Artistas recebem US$ 9,1 bilhões em direitos autorais, mas lutam por mais

28 de novembro de 2016
Jean-Michel Jarre

Jean-Michel Jarre, CEO da CISAC e pioneiro em música eletrônica, reivindica maior valorização dos direitos autorais de artistas (Getty Images)

Músicos, atores e outros artistas estão ganhando um valor recorde de US$ 9,1 bilhões em direitos autorais por ano. Essa é a boa notícia que surgiu durante o feriado do Dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos. Apesar disso, o número veio com uma advertência de que eles merecem receber mais. Os serviços digitais estão sendo considerados culpados por não estarem valorizando devidamente o trabalho dos artistas.

A questão, que ainda tem um valor desconhecido, é o quanto os artistas estão perdendo. O que pode ser dito é que o grupo industrial CISAC (Confederação Internacional de Sociedade dos Autores e Compositores), que compilou as estatísticas para o seu relatório de 2016 da Global Collection, está dizendo que uma ação reguladora é essencial para essas pessoas.

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O presidente da CISAC e pioneiro em música eletrônica, Jean-Michel Jarre, já falou essa situação neste ano. Em uma entrevista, ele afirmou que “isso não é um assunto que devemos reclamar porque agora estamos entrando em uma era completamente nova. Nós nunca escutamos tanta música. Algumas companhias digitais valem bilhões e, ainda assim, a maioria dos artistas no final do ano recebe o valor do preço de uma pizza sem pepperoni. Então, isso é algo que precisamos reajustar, precisamos reinventar um modelo de negócio para os artistas do século 21”.

Fundada em 1926, a CISAC, com sede em Paris, representa os interesses de criadores ao redor do mundo. Ela agrega dados financeiros das 239 sociedades membros, que representam mais de 4 milhões de criadores em 123 países de todos os repertórios artísticos. Eles incluem música, trabalhos de audiovisual, teatro, literatura e artes visuais. A CISAC é não-governamental, sem fins lucrativos e se descreve como um diretor de marketing (CMO) de liderança do mundo, também conhecida como uma organização de gestão coletiva.

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O relatório da CISAC de 2015 mostra que os direitos autorais desses criadores cresceram um terço, atingindo um recorde de US$ 8,6 bilhões, um aumento de 8,9% em comparação com 2014, e atingiu o marco de US$ 8 milhões pela primeira vez. Os músicos arrecadaram quase 90% desse valor (US$ 7,5 bilhões), um aumento de 8,5% em comparação ao ano anterior. Os direitos autorais do audiovisual subiu 15,1% para US$ 574 milhões, com a maior parte desse valor arrecadado na Europa. Os direitos autorais das artes visuais aumentaram 27,4%. Esse é o maior crescimento para o menor setor, que vale apenas US$ 181 milhões.

Os serviços suportados por anúncios pagam aos criadores um valor significativamente menor do que os outros modelos de negócios para música online, em todos os mercados-chave, de acordo com o relatório.

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Pela primeira vez, o relatório compilou os dados dos membros da CISAC com números revelados pelos principais editores de música do mercado digital em mercados-chave, como o Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha e Suécia.

Os comentários da CISAC coincidem com os de muitos artistas, como Nikki Sixx e Deborah Harry of Blondie. Sixx, entre outros artistas, afirmou que a falta de renda tornará o mercado muito difícil para novos artistas fazerem uma carreira na música. Eles culparam o Google e o Youtube, em especial. Entretanto, o Google respondeu que está fazendo muito para aumentar a renda para artistas.

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Por região, a Europa continua a liderar, com 58,4% do total, o que equivale a aproximadamente US$ 5,3 bilhões e um crescimento anual de 3,6%. A América do Norte obteve seu maior crescimento, de 33%, devido às flutuações de taxa de câmbio e a receita da Agência Harry Fox (que agora faz parte do grupo SESAC, uma organização de direitos musicais), que foi acrescentada aos dados da CISAC pela primeira vez. O aumento na África foi de 14,9%, na Ásia-Pacífico de 5,6% e na América Latina e Caribe de 3,7%.