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O conselho de administração da Thomson Reuters deve se reunir ainda hoje (30) para discutir a oferta da Blackstone pela divisão F&R, segundo as fontes. A unidade fornece notícias, dados e informações analíticas a bancos e grupos de investimento ao redor do mundo. A unidade é responsável por mais da metade do faturamento anual da Thomson Reuters.
A Thomson Reuters informou em comunicado no final de ontem (29) que estava em discussões avançadas com a Blackstone sobre uma potencial parceria envolvendo a divisão F&R. Um porta-voz da Blackstone não comentou o assunto.
As fontes alertaram que um acordo ainda não foi finalizado e que a oferta ainda pode fracassar.
As ações da Thomson Reuters em Nova York exibiam alta de 6,9% às 16h55 (horário de Brasília), avançando ao maior nível desde outubro. Os papéis da Blackstone mostravam baixa de 2%.
Se um acordo for bem-sucedido, a Thomson Reuters ficará ao final do negócio com as divisões Legal and Tax and Accounting bem como a área de mídia da Reuters News, que fornece notícias para terminais financeiros e dados Eikon da F&R, disseram as fontes.
Como parte da oferta, a Blackstone afirmou que a nova F&R a ser criada fará pagamentos anuais de US$ 325 milhões por 30 anos para a Reuters News, de forma a salvaguardar as perspectivas de crescimento da divisão, disseram duas das três fontes. O valor é equivalente a quase US$ 10 bilhões ao longo das três décadas.
A Thomson Reuters, que não informa quanto a F&R contribui para as receitas da Reuters News, não comentou o assunto.
Os curadores aprovaram a compra da Reuters pela Thomson uma década atrás. O presidente da Thomson Reuters Founders Share, Kim Williams, não se manifestou.
Se concluída, a oferta da Blackstone será o maior negócio da empresa de investimentos desde a crise financeira global e colocará a companhia em competição direta com a Bloomberg e com a Dow Jones na venda de serviços de dados, informações analíticas e ferramentas de negociação de valores para o mercado financeiro.
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A família canadense Thomson controla mais de 63% das ações da Thomson Reuters por meio da Woodbridge. A fornecedora de informações financeiras e notícias tem valor de mercado de cerca de US$ 31 bilhões e suas ações são listadas em Nova York e Toronto.
Duas das fontes afirmaram que grande parte dos investidores minoritários da Thomson Reuters, que detêm os 37% restantes da companhia, são favoráveis ao negócio com a Blackstone.
Desde sua criação em 2008, a Thomson Reuters realizou mais de 200 aquisições, mas tem enfrentado dificuldades para integrar alguns ativos, especialmente na divisão F&R, que foi duramente atingida pela crise financeira internacional.
“O progresso que fizemos recuperando a divisão F&R e o futuro potencial dela estão refletidos no interesse da Blackstone”, disse o presidente-executivo da Thomson Reuters, Jim Smith, em mensagens aos funcionários. “Acreditamos que a F&R está bem posicionada na Thomson Reuters, mas poderia ser ainda mais forte com uma parceira como a Blackstone.”
Em 2016, a Thomson Reuters vendeu ativos que considerou como não essenciais, incluindo as divisões de propriedade intelectual e ciência, que foram repassadas para as empresas de investimentos Onex Corp e Baring Private Equity Asia por US$ 3,55 bilhões.