Embraer e Boeing negociam criação de uma terceira empresa

2 de fevereiro de 2018
Divulgação

Nova proposta apresentada pela Boeing não inclui a área de defesa da Embraer (Divulgação)

Embraer e Boeing estão negociando a criação de uma terceira empresa na tentativa de contornarem as condições do governo federal em torno de uma eventual aquisição da companhia brasileira, afirmou hoje (2) uma fonte do governo.

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Uma segunda fonte com conhecimento das negociações disse que uma nova proposta da empresa norte-americana foi apresentada ontem (1) e não inclui a área de defesa da Embraer, que desenvolveu o cargueiro militar KC-390. “A Boeing apresentou ontem uma nova proposta. Ela será estudada e analisada pelo comitê monitora as discussões”, disse hoje a segunda fonte.

As empresas tornaram público em dezembro que estavam discutindo uma aliança depois que as rivais Airbus, da Europa, e Bombardier, do Canadá, acertaram uma parceria em torno dos jatos regionais CSeries, do grupo canadense.

O governo brasileiro detém uma golden share na Embraer, mecanismo que dá poder de veto em decisões estratégicas da fabricante brasileira, como uma eventual aquisição da companhia. “O acordo caminha na direção da criação de uma terceira empresa”, disse a primeira fonte.

As ações da Embraer lideravam as altas no Ibovespa nesta sexta-feira, exibindo às 14h31 valorização de 4,6%. Mais cedo, o papel chegou a subir cerca de 9% com publicação de notícia no blog da jornalista Miriam Leitão, do grupo “Globo”, que afirmou que a Embraer teria aceitado a segunda proposta da Boeing.

Procurada, a Embraer não comentou o assunto até a publicação desta reportagem. A Boeing afirmou no Brasil que estrutura uma possível aliança com a Embraer e que o assunto ainda está sendo estudado.

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A área de defesa da Embraer, apesar de representar apenas 20% da empresa brasileira, é a que desde a década de 1970 tem impulsionado os avanços tecnológicos da companhia e atualmente desenvolve uma série de projetos com forte apelo para a soberania nacional.

Em meados do mês passado, uma outra fonte com conhecimento das discussões tinha afirmado à Reuters que os modelos de parceria entre as empresas poderiam ser um “market agreement”, uma joint venture ou um acerto sobre desenvolvimento conjunto de tecnologias.

Na ocasião, a fonte comentou que as autoridades brasileiras estudaram a fundo outros casos de parceria e também a situação comercial da Boeing. A avaliação obtida foi que parcerias como as que a companhia norte-americana firmou com empresas australianas e britânicas do setor não interessariam serem copiadas pela Embraer por envolveram, em grande parte, prestação de serviços, segundo a fonte.