FORBES Brasil: Você é um dos cofundadores da B Capital Group. Qual o seu maior foco hoje?
Eduardo Saverin: Prossigo com uma das minhas paixões mais profundas: investir e trabalhar com empresários inovadores em todo o mundo. Embora eu tenha meus próprios investimentos, dediquei os últimos anos a uma nova plataforma, a B Capital. Com o meu parceiro Raj Ganguly, apostamos em empreendedores capacitados em construir a próxima geração de empresas inovadoras de tecnologias e em trabalhar de perto com as equipes para acelerar o seu caminho para o mercado. Este é um momento incrível para a tecnologia: a inovação está se tornando cada vez mais global, e ainda não percebemos 1% do verdadeiro impacto que ela terá sobre o mundo.
Pelos seus investimentos mais recentes, você aposta alto no mercado do sudeste asiático. Por quê?
Embora os EUA continuem sendo a tradicional âncora da inovação, tenho visto cada vez mais ideias interessantes na Ásia. O investimento na indústria de empreendedores de tecnologia em todo o mundo tem me animado. Vou continuar a fazer isso por meio da B Capital.
Você também tem investido em uma série de startups desde que cofundou o Facebook. Como você as escolheu?
RANKING: 70 maiores bilionários do Brasil em 2016
Quais lições você aprendeu no mercado de trabalho e permanece utilizando?
O mercado é algo inteiramente cíclico, mas, para ser um investidor de sucesso, é preciso ter uma aguçada visão a longo prazo, principalmente para as empresas que ainda estão em crescimento. Eu acredito verdadeiramente que estamos apenas no início da revolução tecnológica, e que as inovações daqui pra frente serão extremamente impactantes em todas as áreas de todas as indústrias ao redor do mundo. No entanto, é importantíssimo que aqueles que já tenham tido contato com a tecnologia ajudem a democratizá-la e façam isso de forma que se entenda que ela não é útil apenas para as mais altas camadas sociais.
Sou bastante humilde em relação ao que aprendo com cada empreendedor, negócio e investimento. Minhas capacidades de investidor, hoje, certamente envolvem muito de cada uma das experiências que tive: ter testemunhado meu avô construir um negócio próprio enquanto eu era apenas uma criança no Brasil, a criação de um negócio tecnológico num pequeno dormitório dos Estados Unidos, e, claro, trabalhar e investir em grandes nomes de todo o mundo.
Quando você ajudava a criar o Facebook, tinha alguma ideia de que poderia se tornar uma das maiores companhias do mundo? Por que acha que a rede social cresceu tanto assim?
Minha jornada com o Facebook foi uma lição de humildade. Fiquei extremamente entusiasmado ao ver o que a companhia se tornou e o quanto ajudou pessoas do mundo inteiro em conexão e compartilhamento. Naquela época, eu não poderia imaginar tamanho impacto na democratização de vozes e inovação. Resumidamente, o sucesso foi uma combinação de sorte, timing e trabalho duro. Tenho bastante orgulho em fazer parte dessa história, ainda que o time atual mereça um crédito enorme por fazer crescer, aperfeiçoar e adaptar a rede aos dias de hoje. A intenção sempre foi colocar no mercado um produto perfeito, que digitalizasse e transferisse a interação que sempre existiu no mundo físico. O Facebook foi mantido apto para o mercado, apesar de superexpandido. Certamente, o feedback dos usuários teve contribuição importantíssima para que hoje a rede social fosse tão de primeira linha para comunidades pequenas ou mundiais.
Você ainda tem algum papel no Facebook? É um usuário da rede?
Continuo um grande acionista e um ávido usuário. Compartilho minha vida pessoal com entes queridos e, entre outras coisas, notícias e conteúdo de tecnologia e inovação com empreendedores pelo mundo.
O que você acha do fato de o Brasil ser o terceiro maior mercado para o Facebook no mundo?
Quais outras mídias sociais você usa? Você poderia ranquear as mídias sociais que você usa mais frequentemente?
Também uso o LinkedIn. Não sou um usuário tão ativo do Instagram, mas vejo minha esposa usando o aplicativo o tempo todo!
Você veio de uma família de homens de negócios. Quais as lições que você aprendeu com seu pai e seu avô?
VEJA TAMBÉM: Investidor processa Eduardo Saverin e outros executivos por falência de startup
Tem planos para investir ou começar um negócio no Brasil?
Tomo uma perspectiva global para investimento em tecnologia, então, definitivamente, procuro investir e contribuir com o ecossistema brasileiro de startups. Há uma enorme quantidade de oportunidades no Brasil e estou sempre ansioso para ouvir os empreendedores.
Eu sou, em primeiro lugar, um homem de família. Aprecio cada momento com eles, incluindo viajar e descobrir novas lugares com minha esposa. Também sou um grande fã de meteorologia, especialmente previsão de furacões, e amo jogar xadrez.