho da conscientização sobre a diversidade em empresas, ele ainda assumiu um novo papel após a aposentadoria: o de dono de startup. Van der Loo comanda a Natuscience, empresa que se dedica à pesquisa científica para facilitar o acesso de pacientes e médicos à cannabis medicinal no Brasil. “É um desafio bem diferente. Começar do zero, ir atrás de investidor. Tem sido uma experiência interessante porque, obviamente, muda completamente a rotina. Se numa empresa há uma equipe para cuidar de cada detalhe, agora faço quase tudo sozinho, até mandar motoboy no cartório”, brinca.

A ideia da startup surgiu após o filho conhecer uma plantação de cannabis para fins medicinais nos Estados Unidos. Enquanto lá 38 dos 50 estados permitem o uso da erva como remédio, por aqui, a situação é bem diferente. “Há muito estigma, mas a cannabis medicinal tem um cunho mais científico. O ambiente regulatório brasileiro é muito complexo. Não queremos ser aventureiros, queremos que seja viável e que gere renda”, aponta.

No início de junho, o projeto de lei 399/15, que regulamenta o plantio de maconha para fins medicinais e a comercialização de medicamentos com extratos, substratos ou partes da planta, foi aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados. De acordo com levantamento da empresa de inteligência de mercado de cannabis Kaya Mind, a regulamentação da erva no país poderia gerar 117 mil empregos e movimentar R$ 26,1 bilhões em quatro anos, com arrecadação de impostos no mesmo período estimada em R$ 8 bilhões.

Para o futuro, Van der Loo pretende se mudar para Portugal com a esposa e procurar, sem pressa, uma moradia no país. A ideia é manter um pé cá, no Brasil e outro lá, ja que estar em Portugal permite que ele encontre os irmãos que ficaram na Holanda com mais frequência, assim como outros familiares espalhados pelo mundo. De lá, pretende seguir cuidando da Natuscience e fazer contatos com empresas portuguesas, onde a discussão sobre o tema já está mais avançada – além de finalizar um livro sobre sua história.

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