Enel prevê ampliar investimento na Eletropaulo

5 de junho de 2018

A estimativa é aumentar para US$ 300 mi ao ano entre 2019 e 2021

O grupo italiano Enel prevê aumentar os investimentos na Eletropaulo para US$ 300 milhões ao ano entre 2019 e 2021, uma expansão de cerca de 36% ante o nível de aportes da companhia entre 2015 e 2017, que ficou em US$ 220 milhões, disse a jornalistas o presidente da Enel para o Brasil, Carlo Zorzoli.

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O anúncio vem após a Enel fechar, nesta semana, a aquisição do controle da Eletropaulo por R$ 5,55 bilhões, tornando-se com isso a maior empresa do setor elétrico do Brasil em faturamento.

Os italianos venceram uma disputa aberta pela distribuidora de energia paulista que começou ainda em março e envolveu ofertas de aquisição apresentadas também pela Neoenergia e pela Energisa.

A oferta vencedora da Enel pelo negócio foi de R$ 45,22 por ação contra os R$ 39,53 apresentado pela Neoenergia, que é controlada pelo grupo espanhol Iberdrola.

O lance da Enel inclui, ainda, o compromisso da empresa de realizar um aumento de capital de pelo menos R$ 1,5 bilhão na Eletropaulo.

“A Eletropaulo, na nossa opinião, não realizou todos os investimentos que precisava para manter o nível de qualidade do serviço, então, com a aquisição temos um plano, que vai investir US$ 900 milhões entre 2019 e 2021 para melhorar a qualidade do serviço e a digitalização”, disse Zorzoli.

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A Enel já ficou com cerca de 73% da Eletropaulo após um leilão ontem (4), no qual a companhia apresentou sua proposta aos acionistas da distribuidora.

Agora, os acionistas da Eletropaulo que ainda não venderam seus papéis terão até 4 de julho para decidir se querem negociá-los com a Enel pelo mesmo preço do leilão.

A Enel Sudeste, subsidiária da companhia no Brasil, financiará a aquisição com um financiamento bancário de curto prazo organizado e garantido por sua controladora, a Enel Américas, no Chile.

Segundo Zorzoli, a companhia está pronta para comprar até a totalidade da Eletropaulo se necessário, e o financiamento será feito em reais, para que a empresa não assuma risco cambial. A operação terá prazo de 9 a 18 meses, com possibilidade de pré-pagamento.

“Essa dívida não vai para a Eletropaulo, é o financiamento da compra. E vamos ainda fazer o aumento de capital que vai fortalecer o patrimônio da Eletropaulo… Acreditamos na necessidade de ter uma distribuidora em São Paulo com um balanço, um patrimônio, mais forte, para poder fazer frente às necessidades futuras”, disse.

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Analistas da Brasil Plural disseram, em nota, que a proposta da Enel representa uma relação de 2,7 vezes entre o valor da Eletropaulo e sua base de ativos, a mais elevada já paga por um ativo de distribuição de energia no Brasil desde 2016, quando a corretora começou a cobrir o setor.

Apesar do elevado valor, Zorzoli disse que avalia que a transação envolveu um “preço justo” e dentro dos níveis previstos pela Enel.

“A companhia tem capacidade financeira para fazer essa aquisição sem problema nenhum, mas também tem a capacidade de seguir investindo, e não só no Brasil… Pode parecer um preço elevado, mas não compramos a companhia para ela ser como está hoje”, apontou.

Ele disse que a Enel espera agregar conhecimento e tecnologia às operações da Eletropaulo, além de sinergias com suas operações globais de distribuição – o que deve permitir a compra de equipamentos a preços mais baixos, por exemplo.

PLANOS

O executivo disse que a Enel ainda está de olho nas oportunidades futuras de ganhos que surgirão conforme a tecnologia de carros elétricos avançar no Brasil e com um esperado crescimento do mercado livre de eletricidade, no qual grandes clientes podem negociar a compra diretamente com fornecedores.

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O governo brasileiro tem prometido realizar uma reforma no setor elétrico que abriria gradualmente o mercado livre para novos clientes, inclusive os residenciais, o que é previsto para o final da próxima década.

“Em São Paulo, vemos essa área além da concessão de distribuição. É uma oportunidade para o desenvolvimento comercial fora do mercado regulado… É uma plataforma para desenvolver nosso negócio”, afirmou.

“Queremos depois oferecer aos clientes livres ou que serão livres nos próximos anos a chance de comprar energia no mercado junto à Enel”, adicionou.

A Enel opera distribuidoras no Rio de Janeiro, no Ceará e em Goiás, além de possuir ativos de transmissão e geração, com destaque para fontes renováveis.

“A história da Enel no Brasil não acaba com a Eletropaulo, a gente segue mirando oportunidades”, afirmou Zorzoli, que não quis comentar o interesse em ativos específicos.

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Ele afirmou, no entanto, que a empresa pretende seguir com investimentos relevantes na área de energia limpa, onde ocupa posição de destaque como líder em capacidade de geração solar no Brasil.