O que o novo embaixador de Trump significa para as relações com a China

12 de dezembro de 2016
Donald Trump

Novo embaixador de Donald Trump pretende estabelecer relação respeitosa e firme com governo Chinês (Getty Images)

Depois do telefonema provocativo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para o presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e dos seus tuítes atacando a China, muitos chineses começaram a se preocupar que uma guerra comercial entre os dois países pudesse ser iminente.

No entendo, depois desses acontecimentos, ele nomeou o governador de Iowa, Terry Branstad, como seu embaixador na China, uma decisão bem recebida por Pequim. Branstad é considerado “um amigo de longa data dos chineses”, além de conhecer pessoalmente o presidente da China, Xi Jinping.

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Caso ele seja aprovado pelo senado, Branstad pode ter um papel muito positivo na relação entre os Estados Unidos e a China.

A população chinesa tem grande apreço pelas relações pessoais. A conexão de Branstad com o presidente Xi remete ao ano de 1985, quando ele, como governador de primeiro mandato de Iowa, hospedou uma delegação chinesa que incluía um oficial desconhecido de 31 anos de idade, que posteriormente se tornaria o presidente da China.

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Vinte e sete anos depois, em 2012, Xi Jinping retornou a Iowa como o vice-presidente da segunda maior economia do mundo e provável futuro presidente da China. Atualmente, Branstad se refere ao presidente chinês como um “antigo amigo”, e vice-versa. Esse tipo de confiança e relação pessoal pode ajudar a abrir portas para o comércio e outros relacionamentos entre os dois países. Atualmente, Iowa é o maior provedor de milho e porco para a China.

A nomeação de Branstad é um sinal dos esforços dos Estados Unidos para abrir o mercado chinês para os bens norte-americanos. As exportações para a China cresceram nos últimos anos, graças ao crescimento da demanda da classe média chinesa. Entretanto, os EUA importam quatro vezes mais produtos da China.

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O presidente eleito, Donald Trump, afirmou que sua administração terá princípios simples, que são “comprar norte-americano, e contratar norte-americano”. Ele vê Branstad como alguém que busca agressivamente a China como um mercado para os produtos agrícolas de Iowa, e quer que o resto do país siga o exemplo.

Entretanto, Branstad ameaçou impor uma tarifa de 45% sobre as exportações chinesas, mas pretende investir em relacionamentos de longo prazo que busquem confiança. A China pode não responder bem a essas atitudes.

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A boa notícia é que a classe média chinesa consome muitos produtos norte-americanos, de as peças da Victoria’s Secret até caminhões da Chevrolet. Centenas de milhares de chineses também viajam todos os anos, seja dentro do território chinês ou fora dele. A China deve aumentar em 6.810 seu número de aeronaves nos próximos 20 anos, uma oportunidade de aproximadamente US$ 1 trilhão para a Boeing.

O Boston Consulting Group, grupo de consultoria norte-americano, prevê que o mercado de consumidores da China gere pelo menos US$ 6,5 trilhões até 2020. Companhias norte-americanas como a Macy’s, Costco e a Target estão fazendo grandes apostas nos consumidores chineses – o maior mercado da história.

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A China vai respeitar a liderança norte-americana caso ela demonstre respeito, seja amigável e firme. Aparentemente, Branstad ouve tanto o presidente chinês quanto o futuro presidente dos Estados Unidos. As companhias podem esperar maiores oportunidades de venda na China.