Dosando risco e cuidado, Claudia Sender chefia a TAM com sucesso

1 de janeiro de 2015

Claudia Sender, presidente da TAM Linhas Aéreas, acredita que começou a se preparar para comandar uma empresa ainda à época de faculdade: “Como filha de médicos, achava que um dia seria também médica. No entanto, acabei por me decidir pela área de exatas, que sempre foi minha paixão, e recebi muito apoio familiar para isso. Meu pai sempre me estimulou a ser uma mulher independente, a caminhar com as próprias pernas. Acho que foi esse apoio que me levou à trajetória que tracei”, conta.

E que trajetória: aos 38 anos, ela é a primeira mulher a comandar uma aérea nacional. Para tanto, formou-se em engenharia química pela Escola Politécnica da USP – mas quando estava prestes a concluir o curso, aos 23 anos, preteriu uma vaga na área química pelo posto de trainee na Bain&Company. Esse foi seu segundo pulo do gato: “Em uma consultoria, você é contratado para resolver problemas complexos dos clientes; esse nível de envolvimento não acontece quando você é apenas estagiário em uma empresa”. Lá ficou sete anos, participando de reuniões estratégicas com executivos muitos cargos acima do seu.

Após essa escola prática, fez outra, dessa vez teórica: um MBA na Harvard Business School. Quando chegou à TAM em 2011, trazida por seu então presidente Marco Antonio Bologna, encarou mais um desafio: a companhia encontrava-se em pleno processo de fusão com a chilena LAN. Foi vice-presidente de marketing, depois assumiu a chamada Unidade de Negócios Doméstica Brasil e, de lá, alçou-se à liderança da empresa em maio de 2013. Passos sempre ousados, passos sempre planejados.

Claudia foi escolhida em março último um dos Jovens Líderes Globais do Fórum Econômico Mundial de Davos. Ela é uma dos apenas quatro brasileiros a fazer parte desse grupo, o qual conta com 215 pessoas de todo o planeta. “Quando eu ainda era gerente, alimentava uma grande ansiedade em ascender profissionalmente, achava que já estava pronta. Tive convites para assumir a diretoria de empresas que não necessariamente tinham a ver com meu plano de carreira.

Hoje, vejo que ter apostado na companhia que acreditava em mim, ao invés de pensar apenas em galgar cargos, valeu a pena”, lembra ela. E, por fim, uma questão de ordem prática: com os aeroportos tão cheios, como se explica a situação delicada de caixa que hoje acomete várias empresas brasileiras de aviação? “Estamos diante de um desafio logístico de grande magnitude neste momento de expansão das viagens. Nos últimos dez anos, a aviação brasileira triplicou seu número de passageiros. Isso é fruto de muito investimento em eficiência por parte das companhias e da entrada de milhões de pessoas na classe média. O tráfego aéreo mais intenso exigiu soluções que tornassem a operação mais segura e eficiente. A infraestrutura precisava acompanhar o ritmo acelerado do crescimento, o que não aconteceu.

Os custos fixos também são altos – no Brasil temos o segundo combustível de aviação mais caro do mundo, além de uma exposição muito grande à taxa de câmbio. Quando o dólar sobe, mais de 60% dos nossos custos crescem na mesma proporção”, explica ela, com um conhecimento de causa próprio de quem acumula não só anos, mas também – e sobretudo – conhecimentos e conquistas